O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de João Pessoa
(Paraíba). Sebastião Formiga tem 56 anos. Iniciou sua carreira em 1987 em João
Pessoa. Seguiu sua formação com LUME TEATRO em cursos e oficinas de teatro de
rua, palco italiano, circo tradicional, clown etc. Montando mais de vinte
espetáculos como ator e outros como diretor. Atualmente roteiriza e produz
filmes teatro, ministra cursos de interpretação para cinema, televisão e
teatro. Participou dos longas-metragens: O
SOM AO REDOR, CANTA MARIA, PROMETO UM DIA DEIXAR ESSA CIDADE, DESVIO, POR TRÁS
DO CÉU, O NÓ DO DIABO e VIDA ENTRE
FOLHAS. Curtas: protagonizou três filmes, O HOMEM DE BARRO, REPRESA (Prêmio de melhor ator FEST CINE pe2016)
e GERONIMO.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Cine Banguê.
Porque tem ótimas qualidades técnicas de exibição, conforto e uma ótima seleção
de filmes, localização central e bem ambientado.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Coração de Luto -
Teixeirinha.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Adoro Godard, Antonioni,
os irmãos Dardenne. Mas vou de Federico
Fellini - A Estrada da Vida/Noite de Cabiria. (Difícil escolher.)
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
O SOM AO REDOR. Por
revelar as ruínas de um patriarcado construído às custas do suor e sangue de
trabalhadores. Questionando os reais valores das pessoas ao longo da vida.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Ter tempo e disponibilidade para maratonar nas leituras,
produções e exibições de filmes de várias regiões. Construindo fóruns, debates
e discussões em festivais, mostras, em aulas e em grupos afins.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Não. Em geral são pessoas comuns que simplesmente abrem as
salas e controlam vendas de ingressos e entrada e saídas. Poucos lugares são gestados
por profissionais da área.
7) Algum dia as
salas de cinema vão acabar?
Acho que num futuro próximo. Com o surgimento de novos
aparelhos de exibição gigantes em casa e com as plataformas e canais de
produções e exibições contribui muito com esse fim. Porem tem o lance da vida
social. Onde as pessoas querem sair de casa e encontrar pessoas e viverem
outras sensações. Uma redução.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Cinema Paradiso.
Giuseppe Tornatore.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não! Só salas remotas. Acho que a arte é vida. Não podemos
se contradizer a esse ponto.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Vivemos na eterna descontinuidade do nosso fazer
cinematográfico. Tivemos 16 anos de retomada onde o país inteiro se reorganizou
e produziu milhares obras fantásticas. Desenvolveu-se uma nova forma de se
fazer cinema no país. Dando voz as minorias e oportunidades para todos
registrarem suas histórias nos seus lugares no tempo vigente. Atualmente
estamos órfãos, sem muita perspectiva de grandes obras. Sem apoio não existe
cinema. Morre a história, cala os artistas.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Kleber Mendonça Filho.
12) Defina cinema com
uma frase:
A arte transcendental da vida no tempo e no seu espaço.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Em 91, início de carreira, estávamos em cartaz com um
espetáculo no Rio de Janeiro. Um dia de folga nos organizamos para irmos ao
cinema ver um filme Frances remanecente do movimento Nouvelle vague. Estávamos
aflitos achando que não íamos encontrar mais ingressos. Aquela correria até Botafogo.
Ao chegar no cinema tinha apenas 6 pessoas. Fiquei chocado sem entender como
uma cidade como o Rio de Janeiro não estava ali para ver aquele filme. A partir
daí comecei a ver a realidade da arte no geral. Outro caso. Em 82 na cidade
Pombal ainda existia o CINE LUX. Para entrarem no cinema só de calça comprida.
Tinha rapaz afetado das ideias que ia de short e levava a calça no ombro
colocava na hora de entrar e logo que saia tirava. Nesse tempo tinha o expetor
com a lanterna na mão. Qualquer barulho logo ele focava e ia tomar as
satisfações.
14) Defina ‘Cinderela
Baiana’ em poucas palavras...
Não vi o filme, mas acho que tem seu real valor. Registra
uma história no tempo. Nem tudo precisa ser perfeito, mas ao cruzar as linhas
sociais, veremos a importância da ousadia feminina ao enfrentamento do machismo
e todos os ismos que até hoje insiste em se fortalecer.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não! Conheço muitos cinéfilos que sabem tudo de cinema e
nunca fizeram nada na área. Fazer cinema é um ato de discernimento
técnico, afetivo e até sensorial entre uma equipe com todos estudos, planejamentos
e execução.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Por Trinta Dinheiros. (abafa rsrs).
17) Qual seu
documentário preferido?
O Documentário sobre vida e obra de Leonardo Da Vinci.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
São Vários. Cidade
dos Anjos.
20) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
Não tenho um específico. Vejo muito nos portais dos
festivais, no Google, Filme B, Orange
e outros. Luiz Zanin e Maria do Rosário.
21) Qual streaming
disponível no Brasil você mais assiste filmes?
Netflix.