Você é sua própria arma. Não se corte em pedaços. Depois de dirigir a cinebiografia de Jacqueline Kennedy em um momento chave da vida da mesma, o competente cineasta chileno Pablo Larrain volta aos cinemas para nos mostrar uma versão impactante e profunda sobre alguns dias de tensão, dúvidas e incertezas da Princesa de Gales, a Lady Di. Ao longo de quase duas horas de projeção acompanhamos um recorte da vida de uma mulher consumida pelos conflitos emocionais que vive longe da felicidade que sempre sonhou em ter. Destaque para a impactante atuação de Kristen Stewart.
Na trama, acompanhamos os passos, conflitos, inquietações,
angústias de Diana Spencer, ou Princesa Diana (Kristen Stewart) uma mulher que se encontra em um momento de desilusão
com sua vida e seu casamento, beirando a desespero emocional, se vendo sem saída
quase que a todo instante. O filme é ambientado durante um período de férias
onde fora obrigada a passar o Natal com a família real inglesa em um luxuoso
casarão em Sandringham (lugar onde nasceu), um lugar onde entrou em completo
conflito em busca da sua liberdade e a retomada da felicidade.
Nós do lado de cá da telona sempre vimos, lemos, conhecemos
Diana como uma mulher carismática, espontânea, dedicada às causas sociais que
roubava a cena da Família Real Inglesa que ‘governa’ o Reino Unido juntamente
com o parlamento inglês. Mas aqui conhecemos um lado guardado, pouco divulgado,
de uma mulher que sofria muito. Spencer
é um drama muito profundo que beira até mesmo ao terror se focarmos nos abalos
psicológicos que a protagonista passava de maneira a não ter escolhas sobre os
próximos passos de sua vida, presa em uma dinastia onde as aparências
importavam (ou importam) mais que as verdades dos mesmos. Seu oásis são as confidências
com a costureira Maggie (Sally Hawkins),
os papos com o chef dos cozinheiros, em mordomo guarda-costas da poderosa
rainha. Cada um desses de alguma forma a fazem refletir sobre suas
possibilidades de escolhas dali pra frente.
O paralelo com Ana Bolena (presa na Torre de Londres em 1536,
acusada de adultério mas que na verdade estava sendo traída por seu marido,
Henrique VIII) acaba contornando parte do clímax, deixando para o espectador
refletir por meio de ações e semelhanças que contornavam os pensamentos da
princesa do povo. O simbolismo de um colar de pérolas que marca a traição
emblemática do seu marido, filho da rainha, gera um momento de ruptura, de uma
ação libertadora por parte da protagonista que por dentro do seu pensar busca
novamente um rotina de equilíbrio.
Desiludida, beirando a desespero, presa ao presente e ao pretérito, vamos absorvendo o sentimento de que há muita tensão emocional envolvida. A composição da personagem feita por Stewart é fabulosa, sentimos as dores e agonias de um momento chave na vida de Diana e também o que viria a ser uma marca importante na história da família real inglesa.