Chegando na segunda parte desse especial, acompanhamos histórias diversas, algumas muito profundas sobre o tema, outras embutidas em subtramas poderosas onde aprendizados sempre chegam como reflexão. Tem filme da Jordânia, francês, canadense, dinamarquês, suíço, polonês, dos Eua, etc. Segue abaixo, 10 filmes sobre Irmãos - Parte II
Minha Irmã (Suíça)
A força do amor entre irmãos e as superações da vida que precisam
enfrentar. A vida não é fácil, é uma estrada complicada, repleta de obstáculos.
Indicado da Suíça ao Oscar 2021, Minha Irmã é um
impacto recorte na vida de uma forte mulher que aos poucos vê a solidez de
alguns de seus pilares desmoronarem incontrolavelmente, desde o estado
complicado de saúde de seu irmão gêmeo até uma crise intensa e amargurada em
seu casamento. Escrito e dirigido pela dupla de cineastas Stéphanie Chuat e Véronique
Reymond. Destaque para a atuação emocionante da atriz alemã Nina Hoss.
Na trama, conhecemos os irmãos gêmeos Sven (Lars Eidinger) e Lisa (Nina Hoss). O
primeiro está com um sério problema de saúde e passa por uma não bem sucedida
transplante de medula óssea. A segunda é uma escritora de peças de teatro que
está com um vendaval de situações importantes acontecendo ao mesmo tempo em sua
vida e precisa ainda ser a principal cuidadora do irmão o que gera nela
terríveis dramas e uma iminente decadência em seu casamento com o marido
Martin.
O foco é na irmã, uma mulher que precisa se virar
para poder conciliar a terrível doença do irmão, a educação de suas filhas,
idas e vindas do seu país de origem até onde seu marido trabalha, as
complicadas decisões do futuro de sua família com a oportunidade que chega ao
seu marido. Os desenrolares das escolhas dessa forte protagonista acabam sendo
uma jornada bem bonita de encarar os obstáculos mesmo que para isso precisem
ser tomadas decisões solitárias.
Minha Irmã é um
longa-metragem repleto de amor e de solidão do afeto. Há contrapontos que se
unem em momentos de reflexão, como o fato de uma certa distância da mãe sobre
tudo que acontece com o filho. Nem sempre na vida teremos finais felizes mas
precisamos converter nossas escolhas em soluções vindas de escolhas que vem do
coração. Schwesterlein, no original, nos faz refletir
bastante sobre a vida. Belo filme.
Jungleland (EUA)
O que você escolhe, medo ou
esperança? Falando sobre força de dois Irmãos e seus distantes sonhos em uma
realidade cruel lutando contra a falta de dias melhores, Jungleland, dirigido por Max Winkler (em
seu terceiro longa-metragem) e produzido por Ridley Scott é
um filme forte que mostra a dureza de duas almas nômades sem foco no mundo,
caminhando por uma melancolia diária, que resolvem apostar todas suas fichas em
um torneio de visibilidade no circuito amador de boxe sem luvas, além de serem
obrigados a embarcar em uma missão misteriosa para conseguir pagar uma dívida.
Exibido no Festival de Toronto, o projeto é estrelado por Charlie Hunnam, Jack O'Connell e Jessica Barden.
Na trama,
conhecemos os irmãos Stanley (Charlie Hunnam) e
Walter 'Lion' (Jack O'Connell), que vagam pelas
ruas de uma cidade norte-americana em busca do sonho de serem famosos dentro do
universo do boxe amador. Quando se veem encurralados por uma dívida, são
obrigados a levar Sky (Jessica Barden), que eles não fazem
a mínima de ideia de quem seja, até uma pessoa em San Francisco, em troca disso
tem a dívida perdoada e conseguem a inscrição em um torneio de boxe de alta
visibilidade em San Francisco. Assim, os três entram em uma jornada sem muito foco
que passa por abalos emocionais enormes.
Explorando
o Looping em eternos recomeços, Jungleland,
mostra todo o sofrimento emocional de dois irmãos com poucos pontos de
interseção mas que de alguma forma apresentam uma grande lealdade mútua mesmo
que isso implique em confusões e caminhos que ambos não pensam iguais. Há um
foco marcante na questão da desestrutura familiar, nessa ótica nos apresentam
esporádicos momentos de profundidade sobre o passado dos irmãos e dentro de uma
subtrama pouco explicada que é a trajetória de Sky. As lacunas preenchidas das
consequências dos atos transformam o desfecho aberto em algo compreendido de
quem conseguir ler nas entrelinhas das atitudes de cada personagem em suas
trajetórias. Jungleland é forte, duro e
mostra uma realidade quase dentro de um universo paralelo para muitos que não
conhecem ou não viveram dificuldades na vida.
Meu Verão em
Provença (França)
A
verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.
Depois do ótimo Amor é Ódio no já distante ano
de 2010, a cineasta Rose Bosch volta a direção, dessa vez em um filme muito
bonito que mostra todas as fases de uma família contada de uma maneira
deliciosa. Somando-se a isso, conta com uma atuação maravilhosa do excelente
ator francês Jean Reno.
Na trama,
conhecemos três irmãos de personalidades diferentes, entre eles um jovenzinho
com deficiência auditiva, que partem, forçadamente, de férias para a bela
cidade de Florença, na Itália, logo depois de um abalo na estrutura familiar
que estavam acostumados. Meio sem saber o que será do destino deles, chegam à
casa de Paul (Jean Reno) e Irene (Anna Galiena), seus avós que não viam a muito
tempo. Por conta de brigas familiares, não conheciam direito seu avô, um
semi-idoso rabugento que vai aprender com a juventude a sorrir novamente.
A primeira
vista, parece que Meu Verão na Provença não
passa de um filme bobinho, aguinha com açúcar, que avançará por clichês durante
todos os 105 minutos de duração. Bem, o filme é muito mais profundo do que
isso. O entrosamento dos atores em cena é um dos pontos de sustentações da
história, que contém uma premissa bem simples, um conflituoso choque de
gerações oriundos, em partes, de escolhas do passado. O desenvolvimento desses
personagens ao longo do filme é delicado e só realmente percebemos o quanto que
a história é cativante no arco final. Alguns podem até achar alguns diálogos
bobinhos mas garanto a vocês, de bobinho esse filme não tem nada.
O foco da
trama gira em torno do personagem de Jean Reno, Paul, um quase velhinho
amargurado, rabugento, que na verdade sofre internamente com saudades de seu
passado underground onde passava dias e dias viajando numa levada Hippie. Como
em time de futebol, no cinema acontece a mesma coisa, quando você tem um super
talento na sua equipe você joga a bola para ele que o mesmo resolve. Jean Reno,
com muita habilidade em cena consegue agarrar o espectador do primeiro ao
último minuto e o melhor de tudo: não decepciona! Sem dúvidas, uma das melhores
atuações deste grande astro do cinema mundial.
Jak Pies Z
Kotem
Temos de
aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos. Dirigido
pelo cineasta nascido no Cazaquistão Janusz Kondratiuk, Jak Pies Z Kotem (sem tradução para o português)
é um projeto que fala sobre as fábulas da vida em paralelo a uma realidade
cheias de razões para não mais se acreditar. Uma relação conflituosa entre
irmãos se transforma em uma jornada de descobertas, onde o brilho dos
personagens está contido em cada cena.
Na
trama, conhecemos os irmãos cineastas Andrzej (Olgierd Lukaszewicz) e
Janusz (Robert Wieckiewicz) que ao longo do tempo nutriram uma relação
repleta de altos e baixos. Agora já na etapa final de vida, Andrzej sobre um
acidente que o impossibilita de ser sozinho e como não há mais ninguém para
ajudar , seu irmão Janusz e sua esposa decidem cuidar dele.
A
relação de entre os irmãos navega pela tristeza e nos conflitos emotivos.
Janusz guiou sua vida através dos sonhos do irmão e sentiu demais uma longa
distância entre os dois que acontece já na chegada do terço final da vida de
ambos. Andrzej , mente muito criativa talvez pelo fato de trabalhar com arte,
após seu derrame só lhe sobra o ato de sonhar e imaginar situações para tudo
que está vivendo e o pouco caminho que ainda precisa percorrer antes de
falecer.
Misturando
um drama profundo com pitadas de comédia, esse longa polonês se destaca pela
alma de seus personagens e pelo ótimo roteiro que nos faz navegar junto a tudo
de emocional que aparece na trama. Sem previsão de estreia no Brasil, o filme é
quase uma relíquia em torno de tantos lançamentos aos longos dos anos.
Nefta Football Club (França,
Tunísia, Argélia)
Nas linhas
da ingenuidade, propósito e razão nunca desaparecem. Um dos indicados ao Oscar
de Melhor Curta desse ano, Nefta Football Club usa
da criatividade de um assunto comum com a fragilidade do olhar ingênuo. Sacada
bastante interessante do cineasta Yves Piat que
entre outros pontos incorpora à sua história a essência do futebol pelo olhar
das crianças.
Ao longo
dos quase 17 minutos de projeção, conhecemos rapidamente dois irmãos que estão
sozinhos andando de moto por uma estrada deserta da Tunísia (próximo à
fronteira com a Argélia) até que eu deles precisa urinar e acaba avistando um
burro com o headphone e uma carga curiosa: um pó branco que, no modo deles
enxergarem, parece sabão em pó. Tentando descobrir ao certo o que é aquele
produto, o mais velho bola um plano para tentar negociar aquilo, enquanto o
mais novo acaba tendo outros planos.
Todo curta
bom precisa ser impactante em algum momento, pois são poucos minutos para se
fazer o público se interessar pelo que acontece em tela. Nefta Football Club
consegue reunir elementos que juntos constroem um desfecho com mensagem
positiva, pra lá de emblemática, onde a pureza e a ingenuidade vencem qualquer
tipo de caminho.
Je
Suis a Vous Tout de Suíte (França)
Não é preciso que a bondade se
mostre; mas sim é preciso que se deixe ver. Em seu primeiro trabalho como
diretora de longas metragens, a atriz, roteirista e cineasta Baya Kasmi traz
para o público uma história repleta de reviravoltas que começa com uma trama
peculiar que gira em torno de uma bondade excessiva em fazer as pessoas se
sentirem bem. Je Suis a Vous Tout de Suíte é
também um complexo retrato familiar que contorna temas como a religião, o
preconceito e as inúmeras maneiras que temos de enxergar as coisas mais simples
da vida.
Na trama,
conhecemos a bela Hanna Belkacem (Vimala Pons), uma assistente de recursos
humanos de uma empresa de vinhos que mora na França onde vive um cotidiano
repleto de situações inusitadas, muitas dessas por conta de sua vontade de
fazer os outros se sentirem bem. Sua família, de descendência argelina, sempre
foi bastante parecida. Seu pai (Ramzy Bedia) é um comerciante que não consegue
dizer não as pessoas, sua mãe Simone (Agnès Jaoui) é uma pseudoterapeuta que
vive tentando fazer sua família viver feliz não importa os acontecimentos
conturbados do cotidiano. Já com seu irmão Donnadieu (Mehdi Djaadi), a relação
de Hanna era de muita proximidade na infância mas aos poucos foi se afatando a
partir de diversas divergências na maioria de enxergarem o mundo ao redor.
Assim, com altas doses de feedbacks explicativos, o filme vai mostrando aos
poucos as novas possibilidades para a protagonista, regada por muito amor de
sua família.
Je
Suis a Vous Tout de Suíte começa um
pouco confuso, talvez por tamanha peculiaridade das cenas iniciais, talvez por
não conseguir realmente mostrar nos primeiros minutos sobre o que seria a
trama. Quem consegue aguentar chegar ao segundo ato, se surpreende com a virada
na trama, que adota flashbacks para explicar o porquê das escolhas de todos nas
suas respectivas trajetórias mas sempre focando em sua protagonista. Podemos
dizer que é uma comédia nonsense, repleta de diálogos confusos mas que de
alguma forma conseguem envolver o espectador. A subtrama mais interessante é a
do irmão da personagem principal e sua curiosa escolha em se converter a
religião muçulmana e adotar hábitos da mesma, talvez a sua maior complicação na
relação com a irmã.
Comédia ou
drama? O filme navega nessas duas trajetórias e tenta uma fórmula mágica de
interação com o espectador que funciona mais do meio para frente.
O Lobo do
Deserto (Jordânia)
A guerra é feita para que os mais fortes vivam, e os mais fracos lutem
pela sobrevivência. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pela
Jordânia, O Lobo do Deserto é um filme
com uma fotografia belíssima, uma direção determinada e atuações concentradas.
A sutileza envolta de situações extremas é a assinatura de Naji Abu Nowar que marca sua estreia na direção de longa-metragem.
Mas, mesmo com ótimas qualidades técnicas, é necessário dizer que é um filme
deveras difícil e para alguns será facilmente esquecido.
Na trama, ambientada em parte do período da primeira guerra mundial,
conhecemos o jovem Theeb (Jacir Eid
Al-Hwietat) um menino, muito apegado com seu irmão, que vive com sua
família na província otomana de Hijaz. Certo dia, um soldado do exército
britânico aparece buscando ajudando para encontrar um lugar. Assim, em meio a
um deserto cheio de perigos, Theeb e seu irmão vão ajudar o soldado e acabam
encontrando uma aventura que fará Theeb amadurecer bem mais rápido que qualquer
outro menino de sua idade.
Com diálogos amadurecidos, personagens convincentes e excelente
tecnicamente, O Lobo de Deserto, instiga no
espectador uma profundidade ampla sobre o contexto para definir as ações e
reações da trama. A descoberta de várias coisas ao mesmo tempo, um precoce
amadurecimento evidente e um espírito indomável do jovem protagonista são
algumas das marcas desta história forte sobre o cotidiano de uma região em
tempos de guerra. O filme não veste o rótulo de comercial, longe disso, prefere
detalhar sua ambientação e conta muito com a força dos poucos personagens que
vemos em cena.
Vencedor do prêmio de Melhor Diretor na conceituada mostra Horizontes do
Festival de Veneza 2014, Naji Abu Nowar brinda o público com uma aula de como
fazer cinema em alto nível usando muita habilidade para contextualizar
complexas situações ambientadas em um passado conturbado de uma região muitas vezes
esquecida por todos nós.
Brothers (Dinamarca)
Na fita,
um militar exemplar, pai de dois filhos, é mandando pela ONU para uma missão no
Afeganistão. Seu irmão mais novo acaba de sair da cadeia e vai morar um tempo
na casa dele um pouco antes desse viajar. Chegando ao local da missão, o
helicóptero em que está, é abatido, e o mesmo é dado como morto. Em contra
partida, seu irmão (um ex-presidiário) começa a ter relação mais tênue com a
mulher do militar desaparecido. Será que o militar morreu? E se ele voltar para
casa e perceber que as coisas estão muito diferentes?
Assim,
conheci Bier (que mais tarde viraria uma de minhas diretoras favoritas) que
desde Depois do Casamento, mexeu
comigo com sua narrativa e modo de filmar bastante interessante que marca pelo
enredo envolvente e a sempre espera pelo desfecho. No longa, mostra-se a dor
impensável de um homem, onde tem que lutar contra muitas coisas que podem até
serem banais comparados à guerra, mas não são.
O trio Ulrich Thomsen, Nikolaj Lie Kaas e Connie
Nielsen atua de maneira impecável, dando um verdadeiro show em cima da
tentativa americana de regravação do mesmo. Lembrando aquela velha máxima
cinéfila: Nada é melhor que o original, salvo raras exceções.
Jo de
Jonathan (Canadá)
Esse filme
canadense é uma espécie de cinema para instituições ou feito mesmo para
campanhas de direção perigosa. O garoto, personagem principal, faz de tudo para
ferrar com sua vida: dirige sem habilitação, pratica muitos assaltos relâmpagos
tudo isso somado à muitas abdominais (cenas que volta e meia aparecem nas
sequências). Aos poucos, vamos vendo a decadência da juventude através das
conseqüências dos atos impulsivos do protagonista.
O jovem
que dá nome à produção vive basicamente à sombra do irmão. Um apaixonado por
carros, não consegue tirar a licença para dirigir legalmente e volta e meia
entra em pegas pela cidade onde mora. Quando entra em dívida por conta de uma
aposta não paga, se une ao seu irmão para um racha que pode quitar essa
situação. Mais os acontecimentos dessa corrida não saem conforme o planejado.
A câmera
estacionada em alguns momentos da trama faz o imaginário cinéfilo trabalhar na
eminência das conseqüências das ações. Modo muito interessante usado pelo
diretor Maxime Giroux (que também assina o
roteiro ao lado de Alexandre Laferrière).
O recurso é uma maneira de fazer o espectador refletir.
Uma
“auto-punição” aflora em Jonathan, interpretado pelo meu xará Raphaël Lacaille. Levando a história para um mar de
estranhas cenas dramáticas.
O longa
lembra um pouco o filme ‘Paranoid Park’, do
genial Gus Van Sant. Esses personagens
que estão em ebulição em seus conflitos internos é o paralelo dessas produções.
Por conta
da conscientização, mesmo tendo que ter um pouco da paciência de Jó, recomendo!
Tudo por
Justiça (EUA)
Até onde vai o controle emocional de uma boa pessoa quando percebe que
seu mundo desabara ao seu redor? Contando uma história para lá de comovente e
sofrida, o diretor Scott Cooper (Coração Louco)
consegue em um único trabalho criar um clima de vingança e tensão poucas vezes
visto nos últimos filmes norte-americanos do gênero ação. Cada sofrimento que
acerta em cheio o protagonista tem uma razão, uma argumentação consistente para
existir e a forma que o protagonista lida com isso é tocante e extremamente
violenta, não deixando o público tirar os olhos da telona num por um segundo.
O foco central do filme é Russell (Christian Bale), o filho boa praça do
paizão Rodney Baze (Bingo O'Malley). Um homem muito querido pela comunidade
onde mora e que leva uma vida pacata trabalhando onde seu pai trabalhou e
sonhando em construir uma família ao lado de sua namorada Lena (Zoe Saldana).
Porém, tudo muda em sua vida quando, após pagar uma dívida de um integrante de
sua família, se envolve em um terrível acidente de carro e vai parar na prisão.
Após anos na cadeia, consegue sair em condicional e logo precisa enfrentar
sérios problemas com a nova realidade que o aguarda, principalmente as
enrascadas que seu irmão mais novo (Casey Affleck) provoca.
Após quatro anos longe das câmeras, quando rodou seu primeiro longa
metragem Coração Louco (que deu a
Jeff Bridges seu primeiro Oscar), o bom diretor Scott Cooper reaparece no
cenário hollywoodiano trazendo de volta a melancolia e a ótima captura do drama
de seus personagens. Com um orçamento de U$$ 22
Milhões, o cineasta apostou no material humano que tinha nas mãos e criou uma
atmosfera de dor deixando seus atores, com muita naturalidade, executarem ao
extremo cada personagem.
O elenco é admirável. O polivalente Woody Harrelson na pele do terrível
bandido Harlan De Groat, Willem Dafoe interpretando o canastrão de bom coração
John Petty e o excelente irmão de Ben Affleck, Casey, contribuem e muito para a
ótima interação do público com todos os acontecimentos que se desenrolam na
trama. Mas quem rouba a cena, mais uma vez, é o protagonista, Christian Bale. O
ganhador do Oscar e o melhor intérprete do Batman de todos os tempos, dá mais
um show de interpretação. O sofrimento de seu personagem é nítido em cada
gesto, cada palavra de Bale. Só por isso, já vale o ingresso do filme.
Uma ótima canção executada pela peculiar voz de Eddie Vedder, logo no
início do filme, já era um sinal que os cinéfilos estariam diante de uma bela
obra. Tudo por Justiça pode ser visto por alguns
como apenas um filme de vingança. Mas garanto, é mais do que isso. A
transformação súbita que passa seu protagonista é eletrizante, se vingar é
apenas umas das armadilhas que a vida coloca em sua frente. Não deixem de conferir
esse belo trabalho que possui muitos ingredientes para conquistar o
público.