Boi no Mato
Apresentando uma breve e, em certos pontos, eficiente ‘Sinfonia
do Vaqueiro’, o curta-metragem Boi no
Mato, de Ana Calline, busca uma atmosfera
que transita entre sensações e cotidiano, dentro de um sentido cultural que vai
da coragem à vida selvagem enraizada na cultura sertaneja. Logo, solta na tela
a identidade e resistência se juntando ao pertencimento, ligados ao vínculo
afetivo e às tradições de toda uma região.
A narrativa tenta estabelecer elos para prender a atenção do
espectador; as imagens geram impacto, embora muitas vezes faltem algumas
explicações - certos porquês - especialmente para quem não conhece sobre o tema
abordado. Mesmo com esse detalhe que fragiliza a narrativa, o alcance do
entorno progride, deixando margem para reflexões sobre a força da dimensão
cultural, da memória e da resistência.
Teatro em Jampa Vive
Com mensagens diretas e uma comunicação objetiva, de
finalidade essencialmente promocional, o curta-metragem Teatro em Jampa Vive, de Kelly
Freire Moreira, se limita ao formato de vídeo institucional ao colocar em
evidência artistas e suas trajetórias pelos palcos de João Pessoa, na Paraíba. Embora
cumpra o papel de comunicar e registrar a memória artística de toda região –
algo válido e importante -, o filme deixa de explorar as experimentações
cinematográficas que poderiam enriquecer o projeto.
Sanzia Pessoa, Buda
Lira, Sôia Lira, Vittor Blam, Fabíola Ataíde, Raymon Farias são alguns
nomes que entregam depoimentos ligados à memória da cultura pessoense. Essa
riqueza cultural é sentida por meio das falas desses artistas. A questão é que,
nesta obra, não se fura a bolha das fragilidades narrativas que se apresentam a
todo instante, com um comprometimento excessivo com uma linguagem meramente funcional.
Liga-se a câmera, preenche com depoimentos – com pouca ilustração do que é dito
– junta-se tudo e faz-se um filme. Muito pouco, não é?

