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14/11/2015

Crítica do filme: 'Labirinto de Mentiras'

Provável indicado ao Oscar de Melhor filme Estrangeiro na próxima grande festa do cinema, o longa-metragem alemão O Labirinto de Mentiras (livremente baseado em fatos reais) possui um grande recheio de qualidades que vai do seu roteiro muito bem produzido até as grandes atuações que vemos em cada segundo desta bela fita européia. Retratando a busca por justiça para histórias sem punição, envoltos em um passado aterrorizante durante a grande guerra, o diretor italiano Giulio Ricciarelli (em seu primeiro longa-metragem da carreira) encontra uma fórmula cinematográfica muito eficiente em mostrar ao público cada detalhe desta intrigante e comovente história.

Na trama, ambientada no final da década de 50, conhecemos o determinado advogado Johann Radmann (Alexander Fehling, em uma excelente atuação) um jovem procurador que fica responsável em investigar crimes terríveis cometidos por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Conforme vai encaixando as peças nesse aterrorizante quebra-cabeça, Radmann vai encontrando dificuldades para concluir seu trabalho, muito pela pressão incansável que sofre de parte do alto escalão alemão.

Qualquer filme que fale sobre os horrores das guerras mundiais já gera certa expectativa. Apesar de muitos longas-metragens não adicionarem muito no que já vimos em outras películas. Um dos pontos mais positivos desta bela produção, exibida no último Festival de Toronto, é exatamente essa de mostrar novas facetas intrigantes, no caso, focado em uma busca implacável aos nazistas que fizeram crueldades em Auschwitz. Além disso, mostra com eficácia a pressão que o procurador responsável pela investigação sofreu do alto escalão alemão ao longo de todo o processo.

Um fato a se destacar dentro das características do personagem principal é a determinação de suas convicções e quando essas entram em cheque quando ele descobre que conhecidos também eram ligados ao nazismo. Tentando entender todos os argumentos que escuta, o próprio personagem passa por um conflito interno tendo apenas como porto seguro o amor que brota por uma jovem costureira. O público embarca na empatia do personagem a todo momento.   

Com estreia marcada para o dia 17 de dezembro, O Labirinto de Mentiras é um grande filme com grandes atuações. Você não pode perder!


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30/12/2014

Crítica do filme: 'Se Fazendo de Morto'



Como fazer o papel dos outros se você não ouve ninguém? Em seu décimo primeiro trabalho como diretor, o cineasta francês Jean-Paul Salomé apresenta a inusitada história de decadência da profissão de ator mostrados ao público pelos olhos de um teimoso, chato, metido mas bastante empático protagonista. O sempre ótimo François Damiens segura muito bem todas as ‘nuâncias’ de seu complexo personagem.

Em uma região fria da França, um ator que ganhou o Cesar (uma espécie de Oscar do cinema francês) de revelação na década de 80, chamado Jean Renault (François Damiens) que todos não gostam de trabalhar e que está atualmente desempregado, consegue um trabalho inusitado: atuar como ator em reconstituições de crimes. Assim, logo em seu primeiro dia de trabalho enfrenta uma metódica juíza e uma cidade cheia de mistérios, ajudando a polícia a desvendar o assassinato. 

A história é bem construída envolta do protagonista. Possui tons de comédia pastelão, o personagem principal vai ao extremo em diversas características. As sequências de brincadeiras com o nome do personagem principal, Jean Renault com o astro francês Jean Reno são hilárias. O filme possui uma engraçada sintonia com os filmes do Pantera Cor de Rosa, imortalizados pelo Peter Sellers e as levemente intrigantes histórias de Georges Simenon. 

Se Fazendo de Morto tem uma cara de série para televisão. Esse filme pode ser interpretado como um piloto. O personagem tem carisma suficiente para se envolver em muitas histórias parecidas por conta desse novo nicho em sua arte escolhida. Como longa-metragem é um projeto que possui aquele toque mágico francês de transformar bobeirinhas dentro dos diálogos em um filme competente.
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21/04/2014

Crítica do filme: 'Pelo Malo'



“Eu não te amo.” “Eu também tão pouco.” Ouvir esse pequeno diálogo já causaria certo espanto de qualquer pessoa que preza pelo carinho, pelo amor. Saber que isso é fruto de uma discussão entre uma mãe e seu filho causa espanto, causa dor. Vem da Venezuela um dos filmes mais impactantes dos últimos tempos quando pensamos em relações familiares, Pelo Malo.  Dirigido pela cineasta Mariana Rondón, o longa-metragem venezuelano é uma excursão rumo ao mundo dos sonhos daqueles que possuem uma realidade dura, cheia de preconceitos. Nesse caso, o sonhar é viver.

Na trama conhecemos Junior e Marta, filho e mãe que nunca se entenderam. Junior tem nove anos e acha que tem cabelo ruim, e por isso quer alisá-lo para sua foto no álbum de formatura principalmente para ficar parecido com um cantor famoso. O problema é que isso gera mais conflitos com sua mãe, uma mulher sofrida que sofre por angústias e atos do passado. Quanto mais Junior tenta melhorar o visual pelo amor da mãe mais ela o rejeita. Até que a criança é  forçada a tomar uma decisão extremamente dolorosa.

Olhando da sacada do conjunto habitacional onde mora, Junior observa os vizinhos, brinca com sua realidade e sonha. O jovem tem um inusitado desejo de se tornar um cantor de músicas dançantes e de cabelo liso. Seus lapsos de alegria ocorrem quando encontra sua vizinha e quando visita sua avó: alisando o cabelo, cantando e dançando ao melhor estilo Simonal.  O olhar do menino para sua mãe é um olhar de medo, apreensão, em busca sempre de qualquer tipo de aprovação.

A mãe é uma figura importante na trama. Desiludida com a vida que leva, recém-desempregada, viúva, parece muitas vezes descontar todas suas angústias em seu filho mais velho. Ela possui um grande preconceito para com esse filho (pensa que o menino tem tendências homossexuais), e ao mesmo tempo que tenta combater esse sentimento, se sente culpada por não poder ser uma figura materna mais presente na vida dele. A atriz Samantha Castillo está espetacular neste papel, passa uma frieza absurda e deixa o público com o sentimento dividido de raiva e pena.

Andando pelas tumultuadas ruas de Caracas, mãe e filho tentam buscar uma solução para essa relação tão instável. A morte de um sonho, dá um ponto final emblemático e chocante a essa história, deixando apenas os créditos finais dizerem, com uma espécie de final alternativo, o quanto crua e fria pode ser uma relação entre mãe e filho.
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07/10/2013

Crítica do filme: 'A Grande Beleza' (Festival do RJ 2013)



Um dos diretores mais fantásticos do cinema atual Paolo Sorrentino (que dirigiu a ótima atuaçao de Sean Penn no filme Aqui é o Meu Lugar) chega novamente aos cinemas brasileiros apresentando um personagem e seu conflito. Dessa vez, criticando assiduamente a alta sociedade europeia, seus altos e baixos, coloca um recheio de exuberância, luxo, dança e glamour através do olhar do amadurecimento de um homem e seus passeios nas memórias.

Jep Gambardella – interpretado pelo excelente ator italiano Toni Servillo (A Bela que Dorme) – anda e contempla sua cidade, Roma. Sempre muito elegante, com seus ternos caros e seus sapatos de grife, o jornalista (famoso por ter escrito um best-seller) vive diariamente em festas na alta sociedade italiana. Cercado de pessoas e contatos importantes, somos testemunhas de diálogos maravilhosos, repletos de sarcasmo, sentimento e verdades proibidas. Levando sua vida entre um deboche e outro, Jep começa a repensar sua vida quando abordado insistentemente sobre suas próximas publicações.

Coreografias remexendo os quadris, quase um flashmob no melhor estilo macarena, além de um coral afinado anunciam que estamos prestes a entrar em um mundo exclusivo, onde só os poderosos possuem acesso. Conhecemos essa história pelo olhar amadurecido de seu protagonista. Somos jogados para um delicioso passeio dentro da alta sociedade italiana pelo olhar e conhecimento do grande personagem principal, que não deixa de ser um fantástico contador de histórias.

Muitos vão achar que o filme não deixa de ser um resumo de contos de um excêntrico jornalista, acomodado, que começa a ter pequenos lapsos de uma grande mudança em sua vida, oriunda de lembranças de seu primeiro amor. As reflexões e conclusões geniais do Bon Vivant moldam a história escrita por Sorrentino. A perereca soviética, as confissões de um padre quase papa, as girafas que somem, poderiam muito bem ser modelados como contos que juntos formam esse belo filme.

Aos amantes de obras de arte, A Grande Beleza permite um grande tour, exclusivo para príncipes e princesas, por dentro de corredores memoráveis lembrando muito – nestas sequências - o clássico filme do russo Aleksander Sokurov, A Arca Russa. O protagonista fascina pois conhece tudo e todos. Molda seus raciocínios através da larga experiência que possui dentro dessa burguesia dominadora em que vive.

O único defeito do filme é o fato de se prolongar muito no seus últimos atos. Diversas conclusões são repetidas deixando o longa-metragem repleto de densidade. O público quase cansa com toda essa repetição que chega aos nossos olhos em forma de realidade que beliscam as fábulas mais bem contadas. Por sorte, a direção é impecável e a história seduz, dando créditos.

O amor muda destinos, modifica vidas, são dessas escolhas que vivem um ser humano, não há como negar. Sua trajetória só tem um guia, você. Seja quais forem suas escolhas daqui para frente, uma escolha certa é assistir a essa grande história.
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07/03/2013

Crítica do filme: 'Amor é Tudo o Que Você Precisa'


Será que o destino é o fator que define uma história de amor? Escrito pelo competente Anders Thomas Jensen (Em um Mundo Melhor) a nova comédia dramática romântica Amor é Tudo o Que Você Precisa aborda a questão familiar de maneira inconsequentes, tendo como pano de fundo um casamento repleto de confusão. Vocês já viram algo parecido em outros filmes? Exatamente! Para ser diferente, e fugir dos clichês, a diretora ganhadora do Oscar Susanne Bier (Em um Mundo Melhor) peca por não conseguir encontrar o ritmo certo. A trilha de Johan Söderqvist é entusiasta se adequando as sequências, às vezes deixa o filme com ar de fábula o que pode ser uma coisa desinteressante para o público alvo que se propõe o longa.

Amor é Tudo o Que Você Precisa conta a história de dois personagens, um homem e uma mulher, que se encontram de maneira inusitada após uma batida automobilística. O primeiro é um  workaholic norte-americano (que ganha de presentes inusitados ao longo do filme, como um salto de paraquedas e um sapato de salto alto para dançar tango), Executivo do ramo alimentício, viúvo, que vive triste e solitário. A segunda é uma cabeleireira que perdeu os cabelos por conta do seu tratamento contra um câncer. Os dois vão se encontrar de maneira inusitada após um acidente de carro e vão juntos até o casamento de seus filhos.

A personagem Ida, de longe, é a que mais sofre com as inconsequências dos outros personagens. Uma mulher que está lutando contra um câncer e surpreendentemente flagra o marido com uma funcionária no sofá de couro de sua casa. Tem um filho que vai para a guerra e uma filha prestes a se casar. Raspar o cabelo, nadar como veio ao mundo e um enquadramento de nu frontal estão completamente dentro do contexto. Nada é gratuito. Uma doação tocante da atriz Trine Dyrholm (O Amante da Rainha).

Bom ver o ex-James Bond Pierce Brosnan (Não Sei Como Ela Consegue) depois de muito tempo se associando a filmes ruins, resolver dar uma guinada na carreira. Já é o terceiro filme de drama, sendo competente em seu papel, que lança em pouco tempo (os outros foram Lembranças e Em Busca de uma Chance). Os cinéfilos agradecem.

As situações dramáticas que cocorrem no casamento levam o público a tomar partido de alguns personagens. O roteiro gira em torno da personagem principal feminina. Exagerado nos dramas pessoais e abrindo brecha para que alguns sonhos virem realidade, o que acaba deixando o filme previsível, do começo ao fim. Não há um diferencial de Bier nesta direção. Seu olhar precisava das inusitadas situações que ocorriam em seus outros filmes, mas nesse caso, como no filme Coisas que Perdemos pelo Caminho (2007), não há muita química em cena, por mais que seus dois protagonistas tentam a todo tempo envolver a plateia exalando o carisma de seus personagens.

Dessa vez, Bier não acerta mas não deixa de ser um filme que pode emocionar alguns. Um clássico filme raso, estilo sessão da tarde.  
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22/01/2012

Crítica do filme: 'O Acompanhante'

Com um roteiro bastante afiado (mesmo sendo um pouco complicado), assinado por Paul Schrader (um dos roteiristas do fantástico ‘Touro Indomável’), nos surpreendemos a cada cena, entre os bons diálogos que o personagem principal possui. A trama é envolvente, temperada com pitadas de clima Noir. Para dar vida ao protagonista, um veterano artista que sempre surpreende com seus personagens fantásticos, tornando essa fita um caso onde a interpretação chama mais atenção do que o filme propriamente dito.

A história é focada em Carter Page III que é uma espécie de playboy que tem como passatempo preferido acompanhar mulheres (com esposos importantes) na compra de um tapete ou simplesmente em partidas de baralho. Ele vive em clima de romance com um paparazzi da cidade. Quando é envolvido em um caso de assassinato, exatamente por confiar demais em uma dessas mulheres que sempre está junto, tem que provar sua inocência custe o que custar.

Woody Harrelson praticamente toma ao filme para ele. Entre um diálogo melhor que o outro seu personagem, debochado por si só, rouba a cena sempre que aparece. O modo de falar e o jeito de se expressar são muito bem conduzidos pelo grande ator em cada tomada. ‘O Acompanhante’ é um dos melhores trabalhos do artista americano.

Kirsten Scott Thomas é a coadjuvante de luxo. Sempre faz a alegria de cinéfilos, com ótimas atuações em seus personagens enigmáticos e cheios de sentimentos guardados (na maioria dos casos). Dessa vez não é diferente, sua personagem Lynn Lockner possui a chave para o entendimento completo da história. Coloca o personagem de Harrelson em uma trama que não sabemos se é de propósito ou por defesa. É um grande conflito que é levado até o desfecho, bastante simbólico, da fita dirigida por Paul Schrader

É um longa que reúne ótimas atuações, esquecidas nos imensos acervos de algumas das melhores locadoras de sua cidade. Alugue e comprove! Recomendado!
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