Exibido na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – o Cinemato –, o curta gaúcho Mãe aborda um tema potente e raramente retratado nas telas: a maternidade de uma mulher trans. Dirigido por João Monteiro – que também atua no filme – e roteirizado por ele ao lado de Julia Katharine e Homero Mendes, o projeto, com apenas 20 minutos de duração, rompe barreiras e amplia horizontes ao tocar em questões profundas como o racismo, a transfobia e os desafios sociais, tudo isso com sensibilidade e força narrativa.
Maria (Valéria
Barcellos) é uma mulher trans que vive feliz ao lado do seu carinhoso
marido Dário (João Monteiro). Certo
dia, o jovem Zezinho é deixado pela mãe biológica na casa deles. O tempo passa
e uma relação de afeto e amor é estabelecida pela família mas as barreiras
sociais ainda se tornam um quebra-molas que gera insegurança.
Com profundidade e delicadeza, a narrativa prende a atenção
desde os primeiros instantes, mergulhando em um recorte intimista e familiar
sobre amor, reconhecimento e pertencimento. São poucos minutos, mas repletos de
significado — deixam no ar o desejo por mais. O preconceito, embora presente em
cenas marcantes, jamais se sobrepõe à força do afeto. O roteiro constrói, com
sensibilidade, uma jornada de resistência e ternura, onde o amor não apenas
sobrevive, mas triunfa.
A maternidade de uma mulher trans é o fio condutor que
ilumina toda a narrativa, atravessando cada cena com a potência de uma
personagem inesquecível, vivida com brilho e sensibilidade por Valéria
Barcellos. Com representatividade pulsante, o filme confronta o preconceito de
frente e reafirma, com firmeza e delicadeza, que o amor é capaz de transformar
realidades.
Mãe deve circular
por outros festivais, se você tiver a oportunidade de assistir, tenho certeza
que não irá se arrepender.