Tudo acontece por uma razão. Trazendo uma previsibilidade desde seu primeiro minuto, reunindo uma série de situações com uma nada convincente força dramática, o longa-metragem mexicano O Melhor do Mundo se joga numa estrada de mão única com o foco em transformar um conflito paternal em algo leve e descontraído não apagando o caminho sonolento que se mostra presente.
Gallo (Michel Brown)
é um workholic clássico. Produtor de um programa sensacionalista, vive 24 horas
para seu trabalho fato que deixa sua relação com a família muito distante.
Quando sua ex-esposa Alicia (Fernanda
Castillo) entrega um segredo guardado a sete chaves ele embarca em uma autorreflexão
com muitas descobertas, ao lado do único filho, Benito (Martino Leonardi).
Com o foco nos conflitos na paternidade, com situações que
buscam encontrar seus pares na vida real, esse projeto mexicano dirigido por Salvador Espinosa, com roteiro assinado
pela dupla Tato Alexander e Mariano Vera, busca explorar as emoções
geradas pelas histórias que contam. Por ser muitas vezes mirabolante, dentro
das possíveis infinidades de qualquer ficção, deixa de lado as subtramas e
parte para uma narrativa ingênua que acredita na força dos diálogos sobre as
questões que aborda.
Mas transformar em uma bela jornada um assunto cheio de
camadas - se adaptarmos para qualquer dilema real - tendo um protagonista nada
carismático é quase um tiro no pé. A
mescla entre comédia e drama – tendendo mais ao primeiro – logo se torna um liquidificador
descontrolado com ingredientes que mais se afastam do que se encontram. É muito
açúcar nessa água!
Esse é um clássico caso de tentar atingir a mensagem sem
saber costurar o desenvolvimento. O ponto final dessa jornada é trazer
mensagens positiva dentro da certeza de que ‘pai é quem cuida’. Mas até se
chegar lá, uma enrolada trama com muitos respiros testa nossa paciência a cada
minuto.