27/01/2022

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Crítica do filme: 'Spencer'


Você é sua própria arma. Não se corte em pedaços. Depois de dirigir a cinebiografia de Jacqueline Kennedy em um momento chave da vida da mesma, o competente cineasta chileno Pablo Larrain volta aos cinemas para nos mostrar uma versão impactante e profunda sobre alguns dias de tensão, dúvidas e incertezas da Princesa de Gales, a Lady Di. Ao longo de quase duas horas de projeção acompanhamos um recorte da vida de uma mulher consumida pelos conflitos emocionais que vive longe da felicidade que sempre sonhou em ter. Destaque para a impactante atuação de Kristen Stewart.

Na trama, acompanhamos os passos, conflitos, inquietações, angústias de Diana Spencer, ou Princesa Diana (Kristen Stewart) uma mulher que se encontra em um momento de desilusão com sua vida e seu casamento, beirando a desespero emocional, se vendo sem saída quase que a todo instante. O filme é ambientado durante um período de férias onde fora obrigada a passar o Natal com a família real inglesa em um luxuoso casarão em Sandringham (lugar onde nasceu), um lugar onde entrou em completo conflito em busca da sua liberdade e a retomada da felicidade.


Nós do lado de cá da telona sempre vimos, lemos, conhecemos Diana como uma mulher carismática, espontânea, dedicada às causas sociais que roubava a cena da Família Real Inglesa que ‘governa’ o Reino Unido juntamente com o parlamento inglês. Mas aqui conhecemos um lado guardado, pouco divulgado, de uma mulher que sofria muito. Spencer é um drama muito profundo que beira até mesmo ao terror se focarmos nos abalos psicológicos que a protagonista passava de maneira a não ter escolhas sobre os próximos passos de sua vida, presa em uma dinastia onde as aparências importavam (ou importam) mais que as verdades dos mesmos. Seu oásis são as confidências com a costureira Maggie (Sally Hawkins), os papos com o chef dos cozinheiros, em mordomo guarda-costas da poderosa rainha. Cada um desses de alguma forma a fazem refletir sobre suas possibilidades de escolhas dali pra frente.


O paralelo com Ana Bolena (presa na Torre de Londres em 1536, acusada de adultério mas que na verdade estava sendo traída por seu marido, Henrique VIII) acaba contornando parte do clímax, deixando para o espectador refletir por meio de ações e semelhanças que contornavam os pensamentos da princesa do povo. O simbolismo de um colar de pérolas que marca a traição emblemática do seu marido, filho da rainha, gera um momento de ruptura, de uma ação libertadora por parte da protagonista que por dentro do seu pensar busca novamente um rotina de equilíbrio.


Desiludida, beirando a desespero, presa ao presente e ao pretérito, vamos absorvendo o sentimento de que há muita tensão emocional envolvida. A composição da personagem feita por Stewart é fabulosa, sentimos as dores e agonias de um momento chave na vida de Diana e também o que viria a ser uma marca importante na história da família real inglesa. 


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