Com um suspense imprevisível e atuações intensas, Terra da Máfia mergulha no submundo do crime organizado britânico, onde diferentes gerações de gângsteres travam um jogo brutal de poder. A série, que chegou discretamente ao catálogo da Paramount Plus, rapidamente se firmou como uma das grandes surpresas de 2025. Criada pelo romancista irlandês Ronan Bennett - também showrunner do recente sucesso O Dia do Chacal - a trama acompanha o confronto entre duas famílias rivais que entram em rota de colisão após um evento trágico que muda toda a calmaria que se mostrava presente.
Conrad Harrigan (Pierce
Brosnan) é um temido mafioso, casado com a enigmática Maeve (Helen Mirren), que comanda os negócios
da família em Londres. Seu eterno inimigo é Richie Stevenson (Geoff Bell), com quem nunca se deu bem
e divide o poder na cidade. Quando o filho de Richie é assassinado de forma
violenta, um banho de sangue vira algo iminente e as atenções se voltam para a
família Harrigan. Nesse momento, entra em cena Harry da Souza (Tom Hardy) um resolvedor de problemas e
leal aos Harrigans.
A origem deste projeto é, no mínimo, curiosa. Inicialmente
concebido como um prelúdio da série Ray
Donovan, o conceito tomou novos rumos e acabou se transformando em uma obra
independente. A decisão se prova acertada: com episódios bem dirigidos, ritmo
firme e um roteiro afiado que conduz o espectador ao clímax a todo momento, a
série mergulha com intensidade em temas como laços familiares, confiança,
corrupção e traição, atropelando qualquer noção de moralidade. Somos guiados
pelo labirinto de poder e influência dos Harrigan, uma família marcada por
segredos e composta por figuras complexas e ambíguas, cada uma lidando à sua
maneira com o peso constante da tensão que os cerca.
O roteiro avança com ritmo consistente ao explorar parte do passado
e os choques do presente por meio de um desenvolvimento de personagens sólido e
bem equilibrado. Ao longo dos dez episódios da primeira temporada, é notável
como o extenso elenco tem espaço para brilhar, com cada personagem ganhando
tempo de tela suficiente para revelar suas camadas e motivações. Sem entregar
tudo de uma vez - possivelmente já pensando em futuras temporadas -, a série
deixa algumas pontas soltas de forma estratégica, abrindo caminhos promissores
para novas jornadas.
Um fator crucial para o ótimo desenvolvimento da trama,
Harry da Souza atua como uma verdadeira carta coringa - transitando por todos
os núcleos da trama. Assim, através de seus passos, acompanhamos uma narrativa
marcada por diferentes formas de violência e pela ruína de qualquer vestígio de
moralidade. Insanidade, traições e a já recorrente decadência do poder se
entrelaçam, tornando-se o eixo central da história. Não é difícil traçar paralelos
com a realidade: lugares onde poderes camuflados tomam o controle,
transformando cidades inteiras em reféns daqueles que realmente comandam nos
bastidores.
Com uma trilha sonora explosiva - que traz entre seus
compositores Matt Bellamy, vocalista
e guitarrista da banda Muse - Terra da Máfia oferece um verdadeiro
intensivão sobre como capturar a atenção do público pelo choque e pela
intensidade. Já renovada para a segunda temporada, a série deixa um leque de
possibilidades em aberto após o desfecho eletrizante de sua primeira season
finale. Com todos os elementos posicionados nesse jogo de poder, tem tudo para
conquistar ainda mais destaque daqui pra frente.