Um dos diretores mais fantásticos do cinema atual Paolo
Sorrentino (que dirigiu a ótima atuaçao de Sean Penn no filme Aqui
é o Meu Lugar) chega novamente aos cinemas brasileiros apresentando um
personagem e seu conflito. Dessa vez, criticando assiduamente a alta sociedade
europeia, seus altos e baixos, coloca um recheio de exuberância, luxo, dança e
glamour através do olhar do amadurecimento de um homem e seus passeios nas
memórias.
Jep Gambardella – interpretado pelo excelente ator italiano Toni
Servillo (A Bela que Dorme) – anda e contempla sua cidade, Roma. Sempre
muito elegante, com seus ternos caros e seus sapatos de grife, o jornalista
(famoso por ter escrito um best-seller) vive diariamente em festas na alta
sociedade italiana. Cercado de pessoas e contatos importantes, somos
testemunhas de diálogos maravilhosos, repletos de sarcasmo, sentimento e
verdades proibidas. Levando sua vida entre um deboche e outro, Jep começa a
repensar sua vida quando abordado insistentemente sobre suas próximas
publicações.
Coreografias remexendo os quadris, quase um flashmob no
melhor estilo macarena, além de um coral afinado anunciam que estamos prestes a
entrar em um mundo exclusivo, onde só os poderosos possuem acesso. Conhecemos
essa história pelo olhar amadurecido de seu protagonista. Somos jogados para um
delicioso passeio dentro da alta sociedade italiana pelo olhar e conhecimento
do grande personagem principal, que não deixa de ser um fantástico contador de
histórias.
Muitos vão achar que o filme não deixa de ser um resumo de
contos de um excêntrico jornalista, acomodado, que começa a ter pequenos lapsos
de uma grande mudança em sua vida, oriunda de lembranças de seu primeiro amor. As
reflexões e conclusões geniais do Bon
Vivant moldam a história escrita por Sorrentino. A perereca soviética, as
confissões de um padre quase papa, as girafas que somem, poderiam muito bem ser
modelados como contos que juntos formam esse belo filme.
Aos amantes de obras de arte, A Grande Beleza permite
um grande tour, exclusivo para príncipes
e princesas, por dentro de corredores memoráveis lembrando muito – nestas sequências
- o clássico filme do russo Aleksander Sokurov, A Arca Russa. O
protagonista fascina pois conhece tudo e todos. Molda seus raciocínios através
da larga experiência que possui dentro dessa burguesia dominadora em que vive.
O único defeito do filme é o fato de se prolongar muito no
seus últimos atos. Diversas conclusões são repetidas deixando o longa-metragem
repleto de densidade. O público quase cansa com toda essa repetição que chega
aos nossos olhos em forma de realidade que beliscam as fábulas mais bem contadas.
Por sorte, a direção é impecável e a história seduz, dando créditos.
O amor muda destinos, modifica vidas, são dessas escolhas
que vivem um ser humano, não há como negar. Sua trajetória só tem um guia,
você. Seja quais forem suas escolhas daqui para frente, uma escolha certa é
assistir a essa grande história.