28/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #195 - Luiz Joaquim


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Recife. Luiz Joaquim é autor dos livros Celso Marconi: o Senhor do Tempo (2020) e Cinema Brasileiro nos Jornais (2018) e de artigos sobre cinema em diversas publicações, além de editor do site cinemaescrito.com. Dirigiu os curtas Eiffel (2008) e O Homem Dela (2010). É mestre em comunicação e atuou como crítico de cinema no Jornal do Commercio (1997-2001) e na Folha de Pernambuco (2004-2015), tendo ainda coordenado o Cinema da Fundaj entre 2001 e 2017. É vice-presidente da Abraccine e coordena o Bacharelado em Cinema e Audiovisual na Uniaeso.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Cinema São Luiz. O espaço é um palácio de quase mil lugares, inaugurado em 1952. É a única sala do Estado de Pernambuco que, além de ter um ótimo equipamento de projeção DCP, opera também com um projetor analógico 35mm. Seu programador Geraldo Pinho é um craque em curadoria cinematográfica, sabe combinar senso de novidade com audácia estética e temáticas urgentes quando define os títulos a exibir. É também uma programação que privilegia o cinema brasileiro.  

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Superman: O Filme (1978), de Richard Donner. Tinha apenas 8 anos de idade. Ao sair da sessão, eu tinha certeza de que eu poderia voar se desse um pulo com força.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil dizer. Hoje, entre os contemporâneos, ando atento a tudo o que o Nuri Bilge Ceylan faz, e fiquei abobalhado com o seu A Árvore dos Frutos Selvagens.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Caramba. Vou responder essa e me arrepender daqui a 30 segundos. Olha, acho que A Hora da Estrela é um das coisas mais bonitas que já vi. São raros, muitos raros, personagens tão frágeis, humildes e sofisticados como a Macabeia, e tudo o que Suzana Amaral e Marcélia Cartaxo fizeram ali não se traduz com palavras. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É precisar de filmes como se precisa de água. É querer manter o filme em você o máximo de tempo que conseguir. É devorar o filme em tudo o que ele te oferece além dele próprio.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

São poucas as salas assim. Normalmente são salas de excelências e solitárias. Algumas privadas, outras públicas. E no que diz respeito aos multiplex: com exceção do trabalho que o Adhemar Oliveira faz com sua rede do Itaú, todos os complexos são autômatos em programar pipoca sem sal.  

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito nisso. Se acontecer, já não devo estar por aqui. Será bem mais pra frente. Seres humanos precisam de seres humanos. Cinema resolve bem isso.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vitalina Varela, de Pedro Costa.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Pergunta complicadíssima. Ainda não tenho uma resposta para isso. Tendo ao "não", mas gostaria de escutar mais argumentos sobre o "sim".

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

André Novais Oliveira.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É a extensão sonora e visual do que somos resolvida numa tela gigantesca. 

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

No Cine São Luiz, Recife, anos 1980, sessão de Batman, de Tim Burton. Em meio a uma algazarra absoluta da plateia, alguém jogou uma galinha do mezanino sobre a plateia do térreo. Não foram poucos os xingamentos.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Gréia clássica.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

De jeito nenhum. Salvo engano, Gabriel Mascaro não é cinéfilo e é um excelente cineasta.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Poxa, diversos. Lembrei agora de Zohan: O agente bom de corte, mas sei que já vi piores.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Resposta difícil, mas vou responder com um óbvio (que merece todo o respeito de todos nessa Terra): Cabra Marcado para Morrer.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Diversas vezes. Em festivais não é incomum.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Fácil, O Selvagem da Motocicleta. O 2º: Birdy: Asas da Liberdade.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

cinemaescrito.com