Debutando na carreira de diretor (dessa vez pra valer, já que
havia dirigido um filme feito para TV, Lip
Service, na década de 80), o fabuloso ator William H. Macy reúne um elenco
primoroso para contar uma história dramática sobre um pai em busca de redenção
para um terrível trauma em sua vida. O nova iorquino Billy Crudup foi o
escolhido para ser o protagonista, concorreu pela vaga com outros atores e a
produção do filme não poderia ter escolhido melhor, Crudup emociona em cada
cena, é algo tão tocante que deve gerar todos os tipos de reações do
espectador, sem dúvidas uma das melhores atuações do ano.
Na trama, conhecemos
o confiante e bem sucedido Sam (Crudup), um pai de família que vive
intensamente seu cotidiano fazendo dinheiro com seu estável trabalho. Certo
dia, uma grande tragédia acontece na biblioteca onde seu filho estudava e esse
fato muda completamente o protagonista que se joga no alcoolismo, muda de
cidade e vai morar em um barco bem longe de casa. Passados dois anos, agora
trabalhando como pintor e sem muitas pretensões na vida, Sam recebe de sua
ex-mulher Emily (interpretado pela sempre maravilhosa Felicity Huffman) uma
caixa com alguns pertences do filho e isso o faz despertar para um elo
esquecido que eles tinham, a música. Preso ainda pelos pensamentos doloridos de
seu passado, Sam embarca numa jornada musical, principalmente quando conhece o
carismático Quentin (Anton Yelchin) e resolve criar uma banda.
As canções chegam para Sam de maneira impactante, o aproxima
novamente de seu filho. Eles possuíam uma boa relação mas pouco se viam, esses
pensamentos de nunca poder estar tão presente na vida do filho, de querer
voltar no tempo, praticamente destrói o protagonista por dentro. Conseguimos
sentir toda a angústia e amargura desse grande personagem por conta da
espetacular atuação de Billy Crudup. Com o sucesso que o filme fez em Sundance
e em outros festivais, não será nenhuma surpresa se Crudup aparecer na lista
dos principais prêmios do cinema no ano que vem. Vale também os destaques para
a boa direção de William H. Macy que não resistiu e também aparece no filme, e
para Felicity Huffman que personifica a dor na figura materna.
Tem um grande detalhe nesse belo roteiro que é revelado
somente perto do desfecho, o que faz nós espectadores entendermos melhor toda
aquela angústia e as escolhas que o personagem principal tomou após a tragédia.
As músicas que ouvimos durante toda a fita, possuem uma melodia, uma letra, tão
empolgante que se tornam um antídoto contra qualquer tristeza que possa estar
preenchendo nossos dias. Afinal, a vida não é uma eterna arte de se
reconstruir? Por isso: Respire fundo, conte as estrelas, deixe o mundo rodar
sem você.