O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é uma das pessoas mais legais e
carinhosas do universo audiovisual brasileiro. Léo Francisco é jornalista cultural, cinéfilo, assessor de
imprensa, podcaster, fã de filmes da Disney e desenhos animados num geral.
Escreve sobre cinema e Disney há
mais de 18 anos e começou a trabalhar com assessoria de imprensa em 2010
passando pelas principais empresas independentes do Brasil. É criador do site Cadê o Léo?! (http://www.cadeoleo.com.br/),
lançado em 13 de julho de 2002, também tem um podcast chamado Papo Animado e um canal no YouTube, ambos falando sobre
entretenimento.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Então, tudo depende da vontade do que assistir nos cinemas.
Quando quero ver algum grande lançamento, gosto muito de assistir no Cinepólis do JK, nas salas IMAX ou 4DX. Quando quero assistir mais um
filme independente, prefiro prestigiar cinemas de rua como Espaço Itaú Augusta ou Reserva
Cultural, mas também gosto de cinemas de shopping que trazem programação
bem variadas como PlayArte Bristol
(da Paulista), que além de bem localizado tem filmes bem variados, e como o Espaço Itaú Frei Caneca, que também
traz filmes de todos os gêneros. Esses são os que eu mais gosto de ir no meu
dia a dia. Que saudades de ir ao cinema nesses dias de pandemia. :)
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Lembro muito de
quando fui assistir LILO & STITCH
(da Disney) e na semana seguinte SPIRIT: O CORCEL INDOMÁVEL (da DreamWorks), na época de seu lançamento
original nos cinemas, em 2002. Eu era adolescente e tive um estalo, percebendo
que era com isso que queria trabalhar. Com arte e entretenimento. Me sinto
muito feliz e satisfeito de poder trabalhar com filmes que levam cultura para
as pessoas. Além disso, é mágico ver a cara das pessoas saindo de um cinema com
os olhos brilhando após por algumas horas serem levadas a lugares mágicos e
diferentes, que muitas vezes elas não poderiam ir normalmente. É mágico.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Acho que vou ser a primeira pessoa a sair um pouco do óbvio.
Eu teria que citar três diretores que eu amo o trabalho. Primeiro, a dupla de
cineastas e roteiristas Ron Clements
e John Musker, que durante a década
de 90 me apresentaram animações incríveis como A PEQUENA SEREIA, ALADDIN
e HÉRCULES, e me fizeram me
apaixonar por cinema. E claro, recentemente eu adoro o trabalho do Brad Bird, que nos apresentou o
emocionante GIGANTE DE FERRO e RATATOUILLE.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Outra pergunta difícil de escolher um só. Eu diria LISBELA E O PRISIONEIRO, uma das raras
comédias românticas nacionais, que não caem no besteirol de sempre. Tem um
excelente roteiro, bons personagens e uma trilha sonora única. E como não se
apaixonar por Lisbela, que ama cinema como nós e vive como se fosse um filme.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Confesso que não me considero um cinéfilo. Eu acho que
preciso de muitos mais anos e filmes para chegar no nível dos grandes
cinéfilos. Hoje, me considero um apaixonado pelo cinema e pelo que faço.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Não sei dizer, acho que atualmente as redes de cinema tentam
trazer o que mais dá público para cada região. Infelizmente, muitas vezes, por
medo de perder dinheiro, acabam não tentando arriscar e perdem a oportunidade
de lançar um bom filme, pois não acreditam no seu potencial.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Espero que não. Cinema tem cada vez mais se tornado uma
experiência. Ver o filme em casa é uma experiência, ver numa sala com tela IMAX
é outra. Assistir em 4DX é outra. Ver o mesmo filme no cinema com plateias ou
amigos diferentes, também pode nos trazer experiências diferentes. Já fui numa
sessão ano passado, onde durante o filme, chefes de cozinha traziam pratos
baseados no filme, uma outra experiência completamente diferente. Hoje, com a
pandemia, temos a volta dos drive-ins, um novo/velho método, que é uma experiência
completamente diferente de ver numa sala fechada. Cinema não é apenas ver o
filme. Cinema é muito mais que isso.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Hoje, um filme PEIXE
GRANDE E SUAS HISTÓRIAS MARAVILHOSAS. Uma animação MARY & MAX: UMA AMIZADE DIFERENTE.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Claro, cinema para boa parte da população é apenas
entretenimento e não é essencial. Mas temos que lembrar que para outros, meu
caso e também de muitos conhecidos, é trabalho e dependemos dele para sustentar
nossas famílias. Sinto um pouco de falta de empatia e pensar no próximo.
Praticamente tudo está reabrindo aos poucos e de forma segura. Os cinemas estão
reabrindo aos poucos em vários países do mundo também e provando que se formos
com segurança, não tem problema. Acredito que os exibidores brasileiros estão
trabalhando para atender de forma segura o público. E vamos pensar, você
conseguiria ficar de março até a vacina sair sem trabalhar e receber seu salário?
Infelizmente, nosso governo não está ajudando a população e os mercados de
trabalho como deveria. Mas esse é o meu ponto de vista e respeito quem não acha
ainda seguro ir ao cinema.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Claro, se a gente sair um pouco da caixa dos grandes
blockbusteres que apostam nos mesmos formatos para ganhar dinheiro fácil, você
encontra filmes incríveis nacionais, que acabam sendo lançados em circuitos
menores ou chegando direto em digital. Tem muito lixo sendo produzido, mas tem
muita coisa boa também (tanto blockbuster como independente também). É só saber
procurar. :)
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Xuxa! Mentira! Eu
amo a Xuxa, mas ultimamente não vou
ao cinema por causa de artistas brasileiros ou internacionais. Um bom trailer,
uma campanha que desperte minha atenção ou até mesmo a indicação de um amigo é
o que tem ultimamente me feito escolher um filme para assistir.
12) Defina cinema com
uma frase:
Experiência de me desligar da minha realidade por algumas
horas e mergulhar num novo mundo.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Tenho tantas histórias maravilhosas profissionais e pessoais
com cinemas. Acho que a mais traumática até hoje foi quando estava trabalhando
no lançamento de um filme nacional e realizaríamos uma exibição especial do
filme com a presença do diretor e do elenco para um debate. Na hora de liberar
o acesso, as pessoas que não conseguiram o convite invadiram o cinema. Era uma
sala de 300 pessoas e tínhamos mais de 500 dentro da sala. Foi um sufoco
convencer as pessoas a saírem, tanto que rolou até polícia na sessão, para
conseguirmos controlar a situação. O importante, foi que a sessão aconteceu,
mesmo com 2h de atraso, e todos amaram o filme. Mas foi bem cansativo. rs
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Nunca assisti inteiro, apenas a cena final dela soltando o
passarinho e dançando o hino chamado “Pau
Que Nasce Torto/ Melô Do Tchan”. Como não amar as décadas de 80 e 90 e tudo
que foi produzido. rs
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Acredito que não. Como falei, não me considero cinéfilo e
sei muito sobre cinema com a experiência que vou ganhando dia após dia.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Tantos, acho injusto citar apenas um. Os outros ficariam com
ciúmes.
17) Qual seu
documentário preferido?
Confesso que preciso ver mais documentários na vida, mas
recentemente eu assisti Axé: Canto do
Povo de um Lugar e gostei muito. Divertido, informativo e respeitoso.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sou assessor de imprensa, quantas pré-estreias de filmes
nacional já tive que puxar palmas nas salas, pois o público estava tímido. Rs
Brincadeira! Não me lembro, provavelmente já, mas teve um filme “recente”
nacional, que eu quis abraçar os envolvidos. Eu saí tão mexido e encantado com DE ONDE TE VEJO, do Luiz Villaça, com a Denise Fraga e o Domingos Montagner. O filme mexeu comigo no dia e senti que a
mensagem da história era para mim.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Confesso que não sou muito fã do ator, mas gosto dos filmes
da franquia A LENDA DO TESOURO PERDIDO,
da Disney, que lembram e muito os
filmes do Indiana Jones. São sempre os
primeiros filmes que me vem a cabeça, quando falam do Cage.