O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Muriaé (MG). Amanda Guimarães é formada em Letras,
professora de redação e por um acidente de percurso também é redatora. Apesar
de ser uma pessoa das palavras, pela internet afora sempre comentou muito mais
cinema e TV do que literatura. Participou dos finados Miolão e Outra Página
(sites que cultura pop que existiram entre 2010 e 2015), escreveu algumas
críticas pro Curta Curtas e,
atualmente, está só no Maratonista de
Menu (ou também no Instagram @maratonistademenu_),
site voltado para conteúdos de cinema e TV que podem ser encontrados em
plataformas de streaming. Ela, porém, é apenas 50% da equipe, que também conta
com a sua irmã, Nayara Guimarães.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
A minha cidade só tem uma sala de cinema, da qual eu não
gosto muito. O som é bem ruim. Fora isso, a programação dela também não é muito
boa, já que basicamente passa filme da Marvel e as animações mais populares.
Acho que o filme mais diferente que eu vi passando aqui nos últimos anos foi
Inovação do Mal.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Tem que ser no cinema exatamente? Porque eu nunca fui
acostumada a ir por causa do que falei sobre a cidade. Enquanto eu crescia, nem
cinema a gente tinha aqui. Ele abriu quando eu tinha 13 anos. Mas, se puder
simplesmente ser um filme que me fez perceber que o cinema podia ser maior do
que o que eu via na TV aberta, foi Seven
- Os Sete Crimes Capitais.
3) Qual seu diretor favorito
e seu filme favorito dele?
Eu tenho vários diretores preferidos e realmente não sei
escolher entre eles. Mas pra citar um que eu gosto muito, vai o Pedro Almodóvar. E meu filme preferido
dele é Dor e Glória, de longe.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Central do Brasil.
Porque até hoje nenhum me comoveu da mesma forma.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Então, eu posso falar que não me considero cinéfila? haha
Porque não me considero. Pra mim, quem merece esse título de verdade tem um
conhecimento bem acima da média de cinema. E eu nem digo técnico, digo de
várias épocas e vários países. Eu ainda tenho várias lacunas na minha
"formação cinéfila" e aí reluto pra me chamar assim.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Falando pelo da cidade, não. Ou pelo menos uns indicados ao
Oscar passariam por aqui, coisa que não acontece.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Eu duvido demais. E eu acho sinceramente que existe muita
gente disposta a garantir que isso não se perca. Gente da indústria, gente
apaixonada pela arte e até quem só gosta como programa de final de semana.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Amor à Flor da Pele,
do Wong Kar Wai.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não. Mesmo com todos os cuidados, eu ainda sou contra. Uma
coisa é você organizar direito uma cabine com jornalista e um número bem
estipulado de convites. Outra é você convencer o pai de família que foi
praticamente obrigado pro cinema que ele não vai sentar junto com os filhos e a
esposa na sessão. Enfim. Não. O potencial pra dar merda é muito grande.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Enxergo como um cinema que não deve nada pra nenhum outro no
mundo em termos de qualidade. Eu tenho explorado mais o cinema de horror daqui,
que é relativamente recente, e eu tô encantada com o que tô encontrando.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Fernanda Montenegro.
Clichê, mas verdade. E eu tô apaixonada pela Juliana Rojas. Então, daqui pra
frente o que ela fizer, eu vou ver.
12) Defina cinema com
uma frase:
Minha janela pro resto do mundo.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Eu posso contar de quando o dono do cinema devolveu meu
dinheiro porque eu estava com ódio dos adolescentes gritando em uma sessão de Annabelle? Pois é. Tinha um cartaz bem
grande avisando que eles não faziam devoluções. Mas minha cara devia estar
linda de tanta raiva e ele só botou o dinheiro na minha mão e pediu desculpas.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Um marco. Um divisor de águas na minha vida.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Eu nunca soube dessa informação e fiquei meio surpresa
porque pra mim era óbvio que sim. Pra fazer filmes, você precisa conhecer
filmes. Vivendo e aprendendo.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Putz, que pergunta difícil. Eu acho que deve ter sido algum
terror porque eu me ferro muito nessas de gostar de terror. Mas pode facilmente
ter sido Crô porque eu sinceramente
não sei o que eu estava pensando quando assisti.
17) Qual seu
documentário preferido?
Grey Gardens, de
1975.
18) Você já bateu palmas
para um filme ao final de uma sessão?
Nunca aconteceu.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Mandy, sem dúvida
nenhuma.
20) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
Eu costumo ficar mais pelos perfis que acompanho no Instagram
e podcasts. Mas quando leio sites, leio do do pessoal do República do Medo e o Filmes
do Chico.
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