O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é de Belo Horizonte (Minas
Gerais). Ellen Victória tem 23 anos,
recém formada em cinema pela PUC. Sempre amou cinema, não apenas como uma forma
de expressão da arte mas também como uma forma de interação entre as pessoas,
tanto entre as que produzem quanto as que assistem. Mora com seus pais e sua
irmã mais nova numa região mais simplória de Belo Horizonte desde que nasceu,
deve tudo a eles. Atualmente está desempregada e passa seu tempo fazendo
ilustrações digitais, assistindo a doramas (séries coreanas) e mandando
currículos.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Para ser sincera, apesar de sempre ter tido contato com o cinema,
eu só fui pela primeira vez em uma sala de cinema fora de um shopping quando eu
já estava na faculdade. Quando criança sempre fui ao cinema com a minha família
nos shoppings na região perto da minha casa. Em BH os cinemas de rua mais
conhecidos ficam no centro da cidade, um lugar que passei a frequentar mais
sozinha depois de atingir a idade adulta. Eu já fui no cinema Humberto Mauro e no Belas Artes, as duas vezes por
influência dos meus amigos e da faculdade, que aliás era de cinema por isso a
ida aos cinemas de rua. Mesmo tendo ido poucas vezes, se eu tivesse que
escolher, escolheria o cine Humberto Mauro tanto pelo espaço que é bem
aconchegante, dentro e fora da sala, ainda mais por ser perto do parque municipal,
e também porque a primeira vez que fui lá estava tendo uma programação gratuita
dos filmes do Estúdio japonês, Ghibli,
meu favorito.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Não sou muito de ter diretor favorito, mas se fosse pra escolher,
o diretor que mais gosto dos filmes e já tem um bom tempo é o japonês Hayao Miyazaki, fundador do Estúdio Ghibli e meu filme favorito
dele poderia dizer que é “Howl no Ugoku
Shiro”, em português “ Castelo Animado”
de 2004, mas confesso que amo todos os filmes desse estúdio.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
O Auto da Compadecida.
É um clássico nacional e da sessão da tarde. Acredito que seja meu favorito
porque foi o primeiro filme brasileiro que gostei de assistir. Mas há vários outros
que gostei bastante como Cidade de Deus,
Tropa de Elite, A vida invisível,
Hoje eu quero voltar sozinho, alguns
regionais como Temporada ou No coração do mundo e um dos últimos a
fazer sucesso Bacurau. Todos e muito
mais, obras primas do cinema brasileiro.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Pra mim é o fato de alguém amar o cinema como um todo, e ter
curiosidade sobre tudo que o forma, desde a pré-produção, o porquê e como o
filme foi criado, até a exibição e as críticas recebidas pelo filme(s).
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Os cinemas de rua, que podemos dizer está mais ligado com
filmes independentes, filmes de arte ou cult que ouvimos falar, acredito que
sim, mas cinemas de shopping por ter filmes mais ligados ao entretenimento ao
público, não acho que apenas pessoas que entendem de cinema são responsáveis
pela programação.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Com certeza não. Apesar de os streamings estarem vindo com
força nos últimos anos, ainda mais agora com a pandemia, onde todos assistem
filmes e séries na própria TV sem nenhum tipo de esforço, acredito que as salas
de cinema por estarem ligadas a algo cultural e talvez até ritual, sendo um
lugar onde as pessoas marcam de se encontrar e interagem entre si, o que acaba
sendo um evento, além de tudo ser também um lugar onde a emoção e relação
público e filme é muito mais intensa. Isso não pode ser substituído tão
facilmente, pelo menos é o que acredito.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Nos últimos 3, 4 anos, eu tenho estado muito ligada ao cinema
sul coreano, e descobri, sinceramente, um baú de tesouro que acredito que muitas
pessoas nunca nem sonham em encontrar. Eu poderia indicar alguns clássicos como
“Eu vi o Diabo”, “Memórias de um assassino", “Sra Vingança” ou até
“Parasita” que aliás são todos maravilhosos, mas gostaria de indicar um que me
tocou mais intimamente por causa da narrativa simplista, melancólica e quase
parada, e também pela ousadia da história inserida num contexto conservador que
era e ainda é a Coréia do Sul, estou falando de “April Snow” 2005 do diretor
Hur Jin Ho, estrelando uma das minhas atrizes favoritas Son Ye Jin. Um melodrama
sobre traição, solidão e esperança.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Absolutamente não. Apesar de sentir muita falta, o certo
agora é proteger a sua saúde e consequentemente de todas as pessoas. Por ser um
lugar fechado e que suporta grande quantidade de pessoas, acaba sendo um lugar
muito propício e perigoso nesse momento.
Dias melhores virão, e o tempo que passamos juntos numa sala
de cinema irão retornar, mas para isso devemos seguir com os nossos deveres
para proteger a todos agora.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Desde sua origem, o cinema brasileiro sempre foi muito bem
criticado, tanto dentro como fora do país. Atualmente isso ainda é verdade, mas
o cinema popular, o de entretenimento, camufla isso, e a influência do cinema
estrangeiro ainda é grande no país, tanto na produção como na exibição nas
salas de cinema. Não que o cinema de entretenimento seja terrível, digo isso
porque eu sou uma pessoa que não gostava do cinema brasileiro por achar que só
tinha besteirol, mas que amava (ainda amo) os filmes da Marvel, mas o “cinema
arte ou cinema independente”, como costumava dizer na faculdade, deve ser garimpado,
como em vários outros países, e é senso comum que os filmes com as melhores
qualidades saem desse nicho. Mas isso também depende do ponto de vista.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Como eu disse mais cedo, antes de entrar na faculdade eu não
era fã de filmes brasileiros, por pura ignorância confesso, mas depois de
conhecer mais sobre esse nicho, pode se dizer que a Filmes de Plástico, uma produtora de contagem, foi a que eu mais
assisti aos filmes.
12) Defina cinema com
uma frase:
Contador maestral de histórias, um olho mágico.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Não que seja uma história inusitada, mas é algo que
lembramos sempre que estamos juntos na família. Já faz uns 11 anos, e acho que
foi uma das primeiras vezes que fui ao cinema, bem, pelo menos da que eu me
lembro. Enfim, era férias de fim de ano e juntamos os primos todos pra ir num
cinema bem pequeno num shopping que até já fechou aqui perto de casa, o filme
era Enrolados, 2010. Tem uma parte no
final do filme que a Rapunzel chora sobre o corpo do parceiro José Bizerra e
uma das lágrimas que caiu, forma uma flor de luz linda sobre ele e justamente
nessa parte, meu priminho que na época tinha 4 ou 5 anos, fala bem alto pra
todos ouvirem “O choro dela!” com uma vozinha super fofa! Não é brincadeira,
mas todos na sala riram da reação dele, e foi um riso como se pensassem “Meu
Deus, que fofura!”. Eu gosto muito dessa história porque lembro da sensação boa
desse momento, por ser uma sala bem pequena, e por isso poucas pessoas, quando
todos riram parecia que estávamos todos numa sala vendo tv numa reunião de
família.
14) Defina Cinderela
Baiana em poucas palavras…
Não assisti ainda… foi mal ahaha.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Bem, acredito eu que, a vontade de ser cineasta, a vontade
de querer contar uma história através do cinema, a pessoa deve ter sido
influenciada e impulsionada pelos filmes que assistiu. Meu professor costumava
dizer que a gente aprende a fazer cinema vendo cinema, não há maneira melhor de
aprender na minha opinião, não concorda? Então sim, pra mim, um cineasta que
queira dirigir um filme tem que ser, mas nem que um pouco, cinéfilo.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Já me deparei com muitos filmes ruins, mas o que me vem à
cabeça agora é Deuses do Egito,
2016. Nem terminei de assistir.
17) Qual seu
documentário preferido?
Eu amo documentários, já cheguei a pensar, e ainda penso que
se eu não conseguir trabalhar com filmes de ficção, gostaria então de trabalhar
com filmes documentários. Não consigo escolher um, mas o último que assisti e
gostei bastante foi o Street Food Asia
da Netflix. Eu gosto bastante de ver
vídeos de comida artesanal, e esse documentário além de ter uma fotografia
incrível, a narrativa também é muito boa.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim. Bem que acho que muitos diriam que foi um filme super aclamado
pela crítica de filmes de arte, mas na verdade foi um filme muito popular do
cinema de entretenimento: Vingadores
Ultimato. Como eu disse antes, gosto bastante dos filmes da Marvel.
Acredito que teve outros mas como esse foi um dos últimos filmes que vi no
cinema, infelizmente não me lembro de outro.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Não assisti todos os filmes dele, mas dos que eu assisti o
que mais gostei foi Presságio.
20) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
Pode-se dizer que o Adoro
Cinema, as críticas são ótimas.