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17/10/2025

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Crítica do filme: 'A Vizinha Perfeita'


Com uma narrativa brilhante, que encontra enorme coesão na sua montagem, o novo documentário da Netflix, A Vizinha Perfeita, detalha uma tragédia real e chocante que atingiu em cheio a cidade de Ocala, no Condado de Marion (Flórida). Dirigido pela cineasta Geeta Gandbhir, o projeto – que prende a atenção desde seu início até o sufocante desfecho - levanta questões importantes sobre preconceito racial, leis de legítima defesa e o papel da polícia, chegando em um recorte profundo sobre a sociedade norte-americana.

A partir de desentendimentos – que já duravam semanas – entre vizinhos e uma específica moradora da região, acontece um fato mortal. Tendo esse episódio como pontapé inicial, acompanhamos uma cronologia de acontecimentos bem detalhada, apresentada sob diversos pontos de vistas. Aos poucos, sem perder o ritmo e tensão, somos guiados até os horrores de um caso que chocou os Estados Unidos alguns anos atrás.

O antes, o ocorrido e o depois. Exibido no Festival de Sundance deste ano, esse True Crime apresenta seus personagens reais e conflitos através de uma criativa narrativa que utiliza apenas gravações feitas por câmeras – muitas delas corporais, daquelas que policiais usam. Assim, vamos descobrindo a origem dos fatos que nos conduzem até o final nada feliz dessa história – vou logo falando, os minutos finais são de partir o coração.

Na composição dessa tragédia real, chegamos a alguns pontos de argumentação, o principal deles é sobre a Lei Stand Your Ground. Por conta dessa polêmica lei de defesa pessoal – em vigor em alguns estados norte-americanos, como a Flórida, desde 2005 -, que permite o uso de força letal caso se sinta em risco de morte e autoriza uma reação imediata ao que julgar ser uma ameaça, uma das personagens envolvidas demorou para ser presa, gerando uma série de protestos.

Os debates em torno dessa questão apresentada acima é um dos ótimos tópicos que o documentário levanta para reflexões sociais sobre alguns dos caminhos que levam à violência. Da cultura da impunidade ao preconceito racial, A Vizinha Perfeita apresenta essa história forte e real, que dilacerou uma família e colocou em evidência - mais uma vez - as leis mais permissivas de uso e porte de armas, fator preponderante para a crueldade ocorrida.   

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20/04/2025

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Crítica do filme: 'iHostage'


O risco e o destino. Imagina você entrar numa loja badalada pra comprar um novo par de fones de ouvido e surpreendentemente se vê em uma situação de risco. Isso aconteceu em fevereiro de 2022 com algumas pessoas que estavam num estabelecimento da Apple localizado em um agitado point da capital da Holanda. Os detalhes desse episódio - que correu o mundo - virou um longa-metragem ficcional que acabou de chegar na Netflix.

Dirigido pelo cineasta Bobby Boermans e tendo um roteiro que consegue com eficácia e eficiência executar uma narrativa dinâmica que logo alcança a tensão mostrando de forma prática e sem enrolação personagens e seus conflitos - dentro e fora da loja - Ihostage se coloca na prateleira dos melhores thrillers lançados pela líder dos streamings nesse primeiro semestre de 2025.

Numa tarde, um homem chamado Ammar (Soufiane Moussouli) entra em uma loja da Apple, situada na badalada praça holandesa de Leidseplein, armado e tomando logo o lugar. Alguns clientes conseguem fugir para outras partes das dependências, menos Ilian (Admir Sehovic), um búlgaro que trabalha na Holanda e foi até a loja comprar um novo par de Air Pods. Logo a polícia é atualizada da situação e durante as horas que se seguem fazem de tudo para libertar os reféns.

O filme prende a atenção principalmente pelas subtramas bem desenvolvidas que abrem-se em camadas nos levando para uma série de emoções e variáveis incontroláveis. De um lado a situação dos reféns com o foco no que fica na linha de frente e em outros quatro deles que conseguem se trancar em um pequeno depósito. Do outro, as forças policiais na ramificação: negociação, força de elite e autoridades responsáveis pelo controle do evento de emergência.

Durante a narrativa o vai e vém entre o instinto de sobrevivência e a função de salvar vidas ganham a tônica com pelo menos um personagem representando cada variável instaurada. Esse arranjo, facilmente identificável, facilita e decifra entrelinhas deixando as portas abertas para fisgar o público. Dentro desse contexto, os pontos de vistas vão florescendo levando até um desfecho de acordo com o que ouve na realidade.

Ihostage e sua versão para esse True Crime tem apenas uma canção (Feeling Good) que ficou marcada na voz de Nina Simone e aqui ganha a interpretação de Michael Bublé. A letra dessa música abre e fecha com chave de ouro um discurso afiado que apresenta as armadilhas do destino mas também uma nova vida, um novo amanhecer que sempre chega após qualquer tempestade.


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