08/12/2016

Crítica do filme: 'O Apartamento'

Um trauma sempre deixa cicatrizes. Vencedor dos prêmios de melhor ator e melhor roteiro no Festival de Cannes desse ano, O Apartamento é um drama com camadas profundas que passa um grande raio-x no relacionamento de um casal após um grande trauma. Com grande direção do iraniano Asghar Farhadi (que também assina o roteiro) o filme possui todos os elementos para ser lembrado nas  listas de melhores filmes do ano.

Na trama, somos apresentados ao casal Rana (Taraneh Alidoosti) e Emad (Shahab Hosseini), casados , de classe media que também são atores e estão montando a famosa peça A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller. Entre um ensaio e outro, Emad também é professor, o casal precisa se mudar de onde moram as pressas e acabam arranjando um apartamento em outra parte da cidade. Nesse novo lugar um acontecimento inesperado muda para sempre a rotina do casal.

Dos palcos à realidade. O universo teatral é muito bem detalhado nesse belo drama, diálogos suspensos por censura, o esforço cotidiano da montagem da peça, todos os elementos servem como argumento do diretor para mostrar a difícil realidade não só da família protagonista mas também de um país com marcas profundas em seu passado que reflete ao presente.  A Morte do Caixeiro Viajante fala sobre uma família que luta contra a situação complicada na qual se encontrava, assim o protagonista passa a viver de suas memórias, fatos passados e se alimentando de eventuais mudanças em um futuro. O filme retrata esse sentimento de esperança em meio ao caos dos acontecimentos do cotidiano.


A mudança na personalidade dos protagonistas afetam seus modos de ser e todos ao redor, e, esse fator drástico da mudança de pensamento sobre o mundo que vivem se torna uma série de consequências que viram ganchos importantes para os arcos que o roteiro modela com grande brilhantismo. O Apartamento é uma grande aula de cinema ambientado em um lugar com muitas ideias presas ao passado mas que não deixa nunca de questionar.
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04/12/2016

Crítica do filme: 'Achter de wolken'

Tão bom morrer de amor e continuar vivendo. Dirigido pela cineasta belga Cecilia Verheyden, chega diretamente da Holanda um filme que fala sobre o amor num ponto alto da maturidade mostrando que o tempo é o melhor remédio para o destino se restabelecer, se assim ele quiser. Carregado em primeiro plano pela forte atuação da veterana atriz belga Chris Lomme, Achter de wolken (sem previsão para chegar ao Brasil) é uma fita simples mas que não deixa de fixar seu recado aos apaixonados cinéfilos de plantão.

Na trama, conhecemos a senhora Emma (Chris Lomme), uma mulher que acabara de perder o marido e semanas depois é procurada por um antigo amor, o escritor Gerard (Jo De Meyere) de quem não tem notícias faz 50 anos. Topando, em um primeiro momento receosa, encontrar com ele (o encontro é marcado pelo facebook), Emma embarcará em uma jornada inesperada onde o sentimento precisará falar mais alto sem a influência de terceiros.

Um dos pontos altos da trama são os diálogos de Emma e sua neta Evelien (Charlotte De Bruyne) com quem possui uma espécie de confiança maternal. A jovem é a grande confidente e incentivadora das ideias e ações de sua vovó. Já com sua filha Jacky (Katelijne Verbeke), o relacionamento é bem diferente, regado a desconfianças e uma visão da vida ultrapassada, o que atrapalha Emma em suas investidas no que busca ser a felicidade.

O filme foca em seu clímax na questão da segunda chance para o amor. O roteiro persegue  a todo tempo completar as lacunas da história de 50 anos atrás de Emma e Gerard mas acaba caindo somente no paralelo de como os dois mudaram e vamos tentando construir a linha emocional a partir de vagas lembranças em diálogos pouco detalhistas.


Achter de wolken é um filme bonito, fixa com muita verdade seu recado mas poderia ter sido mais profundo ao apresentar o paralelo entre o ontem e o hoje dos dois pombinhos maduros.
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Crítica do filme: 'I am a Hero'

A luta pela sobrevivência é uma questão de persistência. Mais um filme lançado em cima do universo Zumbi explorado massivamente por projetos ao longos dos últimos ano e muito por conta do sucesso em escala global do seriado Walking Dead, I am a Hero possui suas diferenças em relação a outros, busca uma certa sintonia entre o não infectado e uma semi-infectada, além de buscar referências novas no sentido de herói e anti-herói.  Protagonizado pelo carismático ator Yô Ôizumi, o filme promete agradar muito quem curte mangás e filmes do gênero.

Na trama, conhecemos Hideo Suzuki (Yô Ôizumi), um desenhista de mangás, classe média baixa que vem enfrentando problemas financeiros e nunca consegue ser reconhecido e alcançar seu maior sonho que é ter um mangá de própria autoria lançado. Certo dia, após passar a noite vagando pela cidade já que fora expulso de casa pela namorada, percebe que a cidade onde vive entrou em colapso por conta de uma infecção generalizada que atingiu grande parte da cidade, transformando os infectados em zumbis com consciência apenas de um curto passado que viveram. Lutando contra o caos na humanidade, Hideo precisará fugir da covardia que o persegue e enfrentar o mundo caso queira sobreviver.

I am a Hero é uma grande experiência nerd cinéfila. Seu universo apresenta referência a ótimos filmes de ação, além de pinceladas em inteligentes doses de analogias com os mangás. Nosso herói é um atrapalhado e medroso desenhista que busca a todo instante, e com sonhos repentinos a La Walter Mitty, salvar o planeta mas não consegue realizar determinadas ações. Mesmo tendo em seu porte um poderoso rifle, o protagonista busca mesmo, com o passar das fases (às vezes parece que estamos em um vídeo game) uma luz em seu emocional para lidar com tanta informação ao mesmo tempo.

Um detalhe muito interessante é a forma como cada infectado reage ao vírus, tem casos hilários que vão de referência ao filme O Exorcista até atletas do salto em altura. A maquiagem também é algo de deixar muito queixo caído, praticamente tudo em relação a parte técnica é praticamente impecável.


I am a Hero é um grande achado para quem curte um bom filme. Tem ação, humor e emoção na medida certa para nossa diversão!
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Crítica do filme: 'O Túnel (Teo-neol)'

Não adianta ser um sobrevivente, a menos que você faça valer a pena sobreviver. Escrito e dirigido pelo ótimo cineasta e roteirista sul coreano Seong-hun Kim (do espetacular Um Dia Difícil (2014)), O Túnel (Teo-neol) é uma daquelas gratas surpresas que achamos e que só com muita sorte será exibido no Brasil. Contando a história de uma luta pela sobrevivência em um trágico acidente, o longa metragem consegue nos tirar o fôlego a cada segundo, além de ir bem profundamente nas feridas das críticas sociais ligadas a decisão do governo e a presença da mídia.

Exibido no Festival de Locarno desee ano, O Túnel (Teo-neol) conta a história de um trabalhador chamado Jung-soo (Jung-woo Ha) que voltando para casa em seu carro acaba ficando entre escombros quando seu carro atravessava um túnel na Coréia do Sul que desaba com ele ainda lá dentro. Restando pouca bateria, consegue pedir socorro e uma equipe de salvamento tentará fazer de tudo para retirá-lo com vida dessa situação extremamente difícil.

O projeto tem vários pontos positivos. Começamos com a coragem de ir em pontos de profundos sobre o papel da imprensa em coberturas jornalísticas desse tipo. A tragédia, quando ganha contornos de escala global, acaba sendo oportunidade para alguns jornalistas fazerem qualquer tipo de matéria e deixa o espectador argumentar em cima de algumas atitudes tomadas. O papel das decisões do governo, na complexa decisão de encerrarem as buscas e suas necessidades culturais de fotos emblemáticas para dizer que estiveram presentes naquele momento. Tudo é muito bem filmado e analisado pelas lentes inteligentes de Seong-hun Kim.

A luta pela sobrevivência ganha contornos dramáticos do segundo ato em diante. Buscando itens que possam ajudá-lo a ganhar essa batalha, Jung-soo consegue fazer duas garrafas de água virarem um banquete e sua força de vontade está na família que o espera esperançosa do lado de fora do túnel.


O Túnel (Teo-neol) estreou em agosto na Coreia do Sul, fazendo um grande sucesso de bilheteria. Também, não é por menos, um dos melhores trabalhos orientais do ano de 2016 é uma experiência cinematográfica eletrizante do início ao fim. 
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Crítica do filme: 'O Contador'

O preço da fidelidade é a eterna vigilância. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Gavin O'Connor (diretor do excelente e que absurdamente não fora lançado nos cinemas brasileiros, Guerreiro (2011)) O Contador, protagonizado pelo ator Ben Affleck, igual a cálculos complexos e difíceis da contabilidade é um filme extremamente confuso, longo e que se torna um cansativo quebra cabeça sem solução. O filme estreou no circuito brasileiro de exibição no final de outubro desse ano mas é um daqueles trabalhos que facilmente serão esquecidos rapidamente da memória cinéfila.

Na trama, conhecemos Christian Wolff (Ben Affleck), um contador de uma pequena firma que presta serviços terceirizados de contabilidade. Ao longo do tempo é que vamos percebendo que na verdade Christian (que nem é seu nome verdadeiro), possui um certo tipo de autismo e uma vida dupla estando presente em diversas operações financeiras de procurados pela justiça ao longo dos tempos. Quando o protagonista é chamado por Lamar (John Lithgow), o dono de uma empresa de robótica, sua vida certinha e disciplinada toma um rumo inesperado ainda mais com o Agente do Tesouro Americano Ray King (J.K. Simmons) em busca de sua verdadeira identidade.

O filme possui boas cenas de ação, pra quem curte o gênero. A modelagem da personalidade do protagonista muitas vezes falha com sequências bastante forçadas tentando expor os sentimentos do curioso Sr Wolff. O filme dá sinais de vida apenas quando tenta completar o passado dele, com flashbacks pouco profundos sobre toda a sua história com sua tumultuada família e principalmente seu pai e seu irmão. Muito pouco para um filme de duas horas de duração.


O roteiro, assinado por Bill Dubuque (O Juiz (2014)) acaba sendo o foco principal das críticas desse texto. Muito complicado de entender, algumas situações extremamente forçadas – como o reencontro dos irmãos matadores – tornam o filme um grande enigma para o espectador. Quando assistimos um filme, há sempre um pingo de esperança em nós cinéfilos que no final as peças se encaixam e conseguimos desenvolver argumentos para entender melhor o que vimos ao longo da projeção. No caso de O Contador, que possui uma citação com quebra cabeças, faltam peças para completar o tabuleiro. 
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28/11/2016

Crítica do filme: 'London Town'

A adversidade é um trampolim para a maturidade. Sabe aquele tipo de filme que tinha tudo para dar certo mas quando acaba a projeção percebemos que algumas coisas faltaram? London Town pode ser resumido assim. Dirigido pelo cineasta alemão Derrick Borte (do peculiar filme Amor por Contrato, protagonizado por Demi Moore e David Duchovny), o longa metragem que estreou no Festival de Los Angeles desse ano (e sem previsão de estreia no Brasil) conta a história da ebulição cultural e musical de uma Londres da década de 70 aos olhos de um jovem que precisa amadurecer rapidamente para lidar com sua vida conturbada. Jonathan Rhys Meyers interpreta o lendário Joe Strummer vocalista e guitarrista turco da banda The Clash, muito pouco aproveitado pelo roteiro.

Na trama, conhecemos o jovem de 15 anos, Shay (Daniel Huttlestone), um rapazinho que ajuda seu pai Nick (Dougray Scott) em uma loja de reparos de pianos e em casa cuidando de sua irmã mais jovem. A vida que ele vive é simples mas com muita harmonia ao lado do pai e da irmã, já que a mãe é distante. Quando recebe de sua mãe uma fita de uma banda de rock and roll chamada The Clash, seu temperamento muda e ele parte em busca de novas descobertas que irão definir para sempre sua identidade guiada por uma maturidade mais forte para enfrentar alguns problemas que aparecem em sua vida.

Em uma parte do filme, já no terceiro ato, o filme ganha alguns nortes interessantes mas nada do roteiro ser mais profundo nessas direções. A paixonite do protagonista pela ótima personagem Vivian (Nell Williams) consegue sustentar algumas lacunas e faz boa ligação com o desenvolvimento que o personagem principal passa por essa etapa na vida. Mas acaba sendo muito pouco, muito pela figura do pai sendo anulada e os conflitos nessa direção sendo cada vez mais distantes. Quando a figura materna, interpretada pela experiente Natascha McElhone, entra na história já é muito tarde e pouco vemos aproveitado Jonathan Rhys Meyers e seu Joe Strummer.


O filme não é ruim, longe disso. Ele apenas se torna decepcionante de acordo com seu potencial. A trilha sonora é espetacular, os integrantes da banda The Clash permitiram o uso de suas músicas na produção. London Town não deve chegar ao circuito brasileiro, se tiver a oportunidade não deixe de tirar suas próprias conclusões.
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Crítica do filme: 'Invasão Zumbi'

A responsabilidade de todos é o único caminho para a sobrevivência humana. Uma das maiores produções cinematográficas de a maior bilheteria da história da Coreia do Sul de todos os tempos se consolida simplesmente como um dos melhores filmes de zumbi feitos nos últimos tempos. Invasão Zumbi, Busanhaeng no original, dirigido brilhantemente pelo cineasta sul coreano Sang-ho Yeon é uma thriller de ação zumbi com sequências de tirar o fôlego. Tudo é muito bom no filme, direção, elenco, roteiro, grata surpresa para o universo cinéfilo que chega aos cinemas brasileiro no final de dezembro ainda deste ano.

Na trama, conhecemos mais a fundo o complicado e odiado por muitos analista financeiro Seok Woo ( Yoo Gong), um homem que vive com sua mãe e sua filha em um bairro nobre de um coréia do sul em desenvolvimento. Certo dia, a pedido de sua filha Soo-na (Soo-an Kim), resolve embarcar em um trem rumo ao encontro com a mãe da menina. Só que uma simples viagem acaba se tornando um grande pesadelo pois quando já estão dentro do trem, acabam sabendo que um vírus transformou pessoas em zumbis e uma grande luta pela sobrevivência começa, não só no mundo lá fora mas dentro de cada vagão do trem onde estão.

Invasão Zumbi é pura adrenalina, merecendo destaque também os inúmeros figurantes zumbis que realmente dão um grande show em muitas sequências alucinantes, de tirar o fôlego. Ao longo das quase duas horas de projeção, o espectador fica de olhos abertos, tenso a todo instante, principalmente ao saber que o destino de muitos depende demais de uma cooperação de todos, coisa que não acontece quase nunca. Esse espírito de união que precisam ter, fica em cheque por conta das personalidades bem distintas de cada um dos mais envolvidos com o protagonista (esse que é para lá de antipático mas que passa por uma bonita transformação ao longo da trama).

Os sul coreanos são craques em deixar nós cinéfilos de boca aberta quando o assunto é cinema. Seja com um drama como o excelente Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera de Ki-duk Kim, seja com a maior história de vingança dos últimos tempos, Oldboy de Chan-wook Park, seja com o inusitado O Hospedeiro de Jun-ho Bong, a Coréia do sul sempre a cada ano surpreende os cinéfilos de plantão. Invasão Zumbi não é diferente, pegaram um tema extremamente batido nos últimos tempos com a explosão de sucesso de Walking Dead principalmente, e, adicionaram pitadas eletrizantes de ação e um desenvolvimento profundo dos personagens.

Não perca Invasão Zumbi! Você não vai se arrepender!
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27/11/2016

Crítica do filme: 'Snowden - Herói ou Traidor'

O erro acontece de vários modos, enquanto ser correto é possível apenas de um modo. Dirigido pelo premiadíssimo cineasta nova iorquino Oliver Stone, Snowden - Herói ou Traidor fala sobre a conhecida história do ex agente do governo norte americano Edward Snowden que resolveu entregar a jornalistas documentos secretos de ações de invasão de privacidade do governo norte americano ao longo de alguns anos. Baseado em duas obras: Time of the Octupus, de Anatoly Kucherena e The Snowden Files: The Inside Story of the World’s Most Wanted Man, de Luke Harding, o roteiro do filme foi adaptado pelo próprio Stone e Kieran Fitzgerald. Joseph Gordon-Levitt, que da vida à Snowden, tem uma atuação irretocável, domina seu personagem do início ao fim.

Na trama, conhecemos mais profundamente a história do ex- analista da Cia Edward Snowden que no ano de 2013 divulgou informações oficiais roubadas de ligações telefônicas e conversas de internet, copiadas por Snowden de um centro de dados secretos norte americano. Ao longo dos intensos 134 minutos de projeção, conhecemos também a personalidade pacata do analista, seu único grande amor e seu modo de pensar, culminando na exposição de informações que chocaram o mundo com suas revelações.

O drama faz uma abordagem muito profunda sobre todas as informações coletadas por Snowden ao longo de seus anos trabalhando para o governo norte americano, só por isso e também por isso podemos dizer logo de cara que esse projeto é bastante corajoso pois traz detalhadamente tudo o que aconteceu desde o treinamento de Snowden até a decisão de expor os fatos. O longa metragem abre margens argumentativas para definirmos se Snowden – é mais herói ou mais vilão.

Na composição da vida pessoal do personagem principal, o filme não alcança tanta profundidade, o relacionamento de internet, que vira amor de vida real com Lindsey (Shailene Woodley), é bastante explorado, porém, focando nas decisões de Snowden a partir de atos conseqüentes de seu relacionamento como as inúmeras mudanças de moradia e seu inconstante temperamento por conta de seu temperamento workholic. As questões externas, opiniões de outros países a partir das revelações de Snowden também ganham pouco foco.


Snowden - Herói ou Traidor na média é um bom filme. Muito pelas atuações e pelo roteiro. Por mais que não alcance à profundidade em alguns pontos, consegue deixar o público com base suficiente para argumentar sobre o fato que chocou milhões de pessoas no mundo a fora.
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26/11/2016

Crítica do filme: 'The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years'

Ontem, todos os meus problemas pareciam tão distantes, agora parece que eles vieram pra ficar. Eu acredito no passado! Lançado em muitos cinemas mundo à fora em setembro passado, e com exibição na edição desse ano do Festival do Rio de Cinema,  o documentário The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years é um baú de recordações das mais intensas de uma época mágica onde o mundo conheceu de vez a lendária banda de Liverpool, Os Beatles. Dirigido brilhantemente pela veterano cineasta norte americano Ron Howard, que durante as filmagens ainda teve acesso à arquivos históricos da da mais famosa das bandas e gravações feitas por fãs, The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years é um presente para os fãs e também para quem quer conhecer melhor o porquê de tanta ‘famosidade’ em cima dos quatro rapazes britânicos.

O filme basicamente conta com detalhes um período marcante na trajetória da banda, entre os anos de 1962 e 1966, quando fizeram nada mais nada menos que 250 shows e exploraram com louvor a America. O mais legal é que conseguimos definir melhor a personalidade de cada um dos integrantes do lendário quarteto, chega a arrepiar o estado de espírito dos fãs em todos os shows lotados que fizeram nesse período. Mas a rotina cansativa e o não descanso da mídia em cima deles acabaram criando um cansaço precoce nesses jovens garotos que não tinham descanso. O documentário também mostra relatos de famosos, fãs dos Beatles, como Sigourney Weaver e Whoopi Goldberg, em histórias que puderam acompanhar naquela época. A segunda estava presente em um emblemático show da banda que uniu negros e brancos na mesma plateia em uma época que rolava um grande preconceito da sociedade norte americana.  

Recordar é viver, sempre. A função desse fantástico documentário é teletransportar o espectador a uma época onde não tinha explosões de redes sociais, onde a comunicação é muito setorizada e por conta disso que o empresário dos Beatles Brian Epstein resolveu fazer essa turnê histórica pela América. A influência de Brian perante sua banda foi enorme, propôs rapidamente uma nova maneira dos músicos se vestirem e se comportar no palco. A liberdade do quarteto vinha muito em torno da música, John e Paul escreveram nessa época músicas que tocam nossos corações e nas rádios até os dias de hoje.


Se formos pensar como seria a exposição dos Beatles surgindo nos dias de hoje, fica até difícil fazer algum paralelo mas com as forças das redes sociais e as ações de um mundo cada vez mais globalizado, o sucesso seria maior ainda. Não importa a época, Beatles sempre serão os Beatles e vai ser difícil outra banda chegar com tamanha idolatria com o público como eles conseguiram. Seja beatlemaníaco ou não, você não pode perder esse belo documentário! Bravo!
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Crítica do filme: 'Viva'



O futuro pertence aqueles que acreditam na beleza de seus sonhos. Pré-selecionada por Cuba para concorrer à disputa ao Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro, Viva é um daqueles filmes que vão fisgando nossa atenção aos poucos e que no final nos brinda com uma linda lição de vida e busca pelo sonho.  Dirigido pelo cineasta irlandês Paddy Breathnach, o projeto conta com atuações inspiradas, principalmente de seu protagonista interpretado pelo jovem ator cubano Héctor Medina. 

Nessa grata surpresa, que estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 01 de dezembro, conhecemos a história de Jesús (Héctor Medina), um jovem que ganha a vida como cabeleireiro e sonha se tornar uma grande estrela do show de transformistas de um clube de Havana comandado por Mama (interpretado pelo excelente Luis Alberto García). Certo dia, após conseguir sua chance depois de uma audição, durante seu primeiro show, é agredido por um homem bem mais velho que se revela seu pai, de quem não tem notícias desde os 3 anos de idade. A partir desse inusitado encontro, ambos precisarão equilibrar suas diferenças e tentar ter uma relação verdadeira de pai e filho. 

Selecionado para o prestigiado Festival de Sundance, Viva fala sobre amores, preconceitos sonhos e família. Cada um desses tópicos são abordados pelo roteiro de maneira bastante profunda. No primeiro ato, uma apresentação encovada do protagonista, logo criamos uma empatia pelo personagem, fruto talvez da impressionante atuação de Medina. No segundo ato, o filme parecia que ia se perder com subtramas pouco exploradas e personagens buscando seu entendimento mas logo se chega nos atos seguintes onde segredos são revelados e o protagonista mostra seu amadurecimento, deixando a conclusão com fortes cargas de emoção. 

Um sonho fala mais alto que qualquer preconceito. O desenvolvimento do protagonista é impressionante. Outrora fraco, sem ambições e completamente perdido do que fazer com sua vida, se torna um ser humano mais forte, quebra preconceitos e esfrega na cara de todos que quando sonhamos e acreditamos, com a ajuda de terceiros ou não, chegamos onde queremos. Viva vale o ingresso. Não percam!
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