A vida robótica em contraponto às belezas das imperfeições que existem no mundo. Criado pela cineasta Lisa Langseth, do ótimo filme Hotell (filme com a ganhadora do Oscar, a sueca Alicia Vikander), Amor e Anarquia, seriado sueco disponível na Netflix, é a princípio uma serie despretensiosa que vai crescendo conforme entendemos a caótica e monótona vida de uma mulher na casa dos 40, sonhadora, que vive uma rotina pouco intensa para seus sonhos. A chegada de um jovem estagiário à sua vida, mexe com tudo que estava congelado dentro de seus desejos. Além de uma intensa e provocante história de amor, o seriado tem o mérito de levantar excelentes discussões sobre o complexo mercado editorial e as transações do antigo para o novo: do físico para o digital. Ansioso para uma quem sabe segunda temporada. Grata surpresa.
Na história, conhecemos Sofie (interpretada de maneira
fabulosa pela excelente atriz Ida
Engvoll) uma mulher com dois filhos, dentro de um casamento com problemas,
que tem o pai indecifrável dentro de suas agonias. Ela começa um novo trabalho
em uma editoria como consultora de novos negócios e responsável pela complicada
transição do físico para o digital dessa empresa que já existe faz muito tempo.
Nessa mesma empresa conhecemos Max (Björn
Mosten), um estagiário de informática, que logo entra em atritos com Sofie.
Numa noite, onde Sofie fica até tarde no trabalho, Max a flagra se masturbando
em sua mesa, coletando provas sobre o ocorrido. No dia seguinte, parece que um
jogo de chantagem começa mas Sofie embarca na ideia, ambos começam a jogar um
provocativo game e assim a se aproximar de maneira intensa e provocante.
Viciante de maneira inesperada, Amor e Anarquia é curta em seus episódios, cerca de 30 minutos em
média, mas intensa conforme toda história bem contada de paixão, sonhos e
liberdade de expressar o que seus personagens sentem. A anarquia contida no
título é o paralelo que fazemos, baseado na negação do princípio da autoridade
dos protagonistas: Sofie em contraponto ao pensar de seu chato marido que não a
deixa ser quem ela quer ser e em Max no seus dilemas familiares e dúvidas sobre
sua vida profissional.
Há dois elos que se encontram toda vez dentro de uma forte
interseção: a história de amor atrativa entre um jovem de 20 e poucos anos e
uma mulher mais madura perto dos 40 através do inusitado preenchimento de
lacunas deixadas para trás, e, o dia a dia complicado de uma editora em plena
mudança, fusão, digitalização que precisa unir forças para combater a falência.
O tom é cômico, há dramas profundos ligados à culpa, dúvidas, mas o que
predomina é ótimo senso humor embutido nos carismáticos personagens (principais
e coadjuvantes).