17/02/2021

Pausa para uma série - Amor e Anarquia


A vida robótica em contraponto às belezas das imperfeições que existem no mundo. Criado pela cineasta Lisa Langseth, do ótimo filme Hotell (filme com a ganhadora do Oscar, a sueca Alicia Vikander), Amor e Anarquia, seriado sueco disponível na Netflix, é a princípio uma serie despretensiosa que vai crescendo conforme entendemos a caótica e monótona vida de uma mulher na casa dos 40, sonhadora, que vive uma rotina pouco intensa para seus sonhos. A chegada de um jovem estagiário à sua vida, mexe com tudo que estava congelado dentro de seus desejos. Além de uma intensa e provocante história de amor, o seriado tem o mérito de levantar excelentes discussões sobre o complexo mercado editorial e as transações do antigo para o novo: do físico para o digital. Ansioso para uma quem sabe segunda temporada. Grata surpresa.  


Na história, conhecemos Sofie (interpretada de maneira fabulosa pela excelente atriz Ida Engvoll) uma mulher com dois filhos, dentro de um casamento com problemas, que tem o pai indecifrável dentro de suas agonias. Ela começa um novo trabalho em uma editoria como consultora de novos negócios e responsável pela complicada transição do físico para o digital dessa empresa que já existe faz muito tempo. Nessa mesma empresa conhecemos Max (Björn Mosten), um estagiário de informática, que logo entra em atritos com Sofie. Numa noite, onde Sofie fica até tarde no trabalho, Max a flagra se masturbando em sua mesa, coletando provas sobre o ocorrido. No dia seguinte, parece que um jogo de chantagem começa mas Sofie embarca na ideia, ambos começam a jogar um provocativo game e assim a se aproximar de maneira intensa e provocante.


Viciante de maneira inesperada, Amor e Anarquia é curta em seus episódios, cerca de 30 minutos em média, mas intensa conforme toda história bem contada de paixão, sonhos e liberdade de expressar o que seus personagens sentem. A anarquia contida no título é o paralelo que fazemos, baseado na negação do princípio da autoridade dos protagonistas: Sofie em contraponto ao pensar de seu chato marido que não a deixa ser quem ela quer ser e em Max no seus dilemas familiares e dúvidas sobre sua vida profissional.


Há dois elos que se encontram toda vez dentro de uma forte interseção: a história de amor atrativa entre um jovem de 20 e poucos anos e uma mulher mais madura perto dos 40 através do inusitado preenchimento de lacunas deixadas para trás, e, o dia a dia complicado de uma editora em plena mudança, fusão, digitalização que precisa unir forças para combater a falência. O tom é cômico, há dramas profundos ligados à culpa, dúvidas, mas o que predomina é ótimo senso humor embutido nos carismáticos personagens (principais e coadjuvantes).

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16/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #280 - Laura Santana


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Aracajú (Sergipe). Laura Santana tem 32 anos, é cinéfila desde sempre (daquelas crianças que viravam a noite vendo o Corujão e a Sessão da madrugada do Sbt, sabe?!). É psicóloga e acredita que o desejo de trabalhar com pessoas e entender suas histórias veio do amor pelo cinema. Tem o instagram @indicalaura, onde dá indicações de filmes e outras obras de arte que lhe chamaram a atenção. É de Itabi, uma pequenina cidade do sertão de Sergipe, e atualmente mora em Aracaju/SE.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em Aracaju temos alguns cinemas nos shoppings e o Cine Vitória, um cinema que funciona num prédio no centro da cidade voltado ao comércio, turismo e divulgação do patrimônio histórico. Eu particularmente gosto mais deste cinema, pois é menos comercial e trás obras menos conhecidas do grande público – através da sua programação, conheci muitos filmes e diretores, como o cinema do leste europeu, por exemplo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Por muitos muitos anos só assisti filmes pela televisão, pois em Itabi não tínhamos mais salas de cinema. Em Aracaju, o primeiro filme que vi no cinema foi Harry Potter e a pedra filosofal, e lembro de me apaixonar pelo universo HP e pela sala enorme, escura e cheia de efeitos sonoros.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Que pergunta ingrata! Acho que o primeiro diretor que me chamou atenção para o estudar a fundo foi Tarantino, por seu estilo particular nos diálogos e na produção de arte. Dentre os filmes dele, Cães de Aluguel tem um espacinho especial no meu coração, por sua construção de tempo, seus personagens, enfim...

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Outra resposta difícil! Acredito que Central do Brasil, por sua beleza triste, pelos relatos de migrar e tentar mudar de vida (como vejo ainda hoje no sertão nordestino), pelo crescimento dos personagens.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amar filmes, apreciar os diferentes estilos, conseguir enxergar diversão em todas as histórias (mesmo que mal produzidas).

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, o cinema é um comércio como qualquer outro, então a maioria das grades de horário são voltadas ao que vende, ao que gera lucro, não à qualidade ou diversidade.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito. Acho que diminuirão de quantidade, pois muitas vezes vamos preferir assistir um streaming em casa pela comodidade, segurança e menor custo. Mas para uma elite que possa pagar, a experiência do cinema ainda existirá.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Faca na Água de Polanski. Um filme que se passa basicamente num barco, com três pessoas, mas a tensão vai crescendo, as brigas vão se intensificando, os silêncios vão sufocando... Achei muito bom, principalmente pelo pouco dinheiro e experiência do diretor.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, é contraproducente, temos que cuidar da saúde coletiva em primeiro lugar.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é bem amplo e eclético, como de tantos outros países. Há comédias mais rasas, há terror psicológico, há drama familiar, enfim é aberto a todos os gostos. Meu desconforto é: muitos filmes com muita qualidade não chegam ao grande público. Acredito que isto é uma delimitação do mercado, um preconceito que ele gera e ele mesmo reforça. Mas os serviços de streaming podem começar a dar mais diversificação para um público mais amplo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello. Adoro sua habilidade de trabalhar com diferentes emoções, fazer o espectador sentir e perceber o que ele quer.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“A vida em recortes.”

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

No ensino médio, às vezes saía da escola com minhas amigas e íamos passear no shopping e ver algum filme. Numa vez, somente nós estávamos na sala de cinema – éramos em 6 numa das maiores salas do cinema, daquelas que cabem mais de 300 pessoas. Era um filme de Angélica, então nas músicas e gente se levantava e cantava alto! Foi bem divertido!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

A criatividade e a inventividade brasileiras.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, acho que ele precisa dominar o que ele quer passar com aquela história, entender o roteiro e refletir em como passar tudo aquilo para o espectador sem o deixar explicado demais ou confuso demais.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa, difícil! Até quando o filme é ruim eu me divirto com as tosquices! kkkkk

 

17) Qual seu documentário preferido?

Edifício Master de Eduardo Coutinho. Ele conseguiu por em tela o que eu já ficava pensando desde criança: quantas histórias acontecem em cada uma daquelas janelinhas?! Coutinho conseguia mostrar a beleza do cotidiano.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, Bacurau. Foi um prazer ver no cinema e aplaudir de pé no fim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Senhor das Armas sem dúvidas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Plano Crítico e Cinema em Cena.

 

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15/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #279 - Rudnei Ferreira


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Belo Horizonte (MG). Rudnei Ferreira tem 30 anos é nascido em Piracicaba/SP, atualmente morando em BH. Criador e administrador do blog: bloggerrecomendofilmes.blogspot.com e da página no Instagram: @recomendo_filmes. Apaixonado por tudo relacionado a sétima arte.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não tenho uma sala de cinema pela qual tenha preferência. Todas que frequento atendem ao que eu procuro, ou seja, conforto e uma boa exibição do filme que vou assistir.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

São vários os filmes que me fazem pensar assim. Porém, acho que o primeiro filme que despertou isso em mim foi Jurassic Park de 1993 dirigido por Steven Spielberg. O filme me deixou realmente deslumbrado na época e mesmo o revendo nos dias de hoje, continuo fascinado pela sua qualidade. É um filme que envelheceu absurdamente bem e sem dúvida despertou em mim esse pensamento.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Entre tantos diretores que eu admiro, sem dúvida, um que me vem na cabeça é Steven Spielberg, um gênio da sétima arte. E entre inúmeros filmes, considero A Lista de Schindler sua obra-prima e sem dúvida, um dos meus favoritos.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida. É, na minha opinião, uma obra-prima do cinema nacional, pela forma como adaptaram com muito carinho e cuidado a inesquecível obra de Ariano Suassuna. O roteiro é incrível, muito bem escrito, com ótimos diálogos, cenas memoráveis, uma produção caprichadíssima e atuações que beiram a perfeição. Sem contar que o longa é uma linda homenagem a cultura nordestina, que é extremamente rica. Enfim, é um filmão dirigido por Guel Arraes.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é entender a arte cinematográfica como um todo e se permitir mergulhar por mundos, universos e histórias incríveis, despertando nossa imaginação e nos permitindo sonhar, deixando durante um período de tempo a turbulência do nosso cotidiano de lado. Ser cinéfilo é se apaixonar por uma das artes mais completas que existe.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Normalmente, isso era o certo. Mas como nós bem sabemos, mesmo o cinema sendo uma arte espetacular, é também uma grandiosa fábrica de se fazer dinheiro. Embora um grande amante da sétima arte esteja por trás de tal programação, ele também quer ganhar pelo que ele exibe. Mas isso não é algo ruim. Ruim mesmo é quando os responsáveis se preocupam apenas com os lucros e acabam entregando qualquer coisa para o público.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Do fundo do meu coração, eu espero que não. Mesmo que hoje em dia exista vários serviços de Streaming e que eles tragam mais facilidade e comodidade na hora de ver um filme, nenhum deles jamais conseguirá reproduzir a sensação incrível que é curtir um filme no cinema, diante de uma tela enorme e uma qualidade de som superior, o que contribui para uma total imersão da obra.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Essa é difícil rsrsr. Não sei se muitos viram, mas eu recomendaria Rafiki, um excelente drama/romance do Quênia dirigido por Wanuri Kahiu. Mais pessoas deviam ver essa obra, pois é um filme belíssimo em questão de história e produção, além de trabalhar com temas fortes e sensíveis. Ótimo filme!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não acho que deveria abrir. É fato que o cinema faz falta, mas a saúde e principalmente a vida são muito mais importantes. Para ter mais certeza e segurança, é melhor esperarmos pela vacina. O cinema conta com 125 anos de história, portanto, vale a pena se aventurar por essa história enquanto aguardamos a imunização.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O nosso cinema brasileiro tem muitos exemplos de excelentes filmes. Mesmo que em alguns casos, esses filmes não contem com os mesmos orçamentos exorbitantes dos filmes de Hollywood, temos vários exemplos de filmes de muita qualidade em questões de produção, roteiro, direção e atuações. Infelizmente, muita gente considera o cinema nacional ruim porque para cada filme muito bom como Tropa de Elite, Central do Brasil, O Auto da Compadecida e Bacurau, também temos bombas como Os Parças, É Fada e Até que a Sorte as Separe. Ai não dá. Mas se até lá fora existem filmes de péssima qualidade, porque aqui não pode ter também, né? O que não pode acontecer é alguém dizer que nenhum filme do cinema brasileiro é bom, o que é um absurdo de se dizer.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Quando um filme é com o Rodrigo Santoro ou o Wagner Moura, sempre fico de olho e procuro conferir. Os dois são ótimos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

‘’Uma das melhores invenções da humanidade’’.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Lembro como se fosse ontem. Durante uma sessão de Resident Evil 3, tinha uma pessoa quase do meu lado filmando a tela com uma câmera, obviamente para vender a cópia na pirataria. De repente, outro chegou bem do lado dele e perguntou ‘’Ei! Tá gravando aí?’’. A pessoa que estava filmando ficou brava porque tinha estragado a filmagem dela e eu me segurei para não rir. Depois disso, ele desligou a câmera e terminou de ver o filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Simplesmente um dos piores e mais ridículos filmes do cinema nacional. É o típico exemplar de filme que envergonha a história do nosso cinema. Se pudesse, eu apagaria para sempre da memória a existência dessa porcaria.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Acredito que se o cineasta for dedicado, comprometido e tiver força de vontade, ele é capaz de entregar um bom filme. Mas é claro que, mesmo que não seja um cinéfilo, ele precisa conhecer bem a linguagem cinematográfica.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Birdemic: Shock And Terror de 2010. Meus olhos sangraram ao final do filme. Chamar essa bomba de ruim seria elogio.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Documentário é um gênero que tenho pouco contato. Mas se fosse citar um que gostei muito, ficaria com Homecoming: Beyoncé Knowles-Carter’ da Netflix, produzido e dirigido pela cantora Beyoncé. Tem uma trilha sonora ótima e os temas abordados são muito legais.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Para muitos filmes. O último filme que fiz isso foi Vingadores Ultimato. A Marvel mandou bem demais com esse filme.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Posso citar dois? Mandy de Panos Cosmatos e A cor que caiu do espaço de Richard Stanley.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cinema Em Cena do ótimo Pablo Villaça e labcine.net do meu parceiro
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Crítica do filme: 'Giraffe'


A complexo paradoxo emocional dos encontros e desencontros. Existem filmes que de tão profundo em suas buscas por reflexões podem acabar se perdendo, esse é exatamente o grande problema de Giraffe, co-produção Dinamarca/Alemanha, escrito e dirigido pelo cineasta dinamarquesa Anna Sofie Hartmann em seu segundo longa-metragem. Exibido no Festival de Locarno, e com jeitão de documentário, o projeto é uma busca por constante por respostas sobre memórias, as interseções emocionais que traçam em nossas vidas e as escolhas que precisamos tomar muitas vezes baseadas mais em lealdades do que propriamente ditas no querer.


Na trama, acompanhamos Dara (Lisa Loven Kongsli) uma pesquisadora voltada à área de antropologia cultural e social que parece registrar um estudo sobre habitantes de uma cidadezinha na Dinamarca (parece ser uma ilha) que terão suas casas demolidas (e assim memórias perdidas) para a construção de inovador túnel que ligará o país até a Alemanha. Se estabelecendo no lugar durante o período da pesquisa, acaba conhecendo o jovem polonês Lucek (Jakub Gierszal) com quem tem um affair.


Há alguns focos abordados como pequenas subtramas que giram em torno do eixo do assunto mais relevante que é a questão da etnologia e as memórias, quase uma pausa dramática em formato documental que se tornam mais interessantes do que a ficção proposta em si sobre duas almas bastante diferentes que se encontram no momento errado de suas vidas. O complicado do filme é quando se propõe a paralelos entre o que acontece na vida da personagem principal e as memórias dos outros. O refletir sobre a vida é algo muito particular para ser filmado e se não for bem definido por imagens, ações ou sensações que se conectem de alguma forma com quem assiste, vira um grande sonífero filmado.

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14/02/2021

Crítica do filme: 'A Perfectly Normal Family'


É difícil aceitar as pessoas do jeito que são? Selecionado para o Festival de Rotterdam do ano passado, o longa-metragem dinamarquês A Perfectly Normal Family conta a trajetória de um homem que quer trocar de gênero o que o leva a um enorme conflito familiar. Dirigido pela cineasta holandesa Malou Reymann, de apenas 32 anos e em seu primeiro longa-metragem como diretora, o projeto navega pela visão das jovens sobre o divórcio, principalmente a irmã menor com todas as suas dúvidas e incompreensões que a levam em uma jornada de redescoberta do pai. Belo filme. Disponível no MUBI.


Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Thomas (Mikkel Boe Følsgaard), um pai de família que tem duas filhas, Caroline (Rigmor Ranthe) e Emma (Kaya Toft Loholt), com a esposa Helle (Neel Rønholt). O pai é muito carinhoso com as filhas com quem possui uma enorme ligação. Certo dia, após tentarem adotar um cachorrinho, uma grande surpresa acontece quando Thomas e Helle anunciam para as filhas o divórcio e ainda que Thomas fará uma cirurgia para virar mulher. O tempo passa um pouco e agora Thomas, já com corpo de mulher, se chama Agnete e precisará compreender e ser compreendido no dia a dia com as filhas.


O ótimo roteiro busca a todo tempo nos trazer o pensamento de dentro da família e de fora para refletirmos sobre a ótima temática. Sessões de acompanhamentos de Agnete com a família, no início, mostram os pontos de vistas variados sobre a situação. Mesmo não existindo padrão de regras sociais, a opinião dos outros muitas vezes machuca e isso é sentido na pele de várias formas por Agnete. O relacionamento entre pai e filhas é abalado por um instante e uma longa caminhada será necessária para que todos se entendam como uma família cheia de amor que sempre foram.


Pequenos avanços na linha temporal, que também mostra a relação familiar quando as irmãs eram pequenas, vão dando um ritmo cadenciado e muito sensível a tudo que acompanhamos. Uma das grandes subtramas são os embates entre o pai, agora já Agnete, e a filha menor Emma. O pai sempre a incentivava a gostar de futebol e de repente até isso modificou o que leva a jovem personagem a entrar em um processo de amadurecimento constante se esforçando para entender as escolhas do seu tão amado pai. Um ótimo filme europeu, merecia a tela grande e lindos debates sobre o tema.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #278 - Dani Furlan


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Juiz de Fora (MG). Dani Furlan tem 27 anos, é um jornalista especializado em cinema e storytelling transmídia. Atualmente é coordenador na produtora MOVA Filmes e também trabalha como escritor, já tendo publicado dois livros: "Momentos da Rotina" e "De Primeira Viagem: personagens da Europa".

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Rede Cinemais. Possui mais salas e, consequentemente, a maior variedade de filmes.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Vida de Inseto.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick. 2001 e Laranja Mecânica.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus. É a junção perfeita entre um ótimo roteiro, uma direção impecável e uma montagem exemplar.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser apaixonado pelo cinema a ponto de ver filmes ou consumir conteúdo sobre filmes em praticamente todo tempo livre.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Promising Young Woman. No Brasil, vai levar o título Bela Vingança.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Definitivamente não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Um dos melhores do mundo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É curioso como as cores do mundo real parecem muito mais reais quando vistas no cinema. (frase de Laranja Mecânica).

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma troca de socos por conta de lugar errado.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Precisa ser apaixonado por narrativas. Se for cinéfilo, melhor ainda.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cats.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Jogo de Cena.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Apenas cinco vezes: Bacurau, Amour, Parasita, Vingadores: Ultimato, La La Land.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

ScreenRant, Cinema em Cena, Variety. 

 

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Crítica do filme: 'O Tigre Branco'


Até onde vamos para conseguir tudo que queremos? Falando sobre limites, oportunidades, diferenças entre classes sociais em um país com chances para alguns e outros com grande probabilidade de não conseguirem sair da linha da pobreza e de alguma forma dentro do mesmo pacote que filmes como O Expresso do Amanhã, High-Rise e outros, Tigre Branco, longa-metragem disponível na Netflix é um filme que vai da ambição ao absurdo em segundos. Um belo trabalho, escrito e dirigido pelo cineasta norte-americano Ramin Bahrani, com roteiro adaptado do livro The White Tiger do escritor indiano Aravind Adiga (seu romance de estreia).


Na trama, conhecemos um jovem chamado Balram (Adarsh Gourav) que nasceu em uma pequena comunidade nos arredores de uma cidade indiana. Sem muitas oportunidades (as que tem outros tiram dele), largou a escola cedo e não sabe nem de longe regras básicas de higiene. Mas querendo se tornar alguém na vida, embarca em uma viagem até a casa de um multimilionário onde consegue ser motorista de Ashok (Rajkummar Rao). O tempo passa e muitas vezes, mesmo sendo muito dedicado, Balram é humilhado. Mas tudo muda em um dia em que acontece um acidente de carro, fato que fará o protagonista abrir os olhos para a realidade que lhe é imposta e ir atrás, custe o que custar, por um lugar ao sol.


Ao longo dos pouco mais de 120 minutos, vamos acompanhando os motivos e ações que levaram o protagonista chegar a ser um empreendedor do ramo de transportes. O roteiro nos mostra o ponto futuro e vai contando aos poucos os desenrolares dos fatos. Bruto, intenso e mostrando as dolorosas verdades da diferença entre classes, chegamos a muitas conclusões em O Tigre Branco. Enxergando apenas um modo de viver (o vencer), nada vira obstáculo para que chegue o destino do complexo personagem principal.


O filme é violento em muitos sentidos, possui cenas fortes. A desconstrução do protagonista chega em forma de rebater com violência tudo o que sofreu de humilhações e até mesmo assinatura contra sua vontade. É um filme de drama profundo com cenas que causam impacto. Pouco espaço há para nos mostrar os contrapontos da cultura, religião e até mesmo costumes de uma grande cidade, superpopulosa, e a luta pela sobrevivência. O filme é todo focado na mudança drástica de direção que o protagonista se submete. Vilões de montão, mas mocinhos? Será que existem?

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13/02/2021

Crítica do filme: 'Ponto Vermelho'


Se você fosse o mar, eu seria uma onda. Em seu segundo longa-metragem como diretor, o cineasta nascido em Lund (Suécia) Alain Darborg traz para o público um thriller muito bem amarrado em um drama conjugal onde o castelo de cartas construído se descontrói em instantes quando um plot twist inesperado surge. Disponível na Netflix, o projeto sueco traça um pequeno raio-x sobre as linhas nada amistosas entre os provocados e os provocadores dentro de um doentio jogo mortal.

Na trama, conhecemos o casal Nadja (Nanna Blondell) e David (Anastasios Soulis), a primeira tem o sonho de ser médica, o segundo é um recém-formado engenheiro. Nos arcos iniciais, a um pequeno vai e vem na linha temporal para entendermos um pouco sobre como o casal já enfrenta várias fases boas e ruins ao longo desse relacionamento. Certo dia, após uma terrível semana com uma série de discussões entre os dois, David surpreende a amada com um plano de mini-férias com direito a caminhar nas montanhas e acampar sob a aurora boreal. Nadja está grávida e ainda busca coragem para conversar sobre isso com David. Chegando até o local, o casal não imaginava que seria alvo de um grupo ou alguém que não quer que eles deixem o lugar com vida.


O mérito da direção é buscar conseguir transmitir além das incertezas, até mesmo alucinações, por imagens e ações todo o caos emocional que surge para a dupla de protagonistas. Mesmo com o início construtivo para entendermos melhor a forte relação que possui o casal, quando vira-se a chave para thriller tudo fica um pouco confuso, até alguns fragmentos de flashbacks que não indicam muita coisa. A parte essencial para entendermos os porquês que surgem lá na frente, vem do início de relacionamento deles, após o pedido de David e num instante seguinte morando juntos, no que vira um conturbado e cheio de desilusões aos montes onde logo início o noivado vai de mal a pior. Mas porquê isso? Só por causa do relacionamento que esfriou ou tem mais alguma coisa? Um fato inusitado é que eles moram ao lado de um cinema, talvez alguma licença cinéfila dos roteiristas.


O roteiro é mais fácil de ser analisado quando chegamos ao final e poucas peças ficam sobrando no tabuleiro. A força em cena dos atores é fundamental para nos chocarmos com as revelações que ocorrem no decorrer do projeto. Se fosse pra definir o filme em poucas palavras, diria assim:  Um forte clima de tensão na neve, onde nada é o que parece.

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Crítica do filme: 'Quando a Vida Acontece'


As razões profundas de um bem-estar existencial em contraponto aos obstáculos que a vida nos traz. Indagando questões dentro de um relacionamento repleto de sentimentos perdidos e mal analisados após situações de decepções no passado, Quando a Vida Acontece, disponível no catálogo da Netflix, e indicado da Áustria ao Oscar 2021, é um drama interpretativo onde o espectador é testemunha ocular de tentativas de resoluções de problemas de um casal. O filme é dirigido pela cineasta austríaca Ulrike Kofler (em seu primeiro longa-metragem) e com roteiro baseado em um texto do escritor suíço Peter Stamm.


Na trama, conhecemos o casal Alice (Lavinia Wilson) e Niklas (Elyas M'Barek), que estão passando por uma fase muito complicada em seu relacionamento, com inúmeras tentativas fracassadas de ter um filho. As opções que existem, como adoção geram conflito por linhas de pensar diferentes. Perto dos 40 e poucos anos, e sem muitos respiros nas tentativas de renovar de alguma forma o casamento, resolvem sair de férias para um lugar quase isolado, uma espécie de clube com casas pequenas e confortáveis. Só não esperavam serem atingidos pela rotina do casal que aluga a casa vizinha a deles.


Nossos olhos seguem Alice por todos os instantes. A personagem mostra uma tristeza constante e eminente desconstrução de tudo que entendera sobre a vida até aquele momento. Mesmo com argumentos diferentes e reflexivos dos que acabam estando ao seu redor, ela embarca em uma jornada isolada dentro de uma solidão complicada de encontrar a luz no fim do túnel. Seu marido, Niklas, também possui bloqueios quando falamos sobre a intimidade do casal, unidos com os olhos acordados mas distantes quando pensamos nos impactos sofridos por não conseguirem ter filhos em um recém passado.


Assim, quando os vizinhos de temporada chegam na vida do casal, tudo que estava por dentro acaba explodindo por conta de comparações. Bem sucedidos e com dois filhos, parecem ser a família perfeita à primeira vista mas pelos olhos dos personagens principais vamos acompanhando que não à perfeição completa quando pensamos em família, o que acaba gerando uma série de pensamentos conflituosos em Alice principalmente. A força do filme está exatamente aí: nos contrapontos que a vida nos traz.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #277 - Bruna Las-Casas


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cariúcha (nascida em Porto Alegre, mas mora no Rio de Janeiro, desde 2016). Bruna Las-Casas, tem 37 anos, formada em Psicologia, mas atua no audiovisual desde 2017: começou como auxiliar de produção de plateia, mas atualmente é assistente de produção.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Sou a rainha do depende (isso já explica a minha formação) gosto do Cinema Roxy por ser uma sala de cinema na rua, dá aquele "felling" de vintage, mas também gosto do Cinemark RioSul, aquelas salas de shopping de cinema com mais opções de horário, mais opções de filme e mais opções de pipoca (risos).

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eita, pergunta capciosa, eu não quero ser imprecisa na resposta, mas o primeiro filme que eu disse rapaz, quero saber mais sobre isso foi Jurassic Park, lembro que eu fiquei pensando, como eles reviveram os dinossauros!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito, eita... São vários, mas vou no basicão Tarantino e o melhor filme dele para minha humilde pessoa Pulp Fiction.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Resposta mais clichê impossível: O Auto da Compadecida, porque? Um filme bem feito, trabalho de arte sensacional, figurino impecável e os talentos... nooossa atuações impecáveis.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é respirar cinema, ser alguém que curte, comenta e debate um longa, não levando em consideração se o filme é comercial ou de festival. É ver o trabalho de uma equipe inteira, com um olhar de admiração e respeito. Valorizando o trabalho de quem ralou muito para isso.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu sempre acredito que sim.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu quero crer que não. Sei que a o felling é que com o streaming, isso pode vir a se tornar realidade, mas o cinema pra mim é igual ao rádio, ele não terá fim. As salas agregam, o problema só são os valores que ali se cobram, mas ninguém tem uma pipoca melhor que a sala de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Instinto (Instict) um filme com Sir. Hopkins e Cuba Gooding Jr, um excelente filme, para quem quer entender o fazer dac psicologia. E se me permite mais uma indicação Paulo, o apóstolo de Cristo - acho esse filme muito bom para os dias de hoje com atuações maravilhosas de Jim Caviezel e James Faulkner.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Nem pensar, com o público que temos, em que não há bom senso, onde não há amor ao próximo, onde as pessoas até hoje não entenderam a importância da máscara! Deixa o povo se vacinar.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro vem numa crescente em qualidade, e penso que deveríamos mostrar também que o cinema independente brasileiro é uma joia a ser lapidada. Tínhamos que mostrar que aqui dentro a produção não perde nem em história e nem em qualidade para as produções de fora.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Onde sonhar é mais que permitido, é essencial.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Fora eu chegar atrasada, derrubar toda a rica pipoca no chão e ouvir trocentos e cinquenta (shhh) não lembro de nada não!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

O filme da Carla Perez.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não se tiver a paixão e o conhecimento da obra, o "ser" cinéfilo não é uma questão

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O ataque a Bushwick...

 

17) Qual seu documentário preferido?

A Marcha dos Pinguins (amo, meu momento criança).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Pior que não! Não por não achar que mereça, mas por minha hipócrita "timidez".

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não sou fã do Nicolas Cage, mas como uma romântica incurável: Cidade dos Anjos.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema.

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12/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #276 - Giacomo Biaggio


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Jundiaí (São Paulo). Giacomo Biaggio tem 32 anos, é ator, comediante, músico. Produz vídeos sobre filmes e apresentações de stand up toda semana no canal do youtube.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu gosto muito do Cinépolis pela qualidade de som, imagem e a organização num geral é excelente. Tem filmes que não são blockbusters.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Era criança quando fui com a família assistir o desenho do Rei Leão (1994). E todo esse "Evento" de se programar para assistir um filme em tela grande foi incrível, fora o filme que por si só já é uma obra de arte .

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Existem vários, difícil escolher um só haha. O Tim Burton criar um filme incrível, sobre um o melhor pior diretor de todos os tempos, é algo que me fascina.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida. Ariano Suassuna está à frente da sua época, sabe escrever uma história com um humor, charme e foi muito bem adaptada ao cinema.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser como ser um sommelier de boas histórias.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. A começar pelo apelo do dinheiro, se não dá dinheiro não fica muito tempo em cartaz, o que é uma pena, pois existem obras deslumbrantes feita por artistas fantásticos mas nem sempre vimos em cartaz, ou quando vemos fica menos de uma semana.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Estou escrevendo um roteiro sobre isso para um vídeo no meu canal hahaa. Espero que realmente não acabe, mas creio que com a chegada da internet e dos streaming, o cinema pode virar um tipo de rádio, ainda não acabou, existe, mas não são todos que terão o hábito de frequentar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Rock of ages. É sagaz, inteligente tem um elenco muito talentoso, e bate uma nostalgia gostosa.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não... Por mais que goste muito e sinta saudade, ainda existe um vírus que mata pessoas né? :(

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente! Atores que se superam, diretores que estão sendo reconhecido lá fora, nós Brasileiros precisamos saber que somos bons sim.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernando Meirelles, espero um dia poder trabalhar com ele hahaa.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Viver histórias nunca antes contadas.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Logo que saiu o 3D fui assistir o Avatar e tinha uma criança que disse pra mim: "Moço não coloca os óculos agora pra não acabar a pilha" haha achei fofo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Horrosamente maravilhoso. De tão ruim fica bom hahaha Sério! Aquele final é muito engraçado.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não...Da mesma forma que um comediante pode fazer um ótimo drama.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não diria filme mas o final de HIMYM é tão ruim que é falta de respeito.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Dying Laughing. Pois a comédia é muito difícil.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Várias vezes hahau mas ultimamente tenho feito isso em casa por conta da pandemia, e minha mulher estranha haha.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Nicolas Cage não é um mal ator, ele só esqueceu como se atua hahaa. Inclusive ele já até ganhou um Oscar ... Eu gosto muito do 8 milimitros.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Site omelete que são dinossauros da internet e canais do YouTube que mais indico são: Leo Hwan e Meus dois centavos.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #275 - M.D.


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo (SP). M.D. tem 20 anos, desde cedo gosta de assistir filmes com temas e gêneros diversos em grandes quantidades. Tem preferência por filmes de terror, em especial zumbis! Espera que um dia o Cinema Nacional ganhe importância internacional maior.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não tenho uma específica, geralmente escolho pelo filme e horário, não endereço - geralmente filmes comuns à maior parte das programações também.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Como treinar o seu dragão (2010).

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Robert Zemeckis - A morte lhe cai bem (1992).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil (1998) - é um filme de grande sensibilidade e profundidade enquanto mantém uma boa dinâmica e fluidez na história.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Assistir filmes, e mais filmes, e mais filmes - e não perder a graça.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

É uma pergunta controversa no meu ponto de vista. O tipo de conhecimento sobre o cinema é diverso e variado, podendo ser apenas teórico ou assistido (por exemplo). Eu diria que vai de caso a caso, há diversos fatores a serem considerados.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

O tempo provavelmente terá a melhor resposta. Porém espero que não, há uma mágica nas salas de cinema que sinto não serem reproduzidas por assistir filmes em tevês ou computadores.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Aprisionados (2014).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não sei. É uma questão a qual não tenho muita propriedade a respeito das consequências.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Tem potencial para melhorar e expandir mais.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernando Meirelles (falando bem a verdade não assisto muitos filmes brasileiros, não repitam o mau hábito).

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Espelho fiel ou distorcido da realidade".

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

As pessoas começaram a gritar felizes a respeito de uma cena onde vilões se davam mal (Filme Bacurau - 2019).

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não sei a definição exata de cinéfilo, mas considero importante ter grande repertório para a produção de filmes.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Abraham Lincoln vs. Zumbis (2012).

 

16) Qual seu documentário preferido?

O que fazemos nas sombras (2014).

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Não, mas já chorei.

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Eu, Deus e Bin Laden (2016).

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Rotten Tomatoes, mas também procuro alternativos menos conhecidos para opiniões diferentes.

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Crítica do filme: 'O Samba é o Primo do Jazz'


Minha estranha loucura é tentar te entender e não ser entendido. Contando um pouco sobre particularidades da fenomenal artista brasileira Alcione, O Samba é o Primo do Jazz dirigido pela cineasta Angela Zoé, é um recorte curto, íntimo e bastante familiar de uma das musas da música popular brasileira. Contando bem rapidamente desde suas origens em São Luís no Maranhão, onde foi educada musicalmente por seu pai, um professor de música da cidade, o relacionamento forte e carinhoso com suas irmãs, até a descontração e profissionalismo com sua grande banda. Pra quem é fã é um prato cheio, para quem só conhecer pelo nome (ou pela voz marcante) é um bela oportunidade em saber mais sobre essa inigualável cantora brasileira.


Selecionado para a Mostra competitiva do Festival de Gramado, o projeto mostra Alcione em alguns momentos de sua vida entre 2017 e 2019. Em Lisboa onde está se preparando para um show e os momentos de descontração passeando pela cidade e sendo reconhecida por fãs pelas ruas, os nada tensos momentos nos ensaios perfeccionistas ao lado de sua excelente banda e seu amigo e experiente maestro que a acompanha a muito tempo, inclusive com intimidade de chama-la de ‘Patroa’ a todo instante. Vemos também profundos relatos das irmãs que a acompanham para todos os lados, sendo duas deles, inclusive da equipe que gerencia a carreira da cantora desde sempre (um dessas inclusive, além de gerenciar a carreira da irmã, ainda é Vocal de Apoio dela a mais de 30 anos).


Mesmo sendo bem superficial divide o foco entre a família e o lado profissional. O projeto é também um recorte de paralelos entre o momento atual da ícone da música com seu início avassalador nas casas musicais do RJ, onde conheceu o amigo Emílio Santiago e mais tarde o grande produtor musical Roberto Menescal. O Samba é o Primo do Jazz estreia nos cinemas brasileiros e depois entrará em algumas plataformas de streaming.

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11/02/2021

Crítica do filme: 'Relatos do Mundo'


Para seguir em frente, primeiro você deve se lembrar. Um dos filmes mais aguardados desse primeiro semestre no mais famoso streaming disponível em nosso país (já que por conta da pandemia pulou a janela cinema), o drama camuflado de faroeste Relatos do Mundo mostra a saga de um homem, ex-membro da infantaria do Texas que após encontrar uma criança perdida resolve ir atrás do paradeiro de seus parentes mesmo que isso o faça enfrentar inúmeras adversidades pelo caminho. Indicado a dois globos de ouro, o projeto dirigido pelo competente cineasta britânico Paul Greengrass e protagonizado por Tom Hanks sem grande profundidade passa por um pouco da história norte-americana, principalmente sob o ponto de vista sulista em tempos difíceis e com forte segregação racial.


Na trama, conhecemos o respeitado capitão Kidd (Tom Hanks), um homem que serviu ao exército, depois foi tipógrafo e após a guerra (onde perdera quase tudo que conquistara) abandonou a esposa anos atrás indo de cidade em cidade anunciando notícias que chegam do mundo através das poucas publicações jornalísticas que haviam naquele tempo (o longa-metragem é ambientado em 1870). Certo dia, saindo de uma cidade para outra, encontra uma jovem perdida, chamada Johanna (Helena Zengel), que fala um idioma indígena. Sem saber direito o que fazer para ajudar a menina, após tentativas de pedir ajuda para terceiros, resolve ele mesmo percorrer mais de 600 kms para levar a jovem a seu destino que é a casa dos únicos parentes vivos dela. Mas esse caminho não será fácil e ele precisará defender a menina e a si mesmo das garras de muitos inescrupulosos que atravessam o caminho deles.


Com um orçamento de um pouco menos de 40 milhões de dólares e tentando reproduzir um faroeste selvagem repleto de egocentrismo, Relatos do Mundo, mesmo tendo muitas questões interessantes, é profundo em poucos momentos e rasos e muitos outros. O roteiro, baseado no livro de sucesso da escritora norte-americana Paulette Jiles, acaba sendo muito ágil e eficaz para mostrar uma profissão inusitada na parte final do século XIX, onde por meio de nômades viajantes a população de alguns cidades tinham luz sobre notícias e histórias narradas, como a criação de ferrovias, pandemias como a meningite assolando o mundo além de histórias de superação e etc. Porém não consegue construir uma identidade forte para as confusas transformações dos personagens. Se analisarmos pela ótica dos sentimentos e as razões/porquês do capitão partindo do princípio que seu sonho é: visitar os lugares que ele lê para as pessoas, em busca do seu papel nessa história, o filme pode ganhar um bom fôlego para alguns. Hanks novamente mostra porque é um dos mais badalados atores das últimas décadas, competência sempre.

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