02/04/2022

Crítica do filme: 'Granizo'


As dores da constatação da imperfeição. Explorando alguns assuntos interessantes dentro de um egocentrismo característico de seu protagonista, o longa-metragem argentino Granizo tem um simpático abre alas conquistando o público já nos primeiros quinze minutos. Consegue explorar as relações familiares, algumas questões sobre narcisismo, paradigmas sobre a ciência e outros ensinamentos. Adicionado recentemente ao catálogo da Netflix o filme que preenche a tela com risos que de maneira leve caminha pelas águas conturbadas da perfeição e do ego para nos mostrar que a simplicidade pode ser o melhor caminho. Protagonizado pelo genial ator Guillermo Francella e dirigido por Marcos Carnevale, repetindo a parceria de Coração de Leão - O Amor Não Tem Tamanho.


Na trama, conhecemos Miguel (Guillermo Francella), um meteorologista que trabalha na televisão faz tempo e agora acaba de ganhar um programa somente seu para falar sobre o tempo. Conhecido como infalível, por nunca ter errado uma previsão do tempo, durante uma dia onde ele fez uma previsão de noite tranquila uma tempestade nunca antes vista na argentina atinge em cheio Buenos Aires. Nos dias seguintes, fugindo da fúria de seus fãs ele resolve voltar para sua cidade natal, córdoba, onde reencontra a única filha, a pediatra Carla (Romina Fernandes).


Ao longo de quase duas horas de fita vamos vendo as escaladas dos conflitos do personagem principal em projeção aos melancólicos obstáculos que precisa ultrapassar quando se vê longe de sua bolha narcisista. Para enxergar melhor o mundo ao seu redor, há o resgate de memórias e laços familiares. Muito distante da filha, hoje já uma médica pediatra que trabalha em um hospital público em Córdoba, os movimentos de Miguel vão deixando aos poucos de ser unilateral. Esse transformação é uma mensagem, um refletir que o filme deixa.


De interessante a explorar um pensar mais objetivo, há um encontro do paradigma entre a ciência e os ensinamentos que não estão nos livros. Mesmo que de maneira superficial, se faz interessante a reflexão. De maneira quase que inusitada, a partir de seu movimento em fugir dos holofotes por conta de seu erro na previsão, o protagonista se choca com um outro método de prever as próximas horas do tempo, algo que aqui no filme acaba sendo uma escada para o mesmo resolver seus conflitos com seu gigantesco ego.