21/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #328 - Giovanna Pezzolato


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Giovanna Pezzolato tem 19 anos. É escritora, estudante de cinema e musicista amadora. Tem contos publicados pela Andross Editora, um livro próprio saindo do forno, uma música em todas as plataformas digitais e agora seu primeiro curta-metragem como diretora: Soma.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Meu cinema favorito é o Petra Belas Artes. Eu amo o lugar, as salas, a localização e a programação de lá. Foi nesse cinema que eu assisti meu primeiro filme como aluna de cinema e desde então fui muitas vezes, sempre me rendendo ótimas memórias e experiências.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme "cult" que eu vi foi Psicose do Hitchcock e foi ali que eu percebi que o cinema era também uma forma de arte e que eu faria de tudo para estudar mais sobre.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Como cinéfila, meu diretor favorito sempre foi o Tim Burton, já que desde criança, eu amo os filmes dele. Mais tarde, na faculdade descobri que o que mais me atraia era a forma que o diretor colocava elementos que dariam medo em qualquer criança de uma forma cômica e divertida. Meu filme favorito dele é Os fantasmas se divertem.

 

Já como estudante de cinema, minha maior influência é e sempre será Alfred Hitchcock, pelo fato de suspense ser um dos meus gêneros favoritos e pela forma que o diretor prende a atenção do espectador. Meu filme favorito dele é Janela Indiscreta.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho muitos filmes nacionais favoritos, mas acho que o que mais me chamou atenção até hoje foi As boas maneiras pela maneira que os diretores colocam o terror, a fantasia e as críticas sociais de  forma delicada e criativa. Foi vendo esse filme que eu acabei descobrindo que o cinema nacional podia fazer absolutamente todos os gêneros.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo não é só apenas gostar de ver filmes, é respirá-los no dia a dia e ter a sua rotina transformada por essas histórias.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que os cinemas de rua sim, como o Belas Artes, o Itáu, o Sesc. Mas as salas de cinema localizadas em shoppings acabam tendo uma programação mais comercial e vendida.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu espero que não, mas não temos como saber já que a cada dia as plataformas de streaming crescem mais e atualmente estamos lutando com essa pandemia. Mas sinceramente acho que não, mesmo que diminua, a tendência é sempre existir, talvez até como algo retrô ou vintage.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Um filme que eu não tenho certeza se muitas pessoas assistiram é Suspiria do Dario Argento, um dos meus favoritos também. Recomendo também, Possessão (1981) do Andrzej Zulawski.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que sim, mas seguindo os protocolos de segurança. Inclusive fui algumas vezes no cinema nessa pandemia e estava vazio e higienizado.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que está crescendo cada vez mais e se tornando mais notável lá fora.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Eu com certeza não perco um filme da Anna Muylaert. Gosto muito do trabalho dela e a acho uma grande influência para mim, como uma cineasta brasileira mulher. Também não perco um filme do Kleber Mendonça Filho e acredito que são os seus trabalhos que estão trazendo mais influência as obras brasileiras.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é para mim a forma de arte que mais chega perto da nossa realidade e ao mesmo tempo consegue ser bem distante dela. A maneira com que as imagens e o som contam uma história prendem o espectador até o final da sessão, sendo assim a forma de arte mais imersiva na minha concepção.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não tenho uma história inusitada, mas lembro muito bem da emoção de várias pessoas em uma sala de cinema assistindo ao último filme dos Vingadores. A união que aquela sala de cinema estava e exclamava em cada cena épica de batalha era incrível e foi uma das melhores experiências que eu senti assistindo à um filme no cinema.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Cinderela baiana é um clássico brasileiro que poderia facilmente se igualar a um filme do Adam Sandler.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que assim como nem todo escritor precisa necessariamente ler muitos livros, nem todo diretor precisa assistir muitos filmes. Mas é claro que quanto mais material consumimos e mais estudamos, mais entendemos daquela linguagem artística e mais conseguimos reproduzi-la nas telas.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não sei se foi o pior filme que vi, mas foi o que mais fiquei decepcionada: A noite devorou o mundo. Tinha tudo para ser um filme clichê de zumbi, que não vou negar, gosto muito kkkk, mas acabou se tornando bem pior. Quase não vi zumbis em um filme que tinha basicamente essa temática, além de ter apenas um personagem que nos prendia nem um pouco na história. O filme também era bem lento e demorava para chegar ao seu clímax, se é que teve um.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Como vegetariana, consumo mais documentários sobre essa temática. O meu favorito é A carne é fraca.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Com certeza, o filme que eu mais bati palmas foi O retrato de uma jovem mulher em chamas, a forma com que eu fui impactada foi como se levasse um soco no estômago mas de maneira muito sútil e delicada. Lembro de ter ficado com o enredo na cabeça por semanas.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Eu fico entre Caça as bruxas e A lenda do tesouro perdido.

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Sem dúvidas é o Imdb e o Adoro Cinema.