26/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #226 - Thales Azevedo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Natal (Rio Grande do Norte). Thales Azevedo (@thalesrn) é membro fundador da ACCiRN (Associação de Críticos de Cinema do RN), pós-graduado em cinema e discente do curso de psicologia. Um apaixonado pelo melhor cinema argentino, mas que costuma aplaudir, em qualquer lugar do mundo, produções que brindam ao neorrealismo italiano como essência. Entretanto, seu amor maior reside na análise de obras que trazem visibilidade àqueles que sentem, na cor da pele, na falta de consciência de classe, na identidade de gênero e na orientação sexual, todos os dissabores do preconceito. Afinal, representatividade importa.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

​No que tange à programação, a rede Cinépolis, em especial a do Natal Shopping, têm uma maior diversidade de filmes em exibição e, principalmente, uma sala dedicada ao cinema de arte. Por isso, coloco alguns pontinhos na frente da concorrência.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Jurassic Park (1993).

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tento separar a biografia do autor e a sua filmografia. É necessário frisar isso quando respondo essa pergunta com Woody Allen. E, para mim, seu melhor filme é Meia-noite em Paris (2011).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Até pouco tempo atrás era O Pagador de Promessas (1962), porém, Aquarius (2016) mudou tudo isso. Acho que ambos trazem um retrato social, político e cultural tão bem exposto em forma de crítica.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É responder um questionário sobre cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não. O apelo comercial sempre fala mais alto e acaba determinando as escolhas. Um cinéfilo jamais colocaria um blockbuster para ocupar 50% das salas de um mesmo cinema. 

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Um debate bem atual sobre essa temática tem surgido com a decisão da Warner Bros. de lançar seus filmes na plataforma de streaming HBO MAX. As pessoas esquecem que o cinema não é apenas um local de exibição de títulos, mas, principalmente, um lazer por excelência, um hobby centenário, adotado por pessoas em todo mundo. Décadas atrás, com a popularização dos aparelhos de TV nas casas, esse mesmo receio foi suscitado e o resultado dessa previsão nós já conhecemos. A propósito, mesmo que eu construísse um cinema em meu lar, eu continuaria frequentando salas e mais salas, pois a sensação de estar lá é insubstituível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Asphalte (2015).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se a reabertura seguir os devidos protocolos de segurança, eu não vejo problema. As salas que tenho frequentado atualmente têm seguido as orientações à risca.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

A arte, em geral, tem um poder incrível de ressignificação em momentos críticos da história mundial. O Brasil, atualmente, enfrenta uma das maiores crises do seu setor audiovisual, mas é gratificante ver tantas obras maravilhosas ultimamente (não vou citar exemplos para não cometer injustiças), que trazem tais obstáculos impressos em seus argumentos, ilustrando uma bela crítica sóciopolítica.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é o meu lugar ao sol, mesmo estando no escuro de uma sala fechada.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Um dia eu entrei sozinho numa sala de cinema que estava vazia. Ao iniciar o filme, havia 5 pessoas e uma delas me perguntou se poderia sentar ao meu lado. Não lembro qual era o filme, mas quero acreditar que era um bom terror e a pessoa estava com medo. (risos)

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Talvez a minha maior vergonha alheia.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Há diretores que produzem obras icônicas, mas não dedicam parte de suas vidas a assistir a filmes. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Há tantos, mas vou citar um que não deixa nada a desejar nesse quesito: Cinderela Baiana (1998).

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Difícil eleger apenas um, mas fico com Paris is Burning (1990).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim. A catarse pede isso em algumas poucas obras.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Preciso mesmo escolher um? Com uma arma apontada para mim responderia Cidade dos Anjos (1998).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

www.setcenas.com.br

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #225 - Ana Clara Correia


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Linhares (Espírito Santo). Ana Clara é universitária com pouco tempo para assistir filmes mas quando acha um tempinho, está sempre assistindo alguma coisa. Tem 20 anos, potterhead e um vício: não para de pôr novos filmes e séries na sua lista para assistir.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Infelizmente moro em cidade pequena e não tenho muita escolha, temos espaços com cinemas bem pequenos, com pouquíssimas salas mas que abrange o público e sua demanda.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que quando fui assistir Força-G no cinema com a escola, e percebi que era muito mais interessante assistir filmes com outras pessoas, por causa das movimentações, das risadas, etc, na época eu tinha uns 8/9 anos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Nossa... acho que o Tim Burton, e meus filmes favoritos dele são A Noiva Cadáver e Alice no país das maravilhas.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Minha mãe é uma Peça, Hoje eu quero voltar sozinho e Central do Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que é ser uma pessoa que se interessa por filmes e só, não concordo muito com esse termo, nem me considero, pois utilizo dos filmes como um entretenimento, sendo que a maioria dos adoradores de filmes são pessoas que as vezes perdem de viver experiências por causa de críticas demais à tudo. Cinéfilos deveriam ser apreciadores do cinema como um todo, apreciar os gêneros, as línguas, etc.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, pois esses locais normalmente são utilizados como forma de lucro e trabalho.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não ahahahha mas acho que assim como os jornais, e os programas de tv pagos já estão deixando de ser uma proposta tão utilizada pelas pessoas, por causa das plataformas de streaming, acho que se acontecer de acabar, vai demorar um bom tempo, porque ainda há muitos que gostam do cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Indico muito O Limite da Traição, O Mínimo para Viver, Fences e Hoje quero voltar sozinho.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, pois sei que a maioria das cidades (principalmente interior) não se preocupariam com a segurança dos clientes, com limpeza, etc.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que o Brasil tem muito potencial para crescer no cinema mundial, o que falta é incentivo tanto de quem faz o filme (com divulgação) e da população que normalmente desvaloriza o cinema brasileiro e tudo o que é nacional, eu anteriormente não era de assistir tantos filmes nacionais, porém, decidi que deveria expandir minha lista de filmes daqui do Brasil.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Paulo Gustavo e Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um local de entretenimento e imaginação.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Nunca presenciei nada tão inusitado assim, já tive algumas experiências ruins no cinema, com crianças fazendo bagunça, pessoas conversando demais, casais se beijando do lado, etc, porém acho que uma das piores situações foi estar na fila para assistir Vingadores: Ultimato e o pessoal da sessão anterior passou na fila contando quem tinha morrido.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Segura o tchan e somente pois não assisti ahahaha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, se gosta e faz aquilo com amor e integridade, acho que é o que vale.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa, difícil, mas acho que Atividade Paranormal.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Democracia em Vertigem e Nosso Planeta.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Em todos, as vezes ninguém bate e fica só eu lá passando vergonha.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Motoqueiro Fantasma eu amooo.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

AdoroCinema e Omelete, leio mais para críticas mesmo, não tenho tanto costume de ler sobre filmes na internet por falta de tempo.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #224 - Lucian Lourenço


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Lucian Lourenço é escritor, tradutor, produtor, roteirista, gestor em saúde pública em Fortaleza. Teve trabalhos publicados em antologias (contos e poemas) e menções honrosas em concursos  de literatura. Roteirizou e produziu o curta A Tríade, 2013, de forma independente (DIVULGADO DIRETAMENTE NA INTERNET), porém direitos vendidos a outra produtora que utilizará material para outro projeto (ainda em sigilo). Publicou o primeiro livro de contos Sempre é muito tempo, pelo Clube Autores, e prepara uma outra antologia de contos e dois romances.  O primeiro romance aguarda finalização editorial, A Infame História da Biografia do Sr. Scharlathan.

 

1)  Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Apesar de termos um belíssimo cinema, o Cine São Luiz, hoje é um centro cultural, embora exiba filmes, mostras, porém o Cine Dragão do Mar é mais eclético, porque sai do lugar-comum de exibir apenas filmes do mainstream hollywoodiano. Exibe filmes de vários países, mostras e filmes nacionais, tendo o Cine Ceará como um de seus expoentes.

 

2)  Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Com certeza, não só um. Mas quando vi Star Wars e ET no cinema, quando foram reexibidos quando já tinha uns 08 a 10 anos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Olha, adoro Fellini e Woody Allen (como autorais), mas realmente não tenho como me desfazer de Scorsese. E considero Taxi Driver seu filme que me toca mais, por ter assistido a primeira vez em um período peculiar de minha vida e que tenho uma afeição por seu material e seus personagens.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus, porque quando estava na sala, senti algo diferente naquela leitura sobre muitos de nossos problemas. O visual, a direção, a montagem do filme são fortes e únicas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

 

Não, penso que o cinema é arte, é paixão, mas para existir precisa de mercado, e para sobreviver é necessário falar a língua mercantil, então muitos são burocratas, administradores e não conhecem a linguagem ou a história do cinema, o que não os desmerece. Mas seu trabalho é exibir e programar o que dá retorno financeiro à indústria cinematográfica e ao seu mercado subjacente.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Penso que não, talvez novas tecnologias serão acopladas. O serviço on demand e o streaming são formas de fazer pensar e refletir sobre a questão, mas lembremos que eles são feitos para serem exibidos em tela grande, em salas de exibição. Apesar disso, as salas resistirão de alguma forma, menores, talvez, cultuadas, ou como patrimônio cultural. Assim como o vinil sobrevive em meio a indústria fonográfica amplamente digitalizada. 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

As Invasões Bárbaras do Denys Arcand. Apesar de ter ganhado prêmio e ser considerado cult, o filme ainda tem muito a ser discutido, assim como o seu antecessor O Declínio do Império Americano. Um filme que aborda questões atuais, ainda nevrálgicas para o entendimento sobre o que somos, sobre arte, mortalidade, amizade, algo muito clichê para se falar em tempos tão atrozes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Tenho uma leitura sobre pandemia que é da área de saúde, porque tenho também uma formação na área. Sou graduado em enfermagem e trabalhei e trabalho na linha de frente, e sei como é uma situação delicada e que exige um olhar ampliado e atento. Acho que, apesar do que propalam os negacionistas, o vírus é cruel e ainda não estamos prontos, em termos de cuidados coletivos. Não se respeita ou não se dá a devida relevância epidemiológica à situação. Porque, como dizem, mas se abriram os shoppings e centros comerciais, porque escolas, cinemas e etc... não abrem. Não é só a aglomeração, mas o espaço, o ambiente fechado, refrigerado, que é propício para a disseminação viral, daí eu não concordar com a reabertura no momento. Precisamos ser cautelosos ou podemos arcar com consequências ainda maiores do que as que já estamos lidando.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Vejo como um crescimento qualitativo nas produções, um investimento sem precedentes na ordem da logística, divulgação. Penso que o público reconhece a qualidade desse cinema que hoje vigora, apesar ainda de existir ainda quem torça o nariz, mais por muito desconhecimento e preconceito.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito do trabalho de vários. Mas gosto de acompanhar o trabalho de Wagner Moura, do Selton Mello, do José Padilha. Destaco entre os três o do Wagner, que veio do teatro, da Bahia, e chegou ao mainstream e segue seu lado autoral, como produtor e agora diretor.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é hipnose.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu estava assistindo ao filme Entrevista com o Vampiro, sala lotada, única que estava exibindo mais perto de minha casa. Pararam o filme em um momento em que ocorria a primeira cena que sugeria o romance entre os personagens de Brad Pitt e Tom Cruise. Muitos homens gritavam palavras de baixo calão e ainda zombavam do momento. Alguns foram retirados da sala pela segurança local e outros ainda ficaram zoando o resto do filme. E nesse ínterim, o meu celular recém-ganho de presente tinha caído de meu bolso e desceu pela plateia abaixo, entre as poltronas, por causa da inclinação da sala. Tive que esperar o filme acabar, era a última sessão e fui procurar. O celular estava encostado no rodapé de uma das poltronas em uma das primeiras fileiras. Tinha deslizado até lá.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não vi, não tenho como opinar.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, você tem que entender de contar uma história, você precisa ter um senso visual, plástico, dinâmico, não necessariamente ser técnico, mas claro, você precisa ter experiência imagética, seja por ver filmes, seja pintura, arquitetura, design e ter paixão por contar história. Tarantino e Scorsese são grandes cinéfilos e demonstram esse amor em filmes ou homenagens que fazem, mas não são técnicos como o Nolan ou o Fincher, por exemplo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Crepúsculo – Amanhecer. Fui assistir por uma obrigação de trabalho, mas como já não era fã daquele mundo, eu tive que ‘tragar’ aquelas duas horas que, para mim, foram maçantes.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Ilha das Flores, do Jorge Furtado. Tanto pelo que se trata e como se trata seu conteúdo quanto pelas lembranças que tenho nos idos tempos de faculdade e estar em meio ao meu despertar cinéfilo.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Já. Por incrível que pareça foi recentemente, ao término da sessão de Coringa. Minha esposa ficou me olhando, enquanto algumas outras pessoas cochichavam. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Risos. Em Despedida em Las Vegas. Não apenas pelo prêmio ou como ele se preparou para o filme, mas pelo desempenho que após anos, ao rever o filme, fez o diferencial para o que a obra se propunha.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

 Eu acompanho há muito o Cinema em Cena, Watch Mojo (o canal), Plano crítico.

 

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Crítica do filme: 'Druk - Mais uma Rodada'


O mundo nunca é como esperamos. Exibido no prestigiado Festival de Cannes desse ano e também filme de encerramento da Mostra de SP, o novo longa-metragem do aclamado cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg é um grande paradoxo sobre como conseguimos que a despeito de conflitos e angústias a vida ainda pareça boa ou que gere algum tipo de caminho prazeroso dentro de um cotidiano repleto de saudades que sentimos de tudo aquilo que ainda não vimos ou não víamos mais. Another Round pode ser considerado um ensaio psicológico ou uma baboseira total, mas as linhas tênues criadas pelo experimento proposto pelos e para os personagens nos levam a uma junção de reflexões importantes sobre a sociedade. Um trabalho primoroso de Vinterberg que aparece como grande favorito para o próximo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O filme é estrelado por um dos grandes artistas do mundo quando pensamos em cinema, Mads Mikkelsen, que mais uma vez nos brinda (literalmente nesse caso também) com mais uma inesquecível atuação.


Na trama, acompanhamos quatro amigos, professores que passam cada um à sua maneira por muitas infelicidades em suas vidas e analisando suas trajetórias e o presente nas reuniões que fazem quase que semanalmente resolvem tirar do papel a curiosa hipótese de Finn Skarderud que mostra haver um déficit de álcool no sangue e que para isso é preciso consumir uma determinada quantidade de álcool para melhorar as interações sociais/profissionais/familiares. Assim, resolvem serem adeptos ao movimento e acabam descobrimento muito sobre a vida mas também os efeitos colaterais do tal experimento.


Quando anunciamos derrota, podemos recomeçar? O roteiro transborda o foco no limite do ser humano que caminha pela angústia, fraco e inoperante, sem saber o que fazer para mudar seus dias. Crise profissional, problemas no casamento, amigos e seus conflitos, desesperados em uma mesmice dentro do cotidiano que não desenvolve viram um reflexo mais amplo de uma sociedade que muitas vezes não sabe como lidar para mudar as situações que a vida lhe impõe, principalmente, quando partimos do princípio que a felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes.


Vinterberg, uma das grandes mentes atuais do cenário audiovisual europeu, tem o mérito de conseguir captar a angústia de maneira simples e que passa uma realidade absurda onde logo identificamos olhares parecidos perto de nós ou próximos. Pra chegar ao brinde à vida é necessário vencer os obstáculos.

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25/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #223 - Ricardo Brandes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Blumenau (Santa Catarina). Ricardo Brandes é autor de diversos livros e atuante no campo da cultura, apaixonado por cinema, literatura e café.  Já ganhou importantes prêmios literários (inclusive internacionais) e tem reconhecimento na área. Atualmente, é editor e criador de conteúdo das redes sociais do @Oktoberblog. Sempre envolvido em eventos, palestras e demais trabalhos relacionados à arte e cultura. Formado em Letras e Processos Gerenciais, é também Conselheiro da Fundação Cultural de Blumenau.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Arcoplex Shopping Park Europeu. Todos os anos, a rede recebe o Festival Varilux de Cinema Francês em Blumenau, além de uma programação de cinema diversificada, com filmes variados.  

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Parque dos Dinossauros, no saudoso Cine Bush de Blumenau. Uma lembrança inesquecível de 1994!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Jean-Pierre Jeunet. O Fabuloso Destino de Amelie Poulain. Um filme apaixonante!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Bingo, o Rei das Manhãs (2017). Um filme surpreendente, direto, intenso. Com ótimas atuações. Merece aplausos!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É acreditar na magia do cinema, com paixão e muita emoção! Estar ligado as novidades e apreciar cada momento cinematográfico como se fosse a noite de Oscar.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Definitivamente, não. Na grande maioria dos casos, a programação das salas é definida com base nos lucros, nem tanto na qualidade dos filmes exibidos. Uma pena!

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. Acredito na readaptação, ou recriação do conceito do cinema como conhecemos até aqui.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Colegas (2012). Um filme brasileiro muito bacana, que merecia ter sido indicado ao Oscar!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito fortemente que o futuro das salas de cinema é incerto... Com ou sem vacina, fica difícil pensar em reabri-las dentro do atual modelo vigente. Acredito que as salas devam reabrir com novas propostas, mais atrativas e seguras ao público.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Em uma interessante evolução, com filmes de grande qualidade. Só falta mesmo o Oscar, não é?

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Rodrigo Santoro!

 

12) Defina cinema com uma frase:

A magia de fazer parte de grandes histórias sem sair da poltrona!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Na sessão de pré-estreia de Noé (2014), com Russell Crowe e Emma Watson. Um filme de mais de duas horas, que pra mim, durou muito mais! Devido a problemas nas legendas, o filme reiniciou 3 vezes, e terminou após 3 horas e meia de exibição!!! Foi muito inusitado!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Cinderela Baiana? Com Carla Perez? Fiquei sabendo agora deste filme. Pelo pouco que vi, pareceu bem... Atípico! Mas acredito que até os filmes ruins tem seu lugar e função na sétima arte... : )

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Criar arte é mesmo um processo curioso, complicado. Não existe receita pronta para um bom produto, mas... Creio que seja importante ter boas referências ou inspirações neste processo. Mas é realmente interessante que muitos diretores e mesmo atores, não sejam cinéfilos. Eis o mistério da sétima arte!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A saga molusco: anoitecer. Pra rir, de tão ruim!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Katy Perry: Part of me.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já! Duas vezes! Ao final do filme Across The Universe e também no Mamma Mia... Foi emocionante!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidade dos anjos!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adorocinema! Sou fã de carteirinha.

               

               

 

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24/12/2020

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Crítica do filme: 'A Voz Suprema do Blues'


Um, dois, sabem o que vem depois. Quando a razão e a emoção andam lado a lado ou girando em altos e baixos numa eterna roda gigante da rebeldia do Blues. Dirigido por George C. Wolfe e disponível no catálogo da Netflix, A Voz Suprema do Blues conta a história de uma gravação em uma Chicago quente e bastante preconceituosa, no final da década de 20, da ‘Mother of the Blues’ Gertrude Malissa Nix Pridgett Rainey, mais conhecida como Ma Rainey (interpretada brilhantemente pela genial Viola Davis). Seu jeito excêntrico e a maneira como lida com seu agente e seus músicos acabam levando o espectador a uma série de assuntos que geram bastante reflexões em uma época do passado mas nem tão distante assim. O filme marca uma das últimas aparições do eterno Pantera Negra Chadwick Boseman que faleceu nesse ano terrível de 2020.


Na trama, acompanhamos quatro músicos negros que chegam para tocar em um estúdio com uma das cantoras mais aclamadas da época, Ma Rainey (Viola Davis). Dona de uma forte personalidade e cheia de exigências para iniciar a gravação, vamos ao longo dos pouco mais de 90 minutos de projeção vendo seus conflitos com seu agente Irvin (Jeremy Shamos), o dono do estúdio Sturdyvant (Jonny Coyne) e principalmente um de seus músicos que também compõe, Levee (Chadwick Boseman).


Baseada na peça de teatro do Dramaturgo norte-americano August Wilson ganhadora do Pulitzer e produzido por Denzel Washington, A Voz Suprema do Blues fala sobre Injustiças sociais (atemporais, que vemos até os dias de hoje), os duelos entre os artistas e as gravadoras, além do foco no blues, criado tempos atrás, que se tornou uma ferramenta de resistência para os negros poderem contar suas histórias. Há também espaço para os embates artísticos entre Levee e Ma Rainey, onde o primeiro busca equilibrar sua ansiedade em ser o principal de um grupo, com seus dons artísticos e as fortes mágoas que viveu em seu passado, já a segunda completamente esgotada nessa relação profissional com Levee implica a todo instante com ele sempre deixando evidente quem é a estrela do show. São duas atuações de destaques, Viola e Chadwick.

 

 

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Crítica do filme: 'Três Solteirões e um Bebê' (Revisão)


Há mais de 30 anos atrás, uma comédia atemporal e que transpira carisma chegava a vista dos cinéfilos. Dirigido pelo eterno Spock, Leonard Nimoy (sim, ele mesmo!), Três Solteirões e um Bebê fala de forma leve e engraçada sobre a paternidade na visão de três adeptos do ‘solteirismo’ que precisam readequar suas vidas quando um bebê de poucos meses é deixando na porta de onde moram. Disponível no streaming Disney+ (assim como sua continuação), o longa-metragem de enorme sucesso é protagonizado pelos ótimos Tom Selleck, Steve Guttenberg e Ted Danson. A trilha sonora, com a música chiclete Bad Boy, segundo single lançado pela banda americana Miami Sound Machine liderada por Gloria Estefan, é excelente.


Na trama, conhecemos três amigos muito bem sucedidos que moram em uma cobertura em Nova Iorque. Peter (Tom Selleck) é arquiteto, Michael (Steve Guttenberg) é desenhista e Jack (Ted Danson) é ator, todos eles são adeptos da vida boa e cultivam sua solteirice como modalidade de vida. Tudo muda quando um bebê é encontrado na porta da casa deles dizendo ser filha de Jack. Como o papai viajou para a Turquia para rodar um filme, Michael e Peter precisarão passar dias muito intensos, confusos e engraçados tentando cuidar da nova hóspede.


O foco principal é a paternidade em uma visão muito bem elaborada dentro de um roteiro simples onde a própria história ganha seu brilho através das lentes de Nimoy. Os personagens são ótimos, se encaixam com perfeição dentro de um contexto importante para a época mas a história não deixa de ser atemporal mesmo após mais de três décadas. O relacionamento pais e filhos pode ser mostrado de muitas formas, Três solteirões e um Bebê nos apresenta uma forma muito descontraída que o amor de quem cuida é o que vale no final das contas.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #222 - Pedro Horta


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Faro (Portugal). Pedro Horta desde sempre é um apaixonado por cinema e dá os primeiros passos como argumentista e realizador em 2015. Nos últimos 5 anos esteve envolvido em diversos projetos cinematográficos, tendo trabalhado com vários atores portugueses de renome, tais como Mariana Monteiro, Cucha Carvalheiro, Eduardo Frazão, Sara Mendes Vicente, entre outros. Em 2016 funda o site Cambada de Críticos (@cambadadecriticos endereço do Instagram) para poder expor a sua opinião sobre a 7ª arte. O Cambada de Críticos evoluiu para um projeto que abrange todo o território português e é, atualmente, dos sites mais procurados pelos amantes de cinema em Portugal.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na verdade, a maioria das salas no sul de Portugal têm o mesmo tipo de programação. Acabo por escolher, maioritariamente, as salas dos Cinemas NOS no MAR Shopping, uma vez que são as maiores e as de maior qualidade.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que não é justo indicar apenas um filme que me tenha feito apaixonar por cinema, mas a ter de ser: Lembro-me de na minha infância ficar fascinado por filmes que me remetessem para outros mundos que não o meu. The Lion King (1994) é, e provavelmente sempre será, o filme que mais me apaixona enquanto obra-prima.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Embora não tenha ficado completamente convencido com Tenet, Christopher Nolan continua a ser o meu realizador predileto. Inception é uma das maiores obras alguma vez criadas.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho uma opinião questionável sobre o cinema em Portugal. Acho que filmes como O Pátio das Cantigas (1942) continuam anos-luz à frente do que se faz hoje em dia, no que toca à esmagadora maioria dos filmes apresentados em Portugal. No entanto, A Herdade parece-me também um justo candidato e ainda hei-de bisbilhotar O Ano da Morte de Ricardo Reis.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

 

Ser cinéfilo é ter conhecimento sobre cinema, é ter uma mente aberta sobre tudo o que nos rodeia, é encontra referências em tudo o que vemos, é respirar a 7ª arte... Digamos que ser cinéfilo é viver cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu diria que sim, num sentido económico. As salas de cinema não podem colocar todos os filmes da atualidade em exibição e, por isso, entre as escolhas que têm a fazer, faz sentido que procurem exibir os de maior procura.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Ainda que espere que não, provavelmente irão acabar, sim. O futuro parece-me que vá ser ver cinema em plataformas de streaming. E 2020 veio apressar esse processo, infelizmente. A questão é que não há nada como ver um filme em sala de cinema, mas a evolução tende a que seja cada vez mais possível assistirmos a cinema com qualidade no quente da nossa casa.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Se não viram Amores Perros, de Alejandro Iñárritu, estão à espera de quê?

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Muito honestamente, sim. Desde que a pandemia surgiu, assisti apenas a Tenet nas salas de cinema e não podia ter-me sentido mais protegido. Sala com capacidade reduzida, lugares afastados, máscaras e sem intervalos para evitar a circulação. Não vejo porque é que o cinema tem que ser descurado e estar fechado até que a população esteja vacinada.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema português atualmente?

Como disse antes, a minha opinião sobre o cinema em Portugal é questionável. No entanto, tenho que assumir que nos últimos tempos tenho visto obras que, ainda que longe do que Portugal pode realmente fazer, me fizeram ter esperança no futuro. Portugal tem uma quantidade absurda de gente com qualidade, desde atores, a escritores, passando por todas as outras vertentes. É tudo uma questão de se arriscar mais e não se procurar apenas expor nudez e explosões baratas só porque sim.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura, muito provavelmente.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"If you can dream it, you can do it.", Walt Disney.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Custa-me apenas acreditar que haja quem pague para se sentar numa sala de cinema, sem a intenção de ver o filme pelo qual pagou...

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um filme que ainda não vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Penso que não seja regra obrigatória, mas de facto notam-se as diferenças nos filmes realizados por cinéfilos, para melhor.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Tenho por hábito esquecer essas más experiências, mas os maus filmes também são didáticos. São quase workshops curtos de como não fazer cinema.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Diria que o último que me ficou marcado de uma forma muito positiva foi Fyre (2019).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Eu, pessoalmente, não. Mas já testemunhei e é de facto uma sensação estranha, mas há filmes que o merecem.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Diria Leaving Las Vegas ou Face/Off.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Naturalmente que é o Cambada de Críticos. Aconselho-vos todos a passar por lá.

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21/12/2020

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Crítica do filme: 'Legado Explosivo'


Quando a dor na consciência encontra as falhas na justiça. Protagonizado por um dos artistas mais pós graduados em filmes de ação dos últimos tempos, o irlandês Liam Neeson, Legado Explosivo, dirigido por Mark Williams (em seu segundo projeto como diretor), é um filme de ação com apenas pitadas quase invisíveis de drama onde acompanhamos a saga de um ladrão honesto rumo aos obstáculos do outro lado da lei. É muito mais do mesmo, por mais que Neeson exale carisma na tela, o projeto é um grande universo de clichês com poucas cenas de ação realmente de tirar o fôlego. Um dos mais fracos filmes da saga no universo da ação do lendário ator indicado ao Oscar pelo inesquecível A Lista de Schindler.


Na trama, conhecemos Tom Dolan (Liam Neeson) um arrombador de cofres que rouba dinheiro durante quase uma década sem que a polícia se quer tenha uma mínima pista sobre quem ele é. Certo dia, ao se mudar novamente de cidade, ele encontra Annie (Kate Walsh) e logo se apaixona. Se passa um ano e Tom, entendendo que para ser feliz com Annie precisa cumprir pena pelos seus pecados, resolve se entregar para o FBI. Só que aí começa a maior complicação da vida dele, ao tentar se entregar, acaba sendo vítima de extorsão de uma dupla de agentes corruptos do FBI. Tentando provar sua inocência dentro de uma situação que envolve até assassinato, ele precisará ser mais violento do que foi toda sua vida como ladrão honesto.


O projeto apresenta um começo, meio e fim nada muito original apenas a hipocrisia escancarada de que um criminoso para se entregar encontra mais dificuldades para se entregar do que praticar seus próprios crimes. Há um simbolismo de Robin Hood embutido nos atos do protagonista e ficamos sabendo quando ele abre o jogo com Annie sobre quem ele realmente é. Não há muitas surpresas ao longo dos arcos, que são bem dirigidos mesmo que sendo um filme de ação falte bastante cenas envolventes, uma explosão ou outra não convencem mesmo. Liam Neeson tem muitos outros trabalhos mais impactantes dentro desse gênero.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #221 - Telmo Antunes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Seixal (Portugal). Telmo Antunes tem 20 anos e vive em Corroios, uma Vila portuguesa do concelho do Seixal. O gosto pelo cinema surgiu em 2017 quando o reviewd (@reviewdbytelmo no Instagram) foi criado. Mas só em 2019 é que começou a ser mais acentuado, vendo cerca de três filmes por dia ou mais. Telmo quer prosseguir carreira na comunicação social ou seja ser apresentador de televisão ou locutor de rádio. Mas também gosta de escrever e adorava produzir filmes das suas histórias. Os seus filmes favoritos envolvem sempre muita fantasia, magia e música. Em 2019 lançou uma parceria com as páginas “Os cinétugas” e “Cinema em Portugal”, chamada de “The Movie Club” (disponivel no Igtv, spotify e youtube). Em plena pandemia, os três colegas viram muitos filmes e falaram em conjuntos deles para tentar animar os cinéfilos. O gosto pelo cinema do Telmo vai continuar a aumentar ao longo dos anos e vamos ter a oportunidade de ver sempre conteúdo original dele tanto na sua página de Instagram como Youtube.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A rede de cinemas NOS é a maior em Portugal, a mais confortável e com o melhor cartaz. Embora quase todas as salas partilhem do mesmo cartaz de filmes.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que me lembro de ter visto no cinema foi o “Harry Potter e o príncipe misterioso” ou seja o sexto filme. Foi uma experiência única e que vou sempre recordar. Estava tão espantado com o tamanho do ecrã, o som...tudo!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Provavelmente diria Tim Burton pelo seu tom fantasioso, assombroso e mórbido que se acompanha de comedia, romance e muitas vezes musicais. Eu adoro isso! O meu filme favorito dele seria “A lenda do cavaleiro sem cabeça”, “Sweeney Todd o terrivel barbeiro de fleet street” ou “Beetlejuice”.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Parque Mayer, até tenho review escrita do filme no blog e no Letterboxd. Veio desmistificar o conceito de que filmes portugueses são uma seca.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para mim é amar filmes, querer fazer filmes, falar de filmes, participar em filmes, colecionar filmes...nao viver sem ver um filme por dia.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não! Os cinemas são um negócio. A maioria dos cinemas em Portugal quer dinheiro e o que vende bilhetes são os filmes mais mainstream. Os que estão na moda. Como blockbusters... todas as salas partilham os mesmos cartazes. Umas com mais que os mesmos filmes, outras com menos.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Tive esta conversa com o meu namorado e discordo. Se não acabaram com o aparecimento da televisão, do home video, nem o streaming vai conseguir.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Return to Oz da Disney de 1985.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Em Portugal, as salas de cinema estão abertas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu não tenho conhecimento do cinema brasileiro.

 

11) Defina cinema com uma frase:

Safeplace.

 

12) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

uma vez cheguei à sessão da noite de “Birds of Prey e a Fantabulástica emancipação de uma Harley Quinn” com os meus amigos e a sala estava vazia então fomos dançar ao som da música de espera lá para o palco em baixo.

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi.

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sim e não. Se se considerar cinéfilo alguém conhecedor da arte pela parte técnica então sim. Se se considerar por um papa filmes, não hahaha.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Loev de 2015 sem excitações.

 

16) Qual seu documentário preferido?

Não posso só escolher um mas sim os seguintes: waking sleeping beauty, earth one amazing day, David Attenborough: A life on our planet e racing extinction.

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já, para muitos. O mais recente que me lembre foi o 1917.

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Sei lá, não gosto muito dele.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não é um site mas sim um canal de YouTube. Beyond the trailer da Grace Rand
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20/12/2020

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Crítica do filme: 'Wet Season'


Quando a chuva vira uma parábola da solitude. Depois de vencer um importante prêmio no Festival de Cannes no ano de 2013, o cineasta Anthony Chen volta as telonas em seu segundo longa-metragem, Wet Season, um recorte da vida de uma professora que nutre uma esperança, mesmo dentro do cotidiano caótico em que vive, de ser mãe. Além disso, a forte protagonista encontra em uma improvável relação com um aluno muitas lições sobre a vida. O projeto é profundo, delicado e fala sobre o primeiro amor, a esperança de dias melhores dentro de uma melancolia matrimonial, questões políticas na superfície e seus contrapontos Malásia x Singapura, a questão do ensino da língua. O filme é lento, demora pra acontecer mas quando acontece se torna um recorte cheio de esperança. Exibido na Mostra de São Paulo do ano passado.


Na trama, acompanhamos Ling (Yeo Yann Yann) uma professora que ensina mandarim em uma escola na Singapura, onde sua matéria é considerada a menor das prioridades. Seu casamento está em dias muito ruins, com a provável infidelidade do marido nada presente. Seu cotidiano é muito afetado, pois, precisa cuidar do debilitado sogro que mora na sua casa marido sempre que chega em casa. Certo dia, começa a se aproximar de um aluno que tem os pais ausentes. Há de cara uma observação de uma interseção dentro da solidão que caminham suas vidas, mesmo com a faixa de idade sendo bastante acentuada entre os dois. Uma relação acontece de algumas formas e maneiras, e ambos precisam lidar com tudo que acontece em suas voltas.


Wet Season é um drama bastante profundo. Escrito e dirigido por Chen, o projeto busca nos detalhes as riquezas das compreensões emocionais que os personagens passam. A protagonista é a personagem que mais se desenvolve, se desconstrói de maneira profunda. Há uma grande infelicidade no ar que chega por todas os lados para ela: seja no matrimônio onde é rejeitada pelo marido, nas obrigações que teoricamente não seriam dela de limitar seu tempo cuidado do sogro, na escola onde ensina uma língua que não é considerada prioridade no ensino, o lidar com uma aproximação de um aluno, os conflitos e dramas enfrentados para ser mãe. Um poderoso trabalho de Yeo Yann Yann, grande destaque desse belo filme.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #220 - Lucas Matias


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é de Guarulhos, São Paulo. Lucas Matias chora facilmente em filmes além de viciado em trilhas sonoras. Tem 22 anos, formado em Comunicação Social - Rádio e TV, trabalha na emissora de televisão SBT. É apaixonado pela 7ª arte desde os três anos de idade. Acaba de finalizar o primeiro filme que escreveu e dirigiu, Por Amor Ao Futebol: um documentário sobre as diferentes visões de mulheres no futebol, que está no processo de distribuição e temporada de premiação. Em 2014, criou o perfil no Instagram @_ocinefilo (O Cinéfilo), onde vem compartilhando sobre os filmes que gosta e demais coisas relacionadas ao cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Creio que seja o Cinemark do Shopping Internacional de Guarulhos. Eu tenho um vínculo emocional e de memória com esse cinema, porque foi onde vi meu primeiro filme junto com meus pais e, desde então, nunca mais paramos.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Forrest Gump.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Possivelmente, a pergunta mais difícil dessa entrevista. Diretores como Billy Wilder, Orson Welles, Robert Zemecks, Alfonso Cuarón e David Fincher têm grande influência em meu gosto por cinema e em trabalhos que venho desenvolvendo. Porém, o meu diretor favorito, aquele em quem me espelho e busco referências, é Steven Spielberg. Meu filme favorito dele é A Lista de Schindler.

PS: Jogador Nº1 e Prenda-me Se For Capaz têm um lugar especial em meu coração.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O que Fernando Meirelles fez em Cidade de Deus é singular e se mantém como um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos. O processo de criação, fotografia, montagem e direção são alguns fatores que eu o coloco no topo da minha lista nacional.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Um cinéfilo é aquele que não limita à realidade; ele anseia mais do que sua vida cotidiana. Com o cinema, nós encontramos um lugar para viver, sonhar e se emocionar além do ordinário.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu não classifico aqueles que assistem filmes do Truffaut, obras dos aos 40 e filmes em preto em branco como “os que entendem de cinema”. Ou aqueles que se emocionam com Velozes e Furiosos como “analfabetos cinematográficos”. A beleza dos filmes é permear entre todas as camadas.

Redes de cinema precisam de público, precisam de consumidores. Por isso, filmes de “nicho” ou o que as pessoas denominam como “filmes cult” não têm tanto espaço em grandes redes comerciais. O público-alvo de tais filmes não é tão expressivo quanto a audiência de blockbusters.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Creio que não. É fato que as redes de cinema terão que pensar em formas de evolução para o público futuro que vive o dilema “pra que vou ir ao cinema se o filme vai chegar no serviço de streaming que tenho em casa”. Eu vejo isso com bons olhos. Quanto maior a competição dos grandes serviços de exibição e maior a demanda por filmes por parte da audiência, maiores serão as oportunidades de nós, produtores, fazermos filmes :) 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Voz do Coração, filme francês de 2004, e Relatos Selvagens, filme argentino de 2014.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

 

Seguindo as devidas medidas de segurança e distanciamento impostas pelas autoridades, sou a favor da reabertura.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Um cinema que conta com profissionais muito talentosos e com boas histórias para contar. O que dificulta sua propagação internacional seja, talvez, o grande teor político parcial de algumas produções e a falta de um acordo de distribuição internacional.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a humanidade brincando de ser deus; é a criatura se aventurando nas terras do criador. Cinema é  para emocionar e fazer sonhar, e é algo que lida com coisas além das palavras.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Em 2005, fui ao cinema assistir a animação Madagascar e, de repente, no meio do filme, a projeção trava e começa a aparecer um monte de símbolos na tela. Todos no cinema ficaram sem entender coisa alguma. Depois de um tempo no escuro sem entender o que estava acontecendo e de diversas tentativas de fazer a projeção funcionar novamente de onde parou, os funcionários foram pedir desculpas e devolver o dinheiro de cada um presente no cinema naquele dia.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não sou capaz de opinar, hahaha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

É essencial. Diretores que marcaram a história foram cinéfilos. Creio que a melhor resposta para essa pergunta foi dita por Quentin Tarantino: “Se você verdadeiramente ama o cinema, com todo o seu coração e com paixão o suficiente, você não pode deixar de fazer um bom filme”.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

A lista é extensa, hahaha. Poder Sem Limites (2012), Este É o Meu Garoto (2012), O Pequenino (2006)...

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Gosto e reconheço a importância de Nanook, O Esquimó (1922) e gosto bastante também da série documental Nosso Planeta, disponível na Netflix.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?   

Já bati palmas e comemorei com algumas cenas e desfechos, mas do meu jeito mais reservado.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu? 

Adaptação (2002).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Observatório do Cinema e Adoro Cinema.   

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #219 - Letícia Oliveira


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Várzea Grande (Mato Grosso). Letícia Oliveira tem 18 anos é dona da página no Instagram @espacogeekcinema . Cinéfila desde os 12 anos, faz umas críticas legais e não perde uma boa leitura.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Minha sala de cinema preferida é a sala do cineflix perto da minha casa, especificamente a sala 3 que é a maior rs.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que me marcou foi Star Wars estava tendo maratona na minha cidade, e resolvi dar uma chance. Simplesmente foi amor à primeira vista, tanto que virou minha saga predileta, e foi um dos motivos de eu começar a ir mais no cinema e fazer minhas críticas em um caderninho.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Atualmente meu diretor favorito é um Jordan Peele, os filmes deles trouxeram uma inovação ao gênero suspense, e tem várias críticas sociais e eu adoro isso. Meu filme favorito é Nós.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional predileto credo que seja Que Horas Ela Volta?, a atuação de Regina Casé me fascinou tem um equilíbrio perfeito entre drama, alegria ela saber trazer um alívio cômico nos momentos mais difíceis.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo pra mim, é ser apaixonado por cada detalhe do cinema, saber desfrutar de um bom filme, perceber detalhes, uma alegria imensa ao sentar na sala de cinema sem saber explicar as vezes o porque de tanta alegria com admiração e muito respeito a todo o trabalho feito na tela.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Na verdade creio que não, acho que muitas pessoas pensam isso após analisar as programações do seu cinema local, os horários que colocam certos filmes e a quantidade desvalorizando diversos lançamentos incríveis.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu acho que sim infelizmente, eu espero que não mas ainda mais no momento que passando agora muito difícil as pessoas se acostumaram com as plataformas de streaming, Disney+, Netflix estão tomando conta e pela facilidade do acesso em casa pode ser que acabe os cinemas num futuro, inclusive diversos filmes que seriam lançados nos cinemas agora estão indo pra plataformas de streaming já é um grande sinal.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou falar de um filme que estreou mês passado e não vi quase ninguém falando sobre, Enquanto estivermos juntos é um dos filmes mais emocionantes que já vi, fala sobre religião, fé, lidar com a perda é baseado em fatos reais, acho que todo mundo deveria dar uma chance.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Aqui na minha cidade as salas de cinema já estão funcionando, com todas as medidas, distanciamento de 2 cadeiras. Pra mim não vejo nada de errado em abrir os cinemas é a escolha de cada um ir ou não e quem for se se cuidar bem do jeito certo pode matar a saudade sem preocupação.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é muito desvalorizado infelizmente, mas acho que cada vez mais ele está ganhando seu espaço e reconhecimento e logo será reconhecido no mundo todo se seguir o caminho certo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Acho que não tenho um predileto, mas adoro o trabalho do Wagner Moura, Selton Mello e Alice Braga.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é contar histórias que nos inspiram e ensinam.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Inusitada que eu me lembro foi quando fui assistir Alvin e os Esquilos com a minha prima e ela foi rir e o dente dela caiu kk foi muito engraçado e inesperado.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Eu particularmente nunca assisti mas já ouvi falar e percebo o quanto foi polêmico e como classificação indicativa é importante pra um filme.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que precisa ser cinéfilo tem muitos mitos que fizeram filmes incríveis, venceram Oscar e não são cinéfilos tem uma grande diferença entre uma coisa e outra.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cemitério Maldito o remake atual foi uma vergonha na minha opinião pro original, nunca fiquei querendo ir embora de um filme igual nesse.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Acho que não tenho um documentário predileto.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, Mamma Mia e Bohemian Rhapsody por ser muito fã dos artistas e ver como eles foram lindamente interpretados nos filmes.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não assiste muitos filmes dele, mas lembro de um Reféns que eu gostei muito da atuação dele no filme conseguia me deixar ansiosa e aflita.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete, leio direto e a acompanho o canal no YouTube tam
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Crítica do filme: 'Aqueles que Ficaram'


Almas solitárias em tempos incertos. Dirigido pelo cineasta francês Barnabás Tóth e indicado da Hungria ao Oscar 2021 na categoria Melhor Filmes Estrangeiro, Aqueles que Ficaram é construído através de arcos objetivos dentro de um roteiro pouco contextualizado. Somos testemunhas de um grande bate-papo através do cotidiano e das atualizações sobre o mundo entre duas pessoas de gerações diferentes mas que de alguma forma sofreram com a segunda guerra mundial. Religião, família, pensadores, os assuntos vão variando conforme o tempo passa, um ao outro se ajudam. Lento e confuso em alguns momentos, o projeto necessita de paciência para refletirmos sobre o desenvolvimento dos personagens e sobre o contexto em que estão.


Na trama, conhecemos o médico ginecologista Körner Aladár (Károly Hajduk), um homem com um passado marcado por dor e sofrimento que atualmente, em um mundo no pós guerra, busca algum novo sentido para sua vida. Certo dia, acaba conhecendo a jovem Klára (Abigél Szõke), uma inteligente menina que também, mesmo com pouca idade, sofreu com a perda de parentes queridos na guerra, e logo os dois formam uma conexão, e buscam se ajudar na retomada de suas vidas longe da guerra.


A força de um abraço. A relação que acontece é de ajuda mútua, a solidão em que ambos vivem se tornam grandes debates sobre pensadores e diretrizes do mundo onde vivem. Ambos assíduos leitores, Klára inclusive sabe algumas línguas, conseguem se conectar pela inteligência também mesmo o passado de ambos sendo um grande tabu que não comentam muito nem um com o outro. Por simples gestos, vamos decifrando aos poucos a personalidade de ambos, principalmente da jovem que escreve mensagens em forma de diário para os pais que não estão mais perto dela.


Aqueles que Ficaram é melancólico em sua essência, também não é para menos, é ambientado em um momento de reconstrução de milhares de vidas que sofreram os horrores de uma guerra que deixou sequelas para sempre em nosso planeta.

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