06/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #301 - Giulia Simmons


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Belo Horizonte (Minas Gerais). Giulia Simmons tem 18 anos, é estudante de jornalismo. Sonha em trabalhar com entretenimento e social media, e por isso resolveu criar um perfil no Instagram para falar sobre os milhares de filmes que assistiu durante seus quase 19 anos. Extrovertida e sempre com alguma coisa pra falar, se sentiu mais que acolhida ao ver a enorme comunidade de cinéfilos na rede social, e não se imagina fazendo outra coisa além disso.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto do Cinemark pois acho mais organizado e com muito mais opções de filmes, com lançamentos sempre pontuais, e com ótimo atendimento!

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Hobbit. Assisti o primeiro filme no cinema com minha mãe, em 3D, e ver todos aqueles efeitos e ainda parecendo que estavam a 30 centímetros de mim foi uma experiência única, que nunca irei esquecer. Foi praticamente mágico.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Gosto muito da Greta Gerwig, pois todos os filmes que já assisti dela me apresentaram vários olhares diferentes dos personagens, me fazendo entender vários pontos de vista! Acho que meu favorito dela é Lady Bird, pois me identifico com a Christine como uma adolescente indo para a vida adulta.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Acho que Leo e Bia, primeiro porque assisti no ensino médio e tem um significado sentimental para mim por isso, e segundo porque achei a história do filme muito emocionante, além de retratar personagens fáceis de se identificar e em uma época de muita importância para a história brasileira.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Gostar e apreciar a sétima arte como arte mesmo, ou apenas como lazer. Além de respeitar todos os gostos e e opiniões, já que o mundo do cinema é tão vasto, temos que ter em mente que nossas opiniões também são, e tá tudo bem discordar, mas sempre devemos respeitar!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Nunca parei para pensar nisso! Acho que sim, já que colocam os filmes que acham que terão mais audiência nos horários em que as pessoas costumam estar mais disponíveis.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não! Assim como o jornal televisivo e digital não colocou um fim ao jornal de papel, a televisão e os serviços de streaming nunca passarão a mesma sensação de estar em uma sala de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Se Enlouquecer Não Se Apaixone. É uma comédia romântica leve e ao mesmo tempo trata de um assunto muito importante que é a saúde mental e que você deve procurar ajuda quando precisar, não deve ignorar quando se sentir mal. Gosto do desenvolvimento tanto pessoal de cada personagem quanto dos relacionamentos deles.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho uma questão delicada. Apesar da abertura poder causar aglomeração, ao mesmo tempo o lucro dos cinemas está caindo já que ninguém vai aos cinemas. Acho que poderia haver uma reabertura, desde que seja calculada com bastante atenção.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Está crescendo bastante e muito bem! Fico feliz do cinema brasileiro estar finalmente sendo reconhecido lá fora com filmes como Bacurau, e também fico feliz de sairmos da bolha de que todos os filmes brasileiros tem que ser comédia. Temos ótimos atores e com certeza ótimos diretores também! Devemos valorizar mais a arte brasileira.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Vários!! Marisa Orth, Rodrigo Santoro, Fernanda Montenegro e Matheus Nachtergaele.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"O cinema é um modo divino de contar a vida." - Federico Fellini.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Bem, na época que os últimos filmes dos Vingadores lançaram, eu ainda estava no ensino médio, e fui assistir um deles com algumas amigas. Uma delas era super apaixonada no Chris Hemsworth, o deus do trovão Thor, e assim que ele apareceu na tela ela gritou "Lindo, eu te amo" e a sala do cinema inteira caiu na risada. Foi uma situação divertida, e fiquei aliviada que ninguém nos xingou hahahaha.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Real e inspirador. Real porque mostra uma realidade de vários brasileiros na situação que a família viva, e inspirador porque mostra que nenhum sonho é impossível.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Depende da visão de cada um sobre o que é ser cinéfilo. Para mim é respeitar todos os gostos e reconhecer que o cinema é uma arte. Então partindo disso acho que os diretores deveriam ser cinéfilos sim.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Desastre: O Último Apocalipse Zumbi. Esse filme foi tão ruim que eu nunca consegui esquecer ele. Mal feito em todos os sentidos, desde figurino até jogo de câmera.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Gosto da série Explicando, da Netflix. Ela traz episódios curtos sempre com temáticas bastante pertinentes.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, alguns da Marvel hahahaha era muita emoção!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Caramba, que escolha difícil! Cidade dos Anjos e A Outra Face são uns dos que mais gosto, sem dúvidas. Mas A Lenda do Tesouro Perdido tem um espaço especial no meu coração, pois adoro filmes desse estilo!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Costumo ler o do AdoroCinema mais, pois várias pessoas publicam suas opiniões sobre os filmes e fico lendo os diferentes comentários para entender o ponto de vista de todos.

 

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Crítica do filme: 'Feliz Aniversário'

Quando a falta de explicações em uma trama apenas superficial deixa tudo muito confuso aos olhos do espectador. Escrito e dirigido pelo cineasta francês Cédric Kahn (que inclusive atua no filme), Feliz Aniversário é um drama que fala sobre problemas em relacionamentos usando a comédia dentro de um contraponto maçante, deixando muitas cenas em total descontrole e completamente sem elos com que nos apresentam sobre os personagens. Não adianta ter Catherine Deneuve, Emmanuelle Bercot no elenco se o roteiro é um embaralhado de situações que não nos comovem, nos fazem refletir ou melhor que isso tudo: nos fazem chegar a alguma direção de compreensão.


Na trama, conhecemos Andréa (Catherine Deneuve) e sua família formado por netos, amigos e seus filhos Romain (Vincent Macaigne), Vincent (Cédric Kahn) que se reúnem para o seu aniversário na aconchegante casa da família na França. A surpresa de todos para a mãe, a presença da filha que morava fora do país Claire (Emmanuelle Bercot), aos poucos vai deixando essa comemoração com tons dramáticos.


Decepcionante é uma boa palavra para definir esse projeto. Subtramas confusas, distância entre os personagens, roteiro com arcos que não explicam (apenas mostram). Nos fazem sentir vontade de olhar o relógio a todo instante para saber se está perto de acabar o nosso sofrimento. O ponto chave para tudo ter sentido, Claire, é apresentada cheia de cartas na manga mas que nunca são mostradas, principalmente sobre um passado confuso que tem a ver com investimentos, dinheiro e um imóvel da família. O roteiro parece focar em relacionamentos sem se aprofundar, deixando tudo na superfície, principalmente nosso tédio.

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05/03/2021

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Crítica do filme: 'Nós Duas'


Amor escondido é igual a liberdade dentro de um quadrado. Representante da França ao Oscar 2021 e indicado ao Globo de Ouro, Nós Duas, Deux no original, é uma interessante incursão sobre sentimentos íntimos de duas mulheres mais velhas, que se conhecem toda uma vida, onde fora colocado um papel no buraco da fechadura para os demais jamais, ou nem ao menos, terem a chance de se intrometer. Honesto e bastante delicado, trata com muito respeito a questão da aceitação do amor de duas mulheres apaixonadas e o eterno receio do que os outros podem pensar sobre isso. Destaque para Barbara Sukowa, uma das melhores atrizes europeias, não só da atualidade, em mais uma atuação magnífica, vibrante e delicada ao mesmo tempo.


Na trama, conhecemos Nina (Barbara Sukowa) e Martine (Martine Chevallier), duas mulheres já bem mais velhas que durante toda uma vida vivem um amor escondido. Vivem em um prédio, de dois apartamentos por andar, e ambas moram uma de frente pra na outra. Tentando dar um passo importante na relação, elas resolvem procurar soluções para o futuro e quem sabe até contar para a família de Martine (já que Nina é sozinha no mundo) sobre o relacionamento que vivem. O problema é que essa última, sofre um avc e tudo muda bastante na rotina escondida das duas amantes.


Há um belo brilho na poesia que camufla os conflitos, seja na visão e descoberta dos filhos de Martine, seja nos embates intensos entre as almas gêmeas. O amor é um dos focos, dividindo a tela com a questão do pré-conceito/preconceito e também de um complexo relacionamento entre mãe e filhos por conta de um segredo de anos e descoberto apenas por causa da situação emergencial que estão passando. O roteiro faz um trajeto bonito entre os arcos. No mais reflexivo, as memórias ganham contornos metafóricos e de alguma forma nos fazem entender melhor a quão profundo é o sentimento de afeto e carinho que Nina e Martine possuem. Impossível não se apaixonar por essa história.  

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #300 - Rodrigo Quintino


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Agudos (São Paulo). Rodrigo Quintino tem 24 anos, é graduado em História e mestrando em História Social. Vem desenvolvendo pesquisas sobre a relação entre História e cinema desde o começo da graduação, e criou o perfil @historiaemframes no Instagram pra compartilhar experiências e ajudar a tornar o conhecimento acadêmico sobre o tema mais acessível. Além disso, é crítico de cinema nas horas vagas, tem escrito suas críticas no seu perfil do Letterboxd, mas já foi colaborador do blog da Gradus Editora e ta ensaiando pra criar seu blog e compartilhar textos um pouco maiores.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A cidade que eu moro é bem pequena e não têm salas de cinema. A minha sorte é que fica a menos de 15 minutos de Bauru (sim, aquela do sanduíche e do time de basquete), que é a maior cidade da região. 

 

Bauru possui dois Shoppings e um posto de gasolina/conveniência com cinemas. Curiosamente o posto, Alameda Boulevard Center, tem o menor conforto e a melhor programação. Como é um lugar menor e mais difícil de competir com os Shoppings, eles acabam trazendo alguns filmes de diretores que são sim muito famosos, mas não ganham tanto espaço quando em comparação com grandes Blockbusters. Além disso, eles costumam trazer alguns filmes nacionais interessantes e que são mais difíceis de chegar no interior.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que realmente me marcou foi A Sociedade dos Poetas Mortos, mas esse eu vi em casa.  Na sala de cinema: Harry Potter e as Relíquias da Morte pt. 2. Eu nem sou tão fã da saga, e esse é na real um dos que eu menos gosto, mas eu me lembro muito do impacto que me causou ver ele em uma tela gigantesca e como a experiência foi transformadora pra eu me apaixonar de vez por essa arte. Ainda demorou um pouco pra eu começar a estudar cinema efetivamente, mas as obras de fantasia como Harry Potter e O Senhor dos Anéis contribuíram muito pra essa paixão nascer.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eita pergunta difícil haha. Se tiver que escolher UM, acho que fico com Yasujiro Ozu, e o meu filme favorito dele é Era Uma Vez em Tóquio.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional favorito é bem recente, chama Histórias Que Só Existem Quando Lembradas. Esse filme trabalha com muita delicadeza temas como memória e esquecimento, que eu amo estudar são essenciais para minha área de pesquisa, além de trazer em sua forma uma sensação quase de realismo mágico. Eu me senti como se estivesse lendo algo do Gabriel Garcia Márquez. Além de ter um dos títulos mais bonitos e poéticos que já vi.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é ser apaixonado por cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que sim. É claro, eu entendo que 90% das salas de cinema têm uma programação bem restrita que limita muito o acesso a filmes fora do grande circuito comercial, principalmente em cidades do interior, e isso pode ser problemático. Mas, todo filme é uma obra de arte, e quem entende de cinema com certeza conseguirá enxergar valor e aproveitar a experiência de obras mais Blockbuster.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acabar eu acredito que não, nada substitui a experiência de ver um filme no cinema, e o público sabe disso, mas vai se modificar. Acho que a tendência é as salas de cinema proporcionar experiências mais coletivas, como foi com Vingadores Ultimato por exemplo. As pessoas foram ao cinema menos pelo filme em si, e mais pela experiência como um todo (e algumas salas viraram quase estádios de futebol, para o bem ou para o mal).

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Além de Era Uma Vez em Tóquio e Histórias Que Só Existem Quando Lembradas...

Tem uma animação do Studio Ghibli chamada Memórias de Ontem, que é maravilhosa e acaba sendo esquecida mesmo por aqueles que gostam do estúdio. Acho que vale a pena conferir.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Esse é um assunto complexo. Há muita coisa envolvida, inclusive salário de pessoas que tem em seus empregos lá a única fonte de sustento, mas ainda assim acho que não. Mesmo com lugares reduzidos, não acho que uma sala fechada, sem janelas, com ar condicionado funcionando, seja exatamente um lugar seguro em uma pandemia.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acho que o cinema brasileiro ainda é um dos melhores do mundo. É claro, existem muitas dificuldades e desafios, principalmente na atual conjuntura, mas o que não falta são realizadores criativos e competentes. Os grandes problemas são a falta de investimento e a dificuldade na distribuição.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Eu adoro o trabalho do Marcelo Gomes, Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar é um dos melhores documentários brasileiros já feitos (e olha que o Brasil tem muita tradição documental). Além dele, a Júlia Murat também é talentosíssima, e eu tento ver tudo que ela lança.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Sentimento em imagem em movimento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

A primeira vez que fui ao cinema foi em um cinema de rua que existia em Bauru, eu era pequenininho, nem lembro a idade. Eu e minha família fomos ver Xuxa e Os Duendes, e o pessoal da sala vendia mais ingressos do que tinha lugares. Nós tivemos que sentar no chão do corredor, e meu pai acabou sentando em um chiclete.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Obra-prima.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Não necessariamente, mas claro, quanto mais conhecimento de linguagem e história do cinema se tem, melhores são suas referências e maiores as chances de conseguir fazer algo realmente bom. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

1964: O Brasil entre Armas e Livros. Me dá até desgosto de chamar aquela atrocidade de filme. É simplesmente terrível em tudo.

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Documentário é um dos meus gêneros (ou seria estilo?) favoritos de filmes, então é bem difícil dizer. Mas aqui eu seria injusto se não colocasse o Eduardo Coutinho, então fico com Edifício Master.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?   

Vingadores Ultimato. Na real nem acho ele o melhor filme do MCU, mas com o embalo todo da sessão parecendo à arquibancada do Pacaembu em dia de final, não teve como não se contagiar.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu? 

Cidade dos Anjos é um filme que eu gosto e foi bem marcante na minha infância, apesar de hoje preferir Asas do Desejo, a versão do Wim Wenders. Mas o meu favorito de verdade é A Lenda do Tesouro Perdido. Ele abraça o bom humor, o absurdo e a tosquiçe pra construir a aventura e fica FANTÁSTICO.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

De notícias o Adorocinema, e de críticas eu gosto muito o Cineplot e o Cinemascope, e também gosto das críticas do Cineratus.

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04/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #299 - Lucas Coutinho


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Salvador (Bahia). Lucas Coutinho é apaixonado por cinema desde quando, ainda na infância, foi conquistado por obras como as trilogias De Volta Para o Futuro e Indiana Jones. É muito viva em sua mente a lembrança de passar um bom tempo nas locadoras lendo as sinopses de filmes. Também teve o privilégio de ser da geração que viu a Pixar nascer, de modo que pôde acompanhar quando garoto tanto boas animações no estilo tradicional, como essas recém-criadas animações feitas em computadores. É formado em jornalismo pelo Centro Universitário Jorge Amado, em Salvador. No ano passado começou a falar sobre cinema no Instagram @filmedavez e também a publicar críticas no filmedavez.com.br

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

No último ano pré-pandemia, eu estava indo muito ao Cinépolis do Shopping Bela Vista. Além de não restringir a programação apenas aos blockbusters, eles tem feito uma programação que acertadamente mescla bem sessões dubladas e legendadas, enquanto a maioria dos cinemas da cidade têm privilegiado as sessões dubladas.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acredito que foi Toy Story 2. Eu já havia visto muitas vezes a versão VHS do primeiro filme, então ver o segundo no cinema me fez ter a empolgação de ver algo novo e de um jeito especial com a tela grande.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

É o Steven Spielberg e a razão é simples: só ele é capaz de fazer um filme tão leve quanto E.T. - O Extraterrestre e um tão duro quanto A Lista de Schindler. Meu favorito é Os Caçadores da Arca Perdida, simplesmente porque ao assistir quando criança eu gostei tanto que por um tempo desejei ser arqueólogo.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Essa é uma pergunta difícil. Se eu respondesse com a razão seria Cidade de Deus. Se respondesse com o coração seria Lisbela e o Prisioneiro, primeiro filme nacional que eu lembro de ter assistido trocentas vezes. Mas, unindo razão e coração eu vou responder Central do Brasil, porque é a obra que eu utilizaria para apresentar o Brasil a um estrangeiro. Tem muito de Brasil naquele filme, tanto nas locações quanto nas ações dos personagens. E o elenco é extraordinário.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é não ter apego a alguns gêneros específicos, mas ao cinema como um todo. É ir da comédia romântica ao filme de terror com a mesma boa vontade de quem só quer curtir um bom filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Honestamente eu acredito que sim, mas também percebo que eles não usam apenas a qualidade cinematográfica como critério de seleção. E compreendo isso como algo natural, em um mercado que movimenta muito dinheiro e possui uma audiência que nem sempre vai ao cinema procurando qualidade.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Um dia tudo acaba, né? Mas espero muito que não seja durante meu tempo de vida.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Na temporada de lançamento dos filmes do Oscar 2020, diante de tantas boas opções, acredito que Jojo Rabbit tenha sido menos visto do que deveria. Eu mesmo fui assistir esperando bem menos e saí maravilhado. É uma obra que exalta o valor da convivência, por isso merece e precisa ser vista por todos.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Na condição de alguém que perdeu uma avó muito querida na pandemia, apesar de incontáveis cuidados, posso garantir que a saudade do cinema pode esperar. Entendo também que, a fim de garantir a existência das redes de cinema e a preservação dos empregos dos milhares de funcionários, deveria estar havendo algum tipo de suporte governamental.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acredito que o cinema brasileiro atualmente está muito formulaico. Há um apego muito grande há conteúdos que atraem público, como comédias e cinebiografias. E não há nada de errado com esses gêneros, desde que sejam utilizados de maneira criativa e prezando por qualidade. Mas o fato é que muita gente com grande talento a oferecer está sendo desperdiçada em detrimento de conteúdos idênticos produzidos em escala industrial. Ainda assim, entendo que obras de grande qualidade acabam se impondo e conquistando um público merecido.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Atualmente tem sido o Wagner Moura. Ele é um cara que consegue se esconder muito bem dentro do personagem. Merece a projeção internacional que tem conquistado.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Nada te faz colocar-se tanto no lugar do outro como o cinema.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando eu fui assistir Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker, metade do cinema aplaudiu e a outra metade vaiou quando a Rey beijou o Kylo Ren. Quase rolou briga. Entretanto, eu não fiz parte de nenhum dos grupos. Apenas fiquei estático e incrédulo ao ver uma fanfic entrar num roteiro que passou pelas mãos de tanta gente.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

É uma obra que jamais será esquecida...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não precisa, mas graças a um repertório vasto muitos diretores cinéfilos conseguem enxergar soluções para suas obras com maior facilidade.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Foi uma comédia nacional chamada O Concurso.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Novamente me vejo diante de um duelo entre coração e razão. O coração quer que eu responda Bahêa Minha Vida (2011), no qual o diretor Márcio Cavalcante consegue expressar na tela do cinema todo o sentimento de torcer pelo Esporte Clube Bahia, uma equipe que não está no topo do cenário nacional, mas ainda assim é uma paixão que une milhares. O documentário teve o acerto de entrevistar muitas pessoas importantes para o clube, mas que já estavam idosas, tornando-se um registro único, pois vários faleceram ainda durante o processo de montagem do filme.

 

Já a razão quer que eu escolha Eles Não Envelhecerão (2018). Nesse documentário, o diretor Peter Jackson faz algo extraordinário: deu vida a várias gravações da Primeira Guerra Mundial, iniciada em 1914. Para isso, ele resgatou imagens históricas em preto e branco e buscou restaurá-las. Posteriormente, o diretor encomendou um brilhante trabalho de colorização das imagens. Somado aos vídeos também foram resgatados áudios de soldados que lutaram no conflito. Gravações que sem as imagens nunca conseguiram expressar o peso daquela situação. Assim, ele produziu uma experiência única, que lhe imerge em momentos reais da guerra narrados por aqueles que a viverem.

 

Dessa vez o duelo fica empatado. Escolho os dois.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, várias vezes e uma delas foi após uma sessão de Bohemian Rhapsody. Não pelo filme, que deveria ter sido mais corajoso em retratar a vida do protagonista como foi Rocketman (2019). Mas o fato é que a obra conseguiu me emocionar e fazer eu me sentir no show Live Aid. Eu nunca havia cantado músicas do Queen com uma galera e aquele cinema, por alguns instantes, virou o Estádio de Wembley.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Acho que Cidade dos Anjos. Faz muito tempo que não assisto, mas na época em que vi eu gostei.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Acompanho vários, mas o mais frequente e que gosto bastante é o Nerdbunker do Jovem Nerd.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #299 - Lucas Coutinho

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #298 - José Karaan


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. José Karaan tem 56 anos e tem Clint Eastwood como seu diretor favorito.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Escolho sempre Cinemas com uma excelente tela, som e conforto e, acima de tudo, que em sua programação passem filmes cult! Cinemark Downtown, Espaço Itaú (Botafogo), Kinoplex Nova América e Tijuca.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Desde de criança me levavam ao Cinema (que sorte a minha!!), Assistia aos Filmes da Disney ( Mogli, o menino Lobo; Dumbo, aos Filmes dos Trapalhões). Na adolescência e Juventude: se não me engano foi E.T: O Extraterreste.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Diretor?? Pergunta difícil, heim meu bom Cinéfilo!!! kkkk... CLINT EASTWOOD é meu preferido! Escolher uma Obra-Prima dele??? Nossa!!! Desculpe-me, mas citarei 3: As Pontes de Madison"; Os Imperdoáveis; Gran Torino.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida: Retrata da vida dura do povo Nordestino, sua simplicidade e sua Fé por DEUS!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É sentir o Cinema sendo parte da Alma!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não! Eles põem filmes blockbusters na maioria das salas e os que são cults em salas mais da "zona sul"!!! Sou fã de muitos blockbusters mas ir mais distante para assistir a filmes que eles "acham" que só o público de lá gosta!

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

A Indústria Cinematográfica jamais deixará isso acontecer!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Tomates Verdes Fritos.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Tudo no seu tempo! Tenho ido ao cinema e as vejo vazias! Mas vão a bares, noitadas, praias... vai entender!!!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Fraco! Copiadora de "Comédias Românticas Americanas"!!! O Filme Nacional tem qualidade, temos bons Diretores e Roteiros ricos em nossa História; não sei o porquê ficam imitando o cinema americano!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello!!!

 

12) Defina cinema com uma frase:

O Cinema transforma o Mundo para melhor!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Vou ficar te devendo essa... huasuhasuhasuhushaush...

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti! Não faz o meu gênero! Mas li a respeito e foi um fracasso!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

De forma alguma! Quando se nasce com um "dom" você pode ser quem quiser!!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Encaixotando Helena.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Meu bom amigo, quase não assisto documentários!

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema ( mas não chega a ser uma regra!).

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #298 - José Karaan

03/03/2021

Crítica do filme: 'Lucicreide Vai pra Marte'


O mais do mesmo para gerar risos. Pegando carona no fascinante universo das corridas espaciais e inserindo mais um capítulo na vida da personagem Lucicreide, criação da ótima humorista Fabiana Karla desde a adolescência e que participou do programa Zorra Total durante muito tempo, Lucicreide Vai pra Marte, muito parecido com outras comédias brasileiras dos últimos anos, fica quase sempre na superfície na maioria dos assuntos abordados. Carente de originalidade, personagens estereotipados... há clichês por todos os lados. De positivo, algumas pontes de reflexão, quase em forma de crise existencial, são feitas de maneira inteligente, associado ao humor, dando leveza à profundidade.  


Na trama, conhecemos a vida de Lucicreide (Fabiana Karla), uma trabalhadora brasileira que vive uma vida sem luxos ao lado dos filhos. Mãe solteira, visitada quase sempre pela insuportável sogra, acaba sendo selecionada, de maneira bastante inusitada, para um programa espacial que irá escolher o primeiro ser humano a viajar para Marte sem direito a retornar para Terra. Sem entender muito bem como foi parar ali, a protagonista passa por inúmeros testes na NASA, ao melhor estilo treinamento de astronautas, ao longo de intensos dias.


Os arcos iniciais são tomados pelos ‘fuzuês’ da vizinhança, repleto de diálogos com as gírias regionais carismáticas da intérprete da protagonista, a talentosa humorista Fabiana Karla. A situação familiar é passada de maneira corrida e sem muitas explicações, como se o roteiro fosse logo adiantado a explorar a situação do treinamento para ida à Marte. Há momentos engraçados mas outros desanimadores, há tentativas de risos inusitados com direito a um diálogo pra lá de peculiar com Darth Vader e um incrível pesadelo com Alien (ambos personagens emblemáticos do mundo do cinema). Os coadjuvantes quase não tem espaço para brilhar, deixando o palco todo para a protagonista.


Há um ponto interessante nas reflexões da solidão e os paradigmas associados, que os selecionáveis da missão passam em meio ao treinamento sem viagem de volta. Até mesmo o cancelamento é debatido de maneira puxada para o humor sem deixar de ser uma sacada inteligente. O filme estreia nessa primeira quinta-feira de março de 2021 nos cinemas brasileiros.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #297 - Keurison Oliveira


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Manaus. Keurison Oliveira tem 24 anos, é o administrador do perfil Cinema Transcendente no Instagram (@cinematranscendente), onde da alguns pitacos em filmes desde o início da pandemia. Se aproximou do cinema principalmente por filmes de fantasia, sobretudo Harry Potter e hoje curte muito ficção científica e dramas em geral.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

UCI por ser a mais próxima, quanto a programação não tenho do que reclamar, geralmente é bem completa.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Com certeza foi algum do Harry Potter que me fez ter uma perspectiva diferente de filmes. Confesso que não sou um apaixonado por salas de cinema, meu foco é mais nas histórias e produção, no filme, mas claro admito que um filme no cinema é bem mais valorizado.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Christopher Nolan e Interestelar.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Homem do Futuro, por chegar com uma proposta diferente envolvendo ficção científica, que não era muito comum no cinema nacional, tem umas reflexões maneiras sobre o tempo, que lembra Click, além daquela música incrível do Legião Urbana.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que quando a gente descobre que um filme não é só entretenimento, ou seja, muitas vezes as pessoas abandonam um filme que começa chatinho e acaba perdendo uma história incrível que vale muito mais a pena que o entretenimento instantâneo de alguns filmes mais populares, não que eu esteja relacionando popularidade a qualidade.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Bom, o que sustenta as redes de cinema é a venda, então a maioria dos filmes são feitos para vender já com garantia de fazer parte da programação. Sendo assim acho que a maioria entende sim, mas tem sempre a limitação burocrática e financeira da coisa toda.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Humm, eu não diria acabar, mas podem ficar cada vez mais restritas assim como algumas locadoras que se adaptaram e até aumentaram seu valor aquisitivo, com mais tecnologia que nem todo mundo vai ter no stream, como 3D ou realidade virtual, por exemplo. Mas acho bem difícil ainda durar por muito tempo nesse formato atual, o que é uma pena, a experiência coletiva do cinema é muito boa, mas até isso tem se adaptado, como o cinema drive-in que tem se popularizado muito no Brasil.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Cafarnaum.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Em estado de melhoria, acho que a Netflix agrega no cinema nacional que agora não se limita somente às produções da Globo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Paulo Gustavo é maneiro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Transcendedor de histórias.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

No final de jogos vorazes uma pessoa riu da morte da Prim (enquanto a maioria chorava) e acho que alguém jogou um balde de pipoca nela.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Poxa, não conheço.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que é aquela história de amar o que faz, que tem em toda profissão.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A versão do quarteto fantástico de 2016 parece uma piada.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Democracia em Vertigem, dar essa moral para o nacional.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Mentalmente.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Acho que Motoqueiro Fantasma.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Deadline e TecMundo (por incrível que pareça eles mandam bem em cinema).

 

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02/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #296 - João Martins


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Pesqueira (Pernambuco). João Martins tem 28 anos, é eletrotécnico de profissão, empreendedor, amante de cinema, mas também curte esportes (futebol, tênis e F1, principalmente), videogames, livros e HQ's. Esse ano para falar um pouco mais da sua paixão por filmes e cultura pop como um todo, criou o perfil no Instagram @joaocinefilo, onde faz indicações, arrisca algumas críticas e interage com outros cinéfilos e interessados.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Infelizmente na minha cidade não tem cinema, todos cinemas que existiam na cidade fecharam, o último nos meados dos anos 90. Mas morei seis anos na cidade de Garanhuns que tem o cinema Eldorado e praticamente eu vivia no cinema, eu gostava da programação, chegava todos os grandes lançamentos, porém vários filmes que eu tinha interesse não eram exibidos por não ser filmes comerciais, digamos assim.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Nos cinemas acho que foi a saga Harry Potter, cresci junto dos filmes/livros, e foram os filmes que despertaram o lado leitor e aumentou meu interesse por filmes.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Alfred Hitchcock, Janela Indiscreta.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Pergunta difícil, tem tantos ótimos filmes, escolheria O auto da compadecida, porém como gosto mais do formato dela em minissérie do que o filme, escolherei O homem que Copiava, acho que foi o filme que percebi que o cinema nacional não era só putaria e palavrão como me diziam, assisti diversas vezes ele. Mas também poderia citar tantos outros, Estômago, Cidade de Deus, Cinema, aspirina e Urubus, A história da Eternidade.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que vai além de só assistir filmes, é mergulhar nos filmes, querer conhecer cada detalhe, costumo pensar que os filmes são meus melhores amigos e por isso gosto tanto de compartilhar meu tempo com eles e eles sempre me retribuem.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, maioria só é pensado no aspecto financeiro, que não chega a ser um erro, mas reduz a possibilidade de muitos filmes serem exibidos.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Sempre achei que não, mas após essa pandemia meu temor sobre isso surgiu, lamentavelmente a maioria das pessoas acham muito mais cômodo e barato assistir filmes em casa.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

12 homens e uma sentença (1957), impressionante como o filme permanece atual e a direção de Sidney Lumet é impecável

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, porém seguindo os protocolos de saúde, como distanciamento, uso de máscaras e redução da capacidade das salas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Cada vez melhor na qualidade, infelizmente ainda não temos uma indústria bem desenvolvida de filmes e até um certo preconceito dos filmes nacionais, por isso que muitas vezes acaba faltando espaço para filmes nacionais, falta investimento.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma das melhores invenções da humanidade.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Acho que não tenho muitas histórias inusitadas, acho que talvez na exibição do filme O Rei Leão (2018), que a exibição estava sem áudio no início e fui o primeiro a notar e reclamar.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Ainda não tive a oportunidade de assistir esse clássico do cinema brasileiro.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que sim, até para buscar inspiração, ideias em outras produções.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não sei se é o pior, geralmente não lembro tanto de filmes ruins, mas um que achei ridículo foi Zohan, um agente bom de corte. Obs.: Gosto de Adam Sandler, mesmo admitindo que ele faz muito filme ruim.

 

17) Qual seu documentário preferido?

As últimas conversas, de Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, principalmente em filmes blockbusters que a galera se empolga e eu vou junto.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cinema com rapadura.

 

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01/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #295 - Romenighy Botelho


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Santos (São Paulo). Romenighy Botelho tem 18 anos, trabalha e estuda produção audiovisual há 3 anos, é ator de teatro há 5 anos, porém, seu amor pelo cinema vem desde pequeno. Hoje faz programas de televisão, peças de teatro, clipes em geral e alguns projetos cinematográficos, contudo, pretende começar uma faculdade de cinema e se especializar ao máximo na área.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A Sala 5 do Cine Roxy! Além de ter exibido o primeiro filme que pude trabalhar, vi filmes que marcaram a minha existência como Coringa, Vingadores: Ultimato, Bohemian Raphsody, Star Wars, que por mais que não sejam filmes perfeitos, como evento cinematográfico me marcou, graças ao esforço desse cinema maravilhoso que é o Cine Roxy.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Indiana Jones! Quando eu vi, Direção: Steven Spielberg, eu pensei... “Pera lá! Lembro desse nome.” Então comecei a buscar mais filmes do diretor, na busca do “Net Now” e percebi que diretores fazem vários filmes com linguagens parecidas e aquilo me fez cair a ficha e buscar mais diretores e seus filmes... Depois vindo o Nolan, Tarantino e assim por diante...

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Christopher Nolan, Interestelar. Por mais que eu não ache o melhor diretor da atualidade e nem Interestelar o seu melhor filme. A minha ligação com este filme é inexplicável, me fazendo chorar no primeiro minuto.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

A Vida Invisível! É inacreditável como esse filme consegue ligar muitos problemas que temos hoje com a década de 50! Fazendo eu entender a importância da luta da mulher e porque ela é tão necessária. Mas, o que concretiza ele como o meu favorito é a presença de Carol Duarte, Gregório Duvivier e Fernanda Montenegro, que são meus ídolos imensuráveis.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim, é uma religião, pois, consigo com o cinema, abastecer a minha alma e assim, mudar a minha percepção de tudo. Hoje posso concretizar que o cinema nunca vai sair de mim e eu nunca vou deixar o cinema. É uma relação de amor e reflexão, que a religião, por exemplo, consegue executar na vida de muitas pessoas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

É muito relativo dizer que são feitas por pessoas que entendem de cinema, mas, o que posso afirmar, é que são feitas por pessoas que querem lucrar. Não é uma crítica, pois, vivemos no capitalismo, porém, é um ciclo. Eles colocam filmes que a grande massa quer ver e a grande massa vê, o que sempre colocam em sua programação.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Existe essa possibilidade, porém, eu sou uma pessoa que torce e acredita que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Observar e Absorver. Documentário simples e extraordinário, que combina perfeitamente a sua linguagem extremamente “pobre”, com a vida fascinante de seu protagonista.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu acho que não, porém, os lançamentos teriam que estar em fácil acesso. Assim, fazendo a indústria evoluir nos streamings e sendo seguro, para todos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

A qualidade dos filmes é ótima, a evolução é visível, contudo, precisamos pensar no grande público e o que podemos entregar de diferente a eles.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“O ápice da arte.”

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Pré Estreia de Bohemian Raphsody. Fui convidado a ir com o meu pai, ambos fanáticos pelo Queen. Ver aquele final, com todos no cinema cantando junto, foi uma sensação inigualável de pelo menos uma vez, estar num show do Queen, naquele momento não sabia se chorava ou cantava. Até hoje, não reassisti o filme! Vou deixar ele guardadinho na minha memória.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Revelou nosso querido Lázaro Ramos e nos ensina que NADA é totalmente ruim.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

 

Pro filme ser bom, sim. Eu acho que de todas as áreas cinematográficas, as que precisam de uma certa “cinefilia” é a direção e roteiro.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Tubarão 4.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Democracia em Vertigem.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Em casa, sempre. No cinema, quando vou em pré-estreias ou encontros cinematográficos, no final acabamos aplaudindo a obra!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Presságio, lembro de ter pirado quando criança.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu vejo mais do que leio. Porém, para citar um, diria o AdoroCinema.

 

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Crítica do filme: 'The Climb (A Subida)'


As amizades em muitos tons, sentimentos e o resgate sobre os carmas. Exibido em Cannes no ano de 2019, o drama The Climb é quase uma paródia sobre a vida real, focado em uma amizade de anos e todos os quebra-molas que enfrentam pelo caminho. De alguma forma, o projeto é um reflexo da amizade entre os roteiristas Michael Angelo Covino e Kyle Marvin, que também protagonizam o filme (o primeiro é o diretor). Alguns triângulos amorosos, ou algo do tipo, giram ao redor do tempo de convivência entre os protagonistas que fortalecem seus laços, com alguns hiatos, e muitas situações que envolvem as dúvidas e olhares de terceiros sobre relacionamentos.


Na trama, conhecemos, ao longo do tempo, os amigos de infância Kyle (Kyle Marvin) e Mike (Michael Angelo Covino), dois homens que passaram por diversas fases em suas agitadas vidas. Na primeira, mais marcante, quando Kyle descobre que Mike transou com sua futura esposa e o tempo passa e Mike casa com ela. O abalo desse fato nos leva em uma jornada de tentativa de reconstrução dessa amizade abalada por egoísmo e más escolhas. Fazendo paralelos com o universo do ciclismo, entre subidas complicadas e descidas onde é só controlar a bicicleta sem muito esforço, a vida desses dois possui altos e baixos, além de trocas de quem está no alto e quem está por baixo.


Um judas da vida real? Difícil saber qual dos dois amigos é mais complexo. Mike é introspectivo, egoísta e dono de uma depressão eminente. Kyle é um fazedor de Jingles, um cara tranquilo porém deveras influenciável por qualquer um ao seu redor. Baseado nesses e em outras secundárias características, vamos acompanhando a jornada desses dois amigos: inversão de valores, mudança nos relacionamentos, traições, brigas. Os arcos são definidos de acordo com sentimentos, que variam bastante nesse interessante roteiro que busca sua jornada através de algumas linhas tortas de comédia dentro de uma amizade conturbada, rompida em fases da vida, mas na verdade, o filme, é um denso e complicado drama sobre escolhas.


 


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28/02/2021

Um Filme em 30 Segundos - #24 Paulo Fontenelle


Esse é o nosso novo projeto: UM FILME EM 30 SEGUNDOS. Onde cinéfilos e cinéfilas enviarão uma dica de filme e sua justificativa em 30 segundos. :)


Nosso convidado número #24 é cinéfilo e cineasta. O querido amigo Paulo Fontenelle (@paulomfontenelle).

#umfilmeem30segundos #cinema #guiadocinefilo



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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #294 - Richely Campos


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Ouro Branco (Minas Gerais). Richely Campos tem 38 anos, é bacharel em Direito, esposo, pai, administrador da página "Moloko Vellocet Cultural" no Instagram (@molokovellocetcultural). Cinema é a sua paixão. Livros os seus amigos inseparáveis. Rock, Blues, Jazz e MPB, seus ouvidos agradecem todos os dias por manifestarem toda sua graça. Apreciador da NFL, NBA, Futebol, Tênis (todos os esportes) e um degustador de café ao extremo. "O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." Orson Welles.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na cidade onde moro não existem salas de cinema. Não por falta de recursos comerciais e financeiros, minha cidade é um polo metalúrgico de grande importância, mas, neste aspecto cinematográfico os cidadãos ourobranquenses são carentes de fato deste Panteão. As salas de cinema mais próximas estão situadas nas cidades de Conselheiro Lafaiete (18km) e na capital Belo Horizonte (96km). Portanto, a genialidade de tal arte fora apresentada a mim, primeiramente por meio televisivo e pelas nostálgicas locadoras que, neste Santo Graal de minha realidade, tornei-me grande amigo de Stanley Kubrick, Federico Fellini, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Daniel Day-Lewis e muitos outros. 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que assisti no cinema foi Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final. Agora imagina, depois do que fora exibido naquela magnífica tela, a substância Homérica do T-800, o androide modificado para proteger, isso diante dos olhos de uma criança que observa atentamente as cenas, acomodado na poltrona junto aos pais e naquele instante o coração agarra a generosidade do cinema e crava em suas entranhas toda a forma de amor pela arte. 

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

O mestre Stanley Kubrick. Filme: 2001 - Uma Odisseia no Espaço (1968). A aurora do homem. O monólito e o florescer do conhecimento. O osso como o fogo de Prometeu. A inteligência e o perfil humano robotizado por gestos e expressões. A máquina assumindo o trono (“I’m sorry Dave, I’m afraid I can’t do that”). A viagem lisérgica cheia de estrelas. O zoológico renascentista. A aurora do novo homem.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

 

Meu favorito é O Pagador de Promessas (1962). Célebre filme nacional, vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Vislumbrante, comovente e inspirador. A fragilidade dos homens de compreenderem certas manifestações étnicas e culturais. O embate da fé pela fé. O inocente como adereço comercial, o protagonista visto como produto sensacionalista nas páginas dos jornais que vendem a alma do homem por interesse. A bondade de Zé do Burro, a malícia da urbanidade, a escadaria do sacrifício, o povo ao seu lado e as enormes portas trancadas estagnam a pulsação de seus valores.   

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é como caminhar pelas engrenagens da sapiência humana, nas belezas dos enquadramentos, da exploração do divertimento. Ser cinéfilo é como desfilar nas montanhas das tomadas sofisticadas, do beijo da obra imaculada, das lágrimas que escorrem ao fim da projeção. Ser cinéfilo é sentir, observar, amendrontar, amar, essa arte que alimenta o corpo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Talvez. Nesta atividade, o lucro com a bilheteria exige um olhar mais de mercado, e assim, o produto de consumo ao destinatário final deva ser, um método de arrecadação.      

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Observando pelo lado de arrecadação de impostos, por ativar a economia e oportunidade de empregos, acredito que não. Compreendendo o fluxo que a sétima arte promove ao bem-estar do cidadão, o Estado tem obrigação de contemplar a sociedade com o lazer, com fulcro, no artigo 6º da CRFB/88 dos Direitos Sociais.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O comovente Umberto D. dirigido por Vittorio De Sica (1952). A epopeia do aposentado Umberto Domenico Ferrari diante das batalhas da vida e da escassez de humanidade. Umberto D. e seu fiel amigo, o cachorrinho Flick, juntos promovem ao espectador risos, fofuras e muitas lágrimas. 

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim. Todas as salas de cinema adequando os protocolos higiênicos, rigidez aos requisitos obrigatórios do controle da Covid-19, priorizando o distanciamento, com organização e fidelidade.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Vejo que tem alcançado boas determinantes, mas, insisto que o cinema deva ser mais autoral, menos voltando a agradar a população por meros risos e sim por mais sofisticação. Nossa cultura é riquíssima, repleta de gente com fervura, com entusiasmo, com fidelidade na arte.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello e Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O pão nosso de cada dia.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Em Belo Horizonte (BH Shopping), meu pai, meu irmão e eu, fomos ao cinema assistir o filme Corpo Fechado do diretor M. Night Shyamalan. Estava lotado! Ficamos acomodados na primeira fila, bem próximos da tela e me senti como se estivesse em um jogo de tênis, cabeça pra lá e cabeça pra cá.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

 

Não. Corroborando estudo, equipamentos, recursos financeiros e contratos, filmes serão concebidos como um todo. Mas, se o diretor for um cinéfilo, esses filmes concebidos demonstrarão algo bastante peculiar.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Street Fighter - A Última Batalha. Quando adolescente adentrei na locadora e visualizei nas prateleiras o filme, e logo, corri para alugá-lo. Na época, era um apaixonado por fliperama, não era um bom jogador e sim, um fissurado pelas máquinas e toda sua aura. Jogava "Cadillacs and Dinosaurs", "Ghouls 'N Ghosts", muitos outros, e claro, "Street Fighter 2". Quando lançou o filme fiquei empolgado, pelo fato de ser um jogo emblemático e ter no elenco Van Damme. Passei o filme inteiro reclamando das cenas, do roteiro, da estrutura e quando terminou, rebobinei a fita e corri para entregá-la.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Edifício Master de Eduardo Coutinho. Os cômodos apertados dos apartamentos gritam através das vozes de seus condôminos e lá neste edifício, uma Babel de sentimentos em ebulição. A vida como ela é.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

 No cinema com minha esposa e meus filhos, assistimos a animação premiada da Disney Operação Big Hero, no fim da projeção aplaudimos a generosidade de "Baymax".

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas e Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Leio o Plano Crítico e o Cineplayers.

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