03/07/2014

Crítica do filme: 'O Grande Hotel Budapeste'



Existe valor para uma grande amizade? Para falar sobre a trivialidade dos sentimentos do ser humano, ninguém melhor que o cineasta, queridinho dos cinéfilos, Wes Anderson (Moonrise Kingdom). Seu mais novo trabalho, O Grande Hotel Budapeste, é uma incrível aventura percorrida através do real valor de uma amizade. Com uma atuação espetacular de Ralph Fiennes (com toda a pinta que vai ser indicado ao próximo Oscar), esse filme vai agradar a grande maioria do público. É uma obra que empolga o espectador, do início ao fim.

Na trama, conhecemos o atual dono do famoso Grande Hotel Budapeste, um homem com um passado sofrido que por meio de flashbacks relembra toda sua história de aventuras inesquecíveis ao lado de seu grande amigo M. Gustave (Ralph Fiennes). Baseado em textos de Stefan Zweig, o roteiro adaptado assinado pelo próprio diretor é o paradoxo quebrado entre o muito bom e o muito bom ainda mais bom. 

A trama, dividida em partes (a La Von trier), é recheada de elemntos fascinantes. Depois de mais esse belo trabalho, não há mais dúvidas sobre a genialidade e originalidade de Wes Anderson que neste novo projeto, consegue executar com maestria todas suas brilhantes ideias em meio a planos incríveis. O mais impressionante nos trabalhos do diretor é que se você acha que seu modo de filmar é sempre igual, você se agarra aos personagens e fica tudo maravilhoso outra vez.

Forçando um sotaque engraçado, andando de Bobsled, passando um perfume atrás do outro, o carismático M. Gustave rouba a cena graças a interpretação iluminada do sempre ótimo Ralph Fiennes. Inseguro, pobre e depois rico, o mais famoso funcionário do Grande Hotel Budapeste se joga em diálogos deliciosos que conquistam o público rapidamente. Em meio a um grande conjunto de rostos conhecidos pelo grande público (Willem Dafoe, Adrien Brody, Edward Norton, Bill Murray, Tilda Swinton, Jude Law, entre outros), Fiennes é a grande atração. 

Com personagens excêntricos, situações inusitadas, uma fantasia disfarçada de ficção e muito bom humor, O Grande Hotel Budapeste é sem dúvidas um dos grandes filmes deste ano. Corram para os cinemas! Bravo!

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Crítica do filme: 'O Céu é de Verdade'



O céu é uma esperança? Milagres, crenças, religiões e convincentes interpretações fazem parte do mais novo trabalho do diretor Randall Wallace (que dirigiu o agora longínquo O Homem da Máscara de Ferro (1998)), O Céu é de Verdade. Com estreia definida no circuito nacional já na próxima quinta-feira (03.07), o filme apresenta argumentos de todo os tipos para despertar e intensificar a fé que existe em nossos corações. 

Na trama, acompanhamos a história do Pastor Todd Burpo (interpretado de maneira inspirada pelo ótimo ator Greg Kinnear), um trabalhador, pai de família que ministra cultos em uma pequena igreja no interior dos Estados Unidos. Certo dia, após o seu filho ser operado e salvo na mesa de cirurgia, recebe confissões desse mesmo filho dizendo que foi no céu e voltou durante a cirurgia. Sem saber o que fazer, se acredita ou não nos relatos e revelações do filho, Todd embarca em uma viagem emocionante em busca da renovação de sua fé.

Um sonho? Percepção extrassensorial? Um milagre? Conforme vamos acompanhando essa peculiar história começamos a entender melhor como pensa o pai da criança. A certa altura do filme, o protagonista passa a questionar a sua fé e a dos outros. O medo de acreditar, o transforma e aos poucos somos testemunhas de que a verdadeira fé dele está no amor que sente por sua família. Quando o espectador foco nesse grande personagem, esquece de qualquer exagero hollywoodiano ou clichês que o filme volta e meia deixa escancarado na telona.

O ponto central da trama é a saga do pastor. Ele quebra a perna, enfrenta um problema no rim, luta para manter saudável a saúde financeira da família e ainda perde o que tinha de mais valor dentro dele, sua fé. O personagem é muito bem exposto dentro da trama, só a atuação do Greg Kinnear vale o ingresso. Mas o longa-metragem, baseado no Best-seller homônimo que já vendeu mais de um milhão de cópias em todo o mundo, é muito mais que apenas uma excelente atuação, escancara em muitas sequências o poder do nosso acreditar. Mesmo não sabendo se o céu é de verdade, você precisa conhecer essa história.
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25/06/2014

Crítica do filme: 'Jersey Boys: Em Busca da Música'



Somos de onde tivermos de ser. Quem diria que chegaria o dia em que um dos reis dos filmes de faroeste norte-americano dirigiria um musical, e o melhor: realizando um trabalho impecável na direção. O novo trabalho do mais que conhecido ator e diretor Clint Eastwood, Jersey Boys: Em Busca da Música é uma deliciosa viagem aos anos 50/60, época em que foi fundado um dos grandes conjuntos de rock que o mundo já viu, o The Four Seasons. A história é narrada de forma divertida pelos personagens, principalmente por Tommy DeVito (grande atuação do ator Vincent Piazza), de longe, o personagem mais carismático da trama.

Na trama, voltamos aos anos 50/60, na cidade de New Jersey, onde conhecemos o encrenqueiro Tommy DeVito que vive de roubos na vizinhança, contrabandos e de música. Seu conjunto musical, vai de mal a pior, tocando em pequenos clubes. Certo dia, convida seu grande amigo Frankie Valli (John Lloyd Young) para ser o novo vocalista da banda e assim o grupo ganha projeção. Para dar o último passo rumo ao estrelato, chega o compositor e tecladista Bob Gaudio (Erich Bergen). Apadrinhados pelo mafioso Gyp De Carlo (interpretado pelo sempre excelente Christopher Walken), o grupo tem uma rápida ascensão e uma queda com grandes consequências.

O filme é super bem-humorado, mostra os duros caminhos até a fama, o poder da amizade e os problemas que podem acontecer quando o sucesso sobe à cabeça. Gravando um sucesso atrás do outro, dando festas na suíte de Sinatra e com uma presença de palco marcante, o grupo The Four Seasons, pouco conhecido dos jovens de hoje emplacaram músicas que todos nós conhecemos. O filme retrata fielmente essa época de ouro da banda e com atuações inspiradas e uma direção perto do impecável transformam esse longa-metragem em uma experiência fantástica. Você se sente na primeira fileira de um grande show!

Os números musicais possuem uma qualidade que impressionam. Coreografias robóticas cômicas, fazendo grandes shows em imensos teatros lotados justificam todo o glamour dessa história baseado no Sucesso estrondoso na Broadway. Já no arco final, quase chegando no seu desfecho, a trama cai em um limbo dramático importante onde se explica com detalhes a queda desse grupo emblemático norte-americano. 

Vocês não podem perder esse filme. Nota 10! O longa-metragem meio drama, meio musical, de 130 minutos tem ainda um verdadeiro show nos créditos finais, vale a pena ficar e conferir esse final fantástico.  De filmes assim que precisamos sempre! Bravo Clint!
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Crítica do filme: 'O Homem Duplicado'



O caos é uma ordem ainda indecifrável. Depois de se tornar um dos diretores queridinhos dos cinéfilos (por conta dos filmaços Incêndios e Os Suspeitos (2013)) o cineasta canadense Denis Villeneuve resolve topar o desafio de levar para o cinema uma das obras do famoso escritor português José Saramago, publicada no ano de 2002, O Homem Duplicado. Estrelado pelo badalado ator californiano Jake Gyllenhaal e com presenças das belas Mélanie Laurent e Sarah Gadon, o longa-metragem  é sombrio, enigmático, instiga o espectador a esperar angustiosamente a cena seguinte. Porém, essas expectativas acabam deixando o público não satisfeito, já que os desfechos das subtramas não são satisfatórios. Uma grande viagem rumo ao nada é colocada à disposição.

Na trama, conhecemos um professor de história que vive em, uma certa, solidão profunda. Sua vida é acordar, tomar café da manhã, ler alguns livros e dar aulas em uma faculdade. Certo dia, após assistir a um filme em casa, percebe que um dos coadjuvantes desta trama é fisicamente idêntico a ele. Assim, cheio de dúvidas e aflições, de maneira transtornada, o professor resolve ir atrás dessa pessoa, desencadeando uma série de sequências esquisitas.

O roteiro é curioso e ao mesmo tempo doido de cabo a rabo. As metáforas inseridas em algumas sequências fogem de qualquer tipo de senso comum, normalidade. Parece que a adaptação da obra de Saramago para o cinema (feita pelo roteirista Javier Gullón), resolve brincar com o espectador, montando um quebra-cabeça dentro de um quebra-cabeça. Nos sentimos jogados naqueles filmes do mestre Lynch (porém, sem o mesmo brilhantismo).

Os atores até se esforçam para criar um grande clímax em alguns momentos da trama. Mélanie Laurent e sua beleza impactante sempre acrescenta alguma coisa nova as suas personagens, impressionante. A bela canadense Sarah Gadon, participa de momentos chaves sempre com uma postura firme e misteriosa. O protagonista Jake Gyllenhaal se esforça ao limite para interpretar dois personagens mas não consegue levar o filme nas costas.

Uma das frases que chamam atenção nesta produção norte-americana é: “Você nunca sabe o que um dia reserva para você. “Depois de assistirmos a esse filme, podemos fazer uma modificação nessa tal frase: “Você nunca sabe o que um filme reserva para você. Às vezes, nada.” Para quem curte as obras de Saramago, pode ser interessante a experiência mas será difícil sair satisfeito ao término dos 90 minutos de fita.
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21/06/2014

Crítica do filme: 'O Amor é um Crime Perfeito'


A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Dirigido pela dupla Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu, o novo filme protagonizado pelo conhecido ator francês Mathieu Amalric, O Amor é um Crime Perfeito, é um thriller que às vezes chega a ser cômico, trazendo à luz de maneira nua e crua como o ser humano pode interagir com o incrível desejo da novidade. A necessidade dos diretores de mostrar as verdades dos personagens de maneira impactante geram sequências calientes com muitos corpos nus e uma cena emblemática, a La Adriane Galisteu, da atriz Karin Viard.

Na trama, passada em uma região gelada na França atual, conhecemos Marc (Mathieu Amalric) um professor universitário de literatura, metido a Don Juan, que adora paquerar suas alunas. Sem largar o seu cigarrinho de mão, as curiosas brigas com sua irmã Marienne (Karin Viard), as perseguições de uma aluna que tem um pai mafioso e a implicância com um outro professor (Denis Podalydès), é envolvido no desaparecimento de sua mais brilhante aluna, Barbara (Marion Duval). Quando tudo caminha para o caos na vida de Marc, ele encontra o amor e o desejo de revigorar sua vida na madrasta dessa aluna desaparecida, Anna (Maïwenn).

O universo do personagem principal é muito bem detalhado na trama. Prestes a perder o emprego na Universidade que leciona, não para de se relacionar com diferentes mulheres, cada uma mais misteriosa que a outra. Além disso, possui um eterno sonambulismo inexplicável, fato que o faz não ter certeza de alguns de seus atos. Outra questão curiosa, é a relação bipolar e incestuosa que possui com sua irmã Marienne, explorada de maneira misteriosa pelo excelente roteiro.


O Amor é um Crime Perfeito é um filme que te deixa com um leque de opções para entender os destinos dos personagens. Conforme as verdades, em meio a muitas mentiras, vão aparecendo cada sequência se torna parte do ótimo clímax que acontece no desfecho da ótima história. Esse longa-metragem estreia em julho aqui no Brasil e promete agradar a muitos cinéfilos. 
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Crítica do filme: 'Era Uma Vez em Nova York'

O que fazer quando a vida perde o total sentido? O novo trabalho do competente diretor James Gray é uma jornada nas profundezas da alma e no caráter do ser humano. Com mais uma atuação espetacular da francesa Marion Cotillard, A Imigrante é um filme que toca bem fundo no nosso coração, trazendo a tona graves problemas de nossa sociedade e de nossa cruel e primitiva maneira de pensar o mundo.

Na trama, acompanhamos a triste e melancólica história de Ewa Cybulska (a eterna Piaf, Marion Cotillard) uma imigrante que chega aos Estados Unidos de navio e por um golpe do destino é separada de sua irmã. Tendo que viver sozinha, sem dinheiro em um lugar totalmente novo, acaba sendo seduzida pela falsa bondade de Bruno Weiss (Joaquin Phoenix) e rapidamente vai parar no tenebroso mundo da prostituição. As coisas mudam um pouco de figura quando entra em cena o ilusionista Emil (Jeremy Renner).

O Longa-metragem navega em águas emocionais para trazer luz aos problemas do caráter humano. Os excelentes coadjuvantes, totalmente instáveis em qualquer bom senso que se preze, elucidam bem a amargura que a protagonista é enviada. Joaquin Phoenix e Jeremy Renner participam com louvor de ótimas sequências ao longo deste belo trabalho que teve sua primeira exibição em terras cariocas no último Festival do Rio de Cinema.


Um paradigma interessante entre o viver e o amar é superficialmente aceito pela sofrida Ewa. A imigrante é um daqueles trabalhos que o espectador torce pelo final feliz dos personagens que são identificados como os “bonzinhos”. A graça nisso tudo é que vilões e mocinhos serão escolhas diferenciadas do público que merece demais conferir esta grande produção.
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Crítica do filme: 'Hermano'

Sonhos entre medos, uma realidade de todos nós. Em tempos de Copa do Mundo no Brasil, os cinéfilos brasileiros são premiados com um excelente longa-metragem que fala sobre futebol com autoridade, sem esquecer de mostrar uma dura realidade que ocorre em diversos países latino-americanos. Dirigido por Marcel Rasquin e diretamente da eterna terra de Hugo Chavez, Hermano promete conquistar muitos fãs por aqui e no mundo. 

Na trama, somos apresentados a Daniel (Fernando Moreno), um jovem que foi abandonado ainda bebê e criado por uma família amorosa e muito especial. Sua vida gira em torno do sonho de ser um grande, rico e famoso jogador de futebol. Esse sonho ele deseja que seja compartilhado com seu irmão de criação Julio (Eliú Armas). Ambos moram em uma favela, em Caracas, e o cotidiano dos jovens passa por enfrentar as dificuldades desse traiçoeiro lugar. Certo dia, um olheiro de um grande time de futebol dá a chance da vida deles, uma oportunidade para serem testados no maior clube de futebol da Venezuela. Essa chance chega ao mesmo tempo com uma tragédia e o forte envolvimento de Julio com a bandidagem local.

Utilizando o Futebol como pano de fundo, o longa-metragem explora muito mais do que esse sonho de muitos jovens de comunidades carentes. A dura realidade das favelas na Venezuela (muito parecida com os problemas aqui do Brasil), a luta da família em arranjar criativas soluções para os obstáculos do cotidiano, o amor proibido, as consequências da compaixão, o valor da amizade na vida dos personagens principais, são alguns dos pontos em que o filme se aprofunda de maneira certeira. A lente inteligente de Rasquin consegue passar uma verdade comovente sobre essa realidade enfrentada pelos personagens.


Após o sucesso do filme Pelo Malo, nós cinéfilos começamos a respeitar mais o cinema venezuelano, antes, praticamente desconhecido por muitos de nós. O engraçado é que a dinâmica do desfecho de Hermano, lembra muito a de outro recente lançamento latino-americano, 7 Caixas (filme paraguaio que fez tremendo sucesso no Brasil). Lançado em 2010 na Venezuela (e só agora chegando aos cinemas brasileiros), o filme de maior bilheteria da história do cinema venezuelano consegue unir a paixão pelo futebol, um roteiro maravilhoso e uma direção exemplar. É um golaço! Você não pode perder essa história!
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Crítica do filme: 'Uma Longa Viagem'

Dois, três, quatro...valete, rainha, rei, Às. Depois do elogiado filme Burning Man, o cineasta Jonathan Teplitzky volta as telonas para dirigir dois grandes artistas em uma história de amor, guerra e traumas do passados.  Uma Longa Viagem é um daqueles filmes que de tão profundos, fica difícil de se esquecer.  De uma grande história de amor, o longa-metragem passa a ser um drama comovente sobre um homem preso ao seu passado, quando estivera em uma das grandes guerras. Essa virada na trama, provoca uma reviravolta interessante, e assim, o público é transportado para todo o trauma vivido pelo protagonista.

Na trama, acompanhamos a história de amor entre um engenheiro chamado Eric Lomax (Colin Firth) e uma ex-enfermeira, chamada Patti (Nicole Kidman). Os pombinhos iam bem e seguiam felizes, até que um lado escondido do engenheiro aposentado aparece, desencadeando sofrimentos para ambos. Sem saber ao certo como ajudar seu marido, Patti parte em busca do misterioso passado dele e descobre histórias do tempo em que ele viveu como refém dos japoneses na última grande guerra. A jornada de Patti ,acaba deixando Lomax novamente de frente com seu passado.

Uma voz embaralhada, cabelos despenteados, seu fascínio por ferrovias, um sujeito que faz tudo com perfeição. Lomax é um personagem profundo que nas mãos de Teplitzky cresce mais em cada cena. O espectador não consegue tirar os olhos de frente da telona, os mistérios do protagonista e a força da personagem feminina conseguem criar um laço de afinidade com o público. Cenas memoráveis compõem esse belíssimo trabalho. O diálogo final entre torturado e torturador é digno dos grandes filmes. A honra, a coragem e o medo se unem dentro do personagem principal, deixando sequelas para toda uma vida. Colin Firth emociona o público do início ao fim, mais uma atuação de gala desse genial artista britânico.


O filme é muito mais que mais uma produção sobre a Segunda Guerra Mundial, é uma linda e comovente história de amor. As palavras os aproximaram, os envolveriam e os fizeram construir uma ponte entre o passado e o futuro. Não percam essa grande história, baseada em fatos reais, sobre um homem comum que despertou dos seus traumas quando o amor o encontrou.
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17/06/2014

Crítica do filme: 'Coração de Leão - O Amor não tem tamanho'

Um grande amor não se encontra em toda esquina. Partindo deste princípio básico do manual do homem romântico moderno, o diretor argentino Marcos Carnevale (do maravilhoso Elsa & Fred, e do chatíssimo Viúvas) volta as telas do cinema para falar sobre o amor. Coração de Leão – O Amor não tem Tamanho é um filme água com açúcar, divertido como os bons longas de humor argentino, deve fazer muito sucesso nos nossos cinemas. Julieta Díaz e Guillermo Francella, ambos muito inspirados, formam um simpático e atraente par romântico que deve tirar muitos risos da plateia.  

Na trama, conhecemos a história de Ivana (Julieta Díaz), uma advogada divorciada que após perder seu celular em um ataque de fúria com seu ex-marido, conhece o arquiteto galanteador León (Guillermo Francella) que com sua lábia preponderante aos poucos vai conquistando por completo o coração da bela morena. A questão é que esse homem encantador tem apenas 1,36 de altura o que acaba gerando incertezas, medo e preconceito dentro e fora deste relacionamento inusitado. Ele entra como uma flecha certeira no coração de Ivana mas será que ambos conseguirão suportar as críticas a esse amor ?

Os pombinhos hermanos saltam de paraquedas, dançam salsa, viajando deliciosamente rumo aos limites do amor. O grave obstáculo é a grande tensão entre os dois quando estão em público, assim as incertezas deste romance são colocadas à prova. O ex-marido ciumento, a mãe da protagonista que a princípio não entender esse relacionamento, as opiniões defensivas do filho de León, a secretaria fofoqueira e tendenciosa, aos poucos percebemos uma crítica social que gera uma reflexão: Todos nós temos frases e pensamentos que encostam na hipocrisia.

A relação pai e filho, entre León e seu único herdeiro (Diego), é muito bem encaixada dentro da trama. Seu maior confidente, o filho de León parece ser o maior alicerce para seus receios e medos. Ambos produzem ótimas cenas, sem perder aquela pitada generosa de humor. Quando Ivana chega na vida de seu pai, Diego a princípio pensa em protegê-lo de uma possível mágoa mas aos poucos se rende a felicidade que é gerada quando León e Ivana estão juntos.


A maturidade e a elegância com que o assunto da diferença de altura é tratado eleva a qualidade da trama. O longa-metragem é uma deliciosa viagem aos caminhos de amor. Sensível e romântico, o filme promete inspirar muitos corações perdidos que buscam um recomeço na arte do amar. Uma lição fica: encontrar alguém de verdade é algo que acontece poucas vezes na vida. Não é verdade? Não se feche para um grande amor e com certeza não perca esse belo filme.
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Crítica do filme: 'Avanti Popolo'

Na linha tênue entre ser um média ou um longa-metragem, chegou aos cinemas na semana passada o peculiar trabalho do cineasta Michael Wahrmann, Avanti Popolo. Lento como Barrichello, chato como o Bruno Mazzeo, entediante como Nicolas Cage, o projeto, infelizmente, é o verdadeiro encontro entre nada e coisa nenhuma. O áudio abafado, as faltas de contextos, sequências amarradas de maneira estranha transformam o filme em uma experiência até certo ponto sensível mas completamente maçante.

Na trama, acompanhamos uma história entre pai e filho, seus problemas, suas distâncias, suas lembranças. Por meio do resgate de imagens capturadas na antiga e famosa Super-8 captadas pelo seu irmão nos anos 70, André (André Gatti) tenta se conectar com seu pai (Carlos Reichenbach), que há 30 anos espera seu filho desaparecido durante a ditadura militar.

É um tipo de cinema diferente, nada comercial. Sente-se essência, alma mas não consegue transmitir o carisma necessário para boas interações com o espectador. Nos sentimos em uma história jogada, particular, sem nenhum vínculo de ajuda para entendermos melhor os breves mas profundos diálogos. Avanti Popolo é um daqueles filmes que precisamos fazer uso da sinopse oficial para entendermos a história.


Algumas imagens de arquivo, as relíquias encontradas dentro da casa, o inusitado fato de não poder subir as escadas da casa, esses e outros elementos interessantes deveriam ter sido melhor utilizados pelas lentes de Wahrmann. O maior exemplo, fica na curiosa câmera posicionada imóvel sobre alguma mesa, na sala de estar da casa, dando um ar estilo Big Brother nostálgico as sequências, muitas dessas dizem nada com coisa nenhuma. Sem ter muito mais a dizer, Avanti Popolo é um filme feito para alguém específico, menos para o público. 
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