O fogo da paixão e as descobertas sobre o desejo. Baseado no livro homônimo do escritor britânico D.H. Lawrence, publicado no final da década de 20, O Amante de Lady Chatterley nos mostra uma saga de escolhas de uma mulher que joga para escanteio as frustrações de um relacionamento infeliz para viver de forma muito intensa os prazeres do amor com um funcionário da propriedade rural de seu marido. A descoberta do desejo, dos prazeres, de forma bem detalhista, contornam as linhas do roteiro que é assinado por David Magee. Como protagonista, a atriz Emma Corrin, intérprete da Princesa Diana em The Crown.
Dirigido pela cineasta francesa Laure de Clermont-Tonnerre (do ótimo Mustang), O Amante de Lady
Chatterley nos apresenta Connie (Emma
Corrin), uma jovem mulher que vive um primeiro momento de muita felicidade
no seu recente casamento com um membro da aristocracia, Clifford (Matthew Duckett), esse que logo vai
para a guerra e acaba voltando com problemas de locomoção. Certo dia, o casal
resolve ir passar uma temporada na casa de campo, uma enorme propriedade. Aos
poucos Connie vai se sentindo mais afastada do marido e ficando cada vez mais
sozinha. Durante um curioso papo, é sugerido para Connie procurar um outro
homem para ter um filho e quando engravidar Clifford o assumir dizendo ser
dele. Lutando contra essa ideia que nada ia de encontro aos seus princípios,
Connie acaba se aproximando de um funcionário da propriedade, o ex-soldado
Oliver (Jack O'Connell) por quem
logo acende uma enorme paixão e desejo, descobrindo novas facetas sobre
intensos sentimentos.
A descoberta do desejo, aqui com uma lupa para um retrato
bem íntimo, é um dos pontos de reflexão desse projeto que busca nas escolhas o
alicerce narrativo para o preenchimento dos conflitos, mostrando de forma bem
profunda uma mulher em conflito com as descobertas de uma intimidade desconhecida
até então que lhe chegam à sua frente. Abordando o desejo, o sexo, de forma bem
detalhista, o livro que fora baseado esse roteiro causou enorme polêmica na
época de seu lançamento, chegando as primeiras publicações na Inglaterra apenas
32 anos depois da primeira publicação acontecer na cidade de Florença na
Itália.
Como fica preso na questão dessa descoberta do desejo, não
alcança profundidade no contexto, fazendo coadjuvantes apenas existirem sem
brilho e deixando de lado uma maior ambientação sobre a época, além de ficar
distante das questões sociais em uma europa perto de ebulições na luta por
direitos.