22/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #532 - Junior de Borba


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso convidado de hoje é cinéfilo, de Joinville (Santa Catarina). Junior de Borba tem 24 anos. Se formou em Design Gráfico em 2018. Em 2020, criou o Rebobina Artes que surgiu com o intuito de unir duas paixões: design e cultura pop, com ilustrações originais sobre músicas, filmes e séries.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Então, na questão de programação, o Cinemas Uniplex é meu favorito, pois de vez em quando reexibe alguns clássicos do cinema, porém em termo da qualidade da sala, prefiro do GNC Cinema.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que me apaixonei realmente por cinema quando assisti E.T. pela primeira vez.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Gosto muito do trabalho do Spielberg, creio que seja meu favorito. Porém gostava muito do trabalho do Wes Craven.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Com certeza Que Horas ela Volta?, a atuação da Regina Casé é impecável nesse filme!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É se apaixonar e sofrer por pessoas que nem reais são haha.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não, são feitas mais pensando na visão lucrativa da bilheteria.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não, por mais que o Streaming esteja em alta, a experiência de ir no cinema é diferente.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Caminho de Pedras (A Home of Our Own), é um filme bem leve de ver, porém conta com a atuação maravilhosa da Kathy Bates.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente

Existem muitos filmes nacionais excelentes, porém ainda o investimento na cultura Brasileira é muito baixo em relação com os Estados Unidos/Reino Unido.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Regina Casé.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um momento pra você se desligar da vida real e viajar pra outras dimensões.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não sei se é inusitada, porém assistir Um Lugar Silencioso no cinema foi um pouco chato, qualquer pacote de bala sendo aberto, parecia ser MUITO mais alto que o normal kkk.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

A primeira Cinderela latina.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que sim. A série Dawson's Creek fala um pouco sobre isso, ela mostra um pouco da adolescência do escritor/diretor Kevin Williamson, e pelo seriado e pelo personagem principal, dá pra ver que ser cinéfilo é algo que faz totalmente a diferença.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

The Orangers de 2012, fui assistir por conta dos atores, mas achei péssimo.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não tenho um documentário favorito, mas sou viciado na série documental do Netflix "Filmes que Marcam Época".

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Nunca :(

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Moonstruck de 1987.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?              

Por incrível que pareça, ainda curto muito assistir os filmes em DVD/VHS/Bluray, mas tirando isso, acredito que o Netflix.

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Mostra de Cinema Chinês de São Paulo - De 01 a 20/11 de forma online e gratuita


Mostra de Cinema Chinês de São Paulo, organizada pelo Instituto Confúcio na Unesp, está de volta, depois de um hiato de quase dois anos devido à pandemia. A 6ª edição do evento acontece de 1 a 20/11, de forma online e gratuita, e traz na programação 10 filmes, a maioria inédito no Brasil.


O evento abre com o filme “Tudo ou Nada” do premiado diretor Zhou Hao, que será exibido pela primeira vez fora da China. Indicado ao Golden Goblet de Melhor Documentário no Festival Internacional de Cinema de Xangai e ao Melhor Documentário no FIRST International Film Festival, os dois na edição 2021, o filme explora a vida de duas pessoas de meia-idade que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e registra sua busca por redenção.


 O diretor Zhou Hao, que pelo filme The Chinese Mayor ganhou o Prêmio Especial do Júri por Acesso Inigualável no 31º Festival de Cinema de Sundance, juntamente com a estudiosa de cinema chinês da USP, Cecília de Melo, participarão de  uma master class ao vivo, com sessão de bate papo.


A programação  traz também trabalhos mais recentes de diretores consagrados, como o  belíssimo drama tibetano "Balão", de Pema Tseden, que recebeu mais de 22 prêmios internacionais, entre eles, um especial em Veneza, “Aves Suburbanas” de QIU Sheng, indicado a Melhor Filme de Estreia e Leopardo de Ouro da seção Cineastas do Presente no Festival Internacional de Cinema de Locarno.


E ainda: “Quero uma vida com você”,  filme de estreia de SHA Mo, que arrecadou mais US$ 50 milhões em bilheteria na China, “Um Porto Seguro”  de LI Xiaofeng, indicado ao Melhor Filme no Festival Internacional de Macau e no Festival Internacional de Cinema de Xangai, "Quatro Primaveras"  de LU Qingyi, indicado a Melhor Documentário no Golden Horse Film Festival, entre outros.


Com a curadoria de Wang Yao, pesquisador-assistente do Instituto de Cultura Cinematográfica da China da Academia de Cinema de Pequim, os filmes abordam questões sociais ligadas ao zeitgeist atual, com o objetivo de alimentar o intercâmbio cultural entre os dois países e construir uma cultura de positividade.


Cada filme permanecerá online por 7 dias (confira a programação). Alguns diretores também gravarão um vídeo falando um pouco de sua obra especialmente para essa Mostra. Todo o conteúdo da 6ª Mostra de Cinema Chinês de São Paulo poderá ser visto de qualquer parte do Brasil na plataforma: https://culturaemcasa.com.br/videos/cinema-2/cinema/~ZAQ


A 6ª Mostra de Cinema Chinês  é promovida em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Amigos da Arte e será exibida na plataforma “Cultura em Casa”. Tem também o apoio do Centro Cultural São Paulo.


Serviço:

6ª Mostra de Cinema Chinês de São Paulo

De 11 a 20/11| Gratuita

Disponível na plataforma: https://culturaemcasa.com.br/videos/cinema-2/cinema/

Classificação Indicativa: 16 anos

Sinopses dos filmes:

 

Tudo ou nada (2021) de ZHOU Hao (Documentário, 97 minutos) - O filme explora a vida de duas pessoas de meia-idade que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e registra sua busca por redenção. Com apenas três anos, Tong Meimei perde o pai, que comete suicídio. Mais tarde, ela sofre a perda de seu marido em um acidente de carro. Aos 12 anos, Yao Sunteck é molestado por um estranho enquanto se esconde da chuva e desde então se isola. Para ambos, a vida não passa de uma sequência infinita de sofrimento.

Prêmios: Indicado ao Golden Goblet de Melhor Documentário no Festival Internacional de Cinema de Xangai, 2021Indicado a Melhor Documentário no FIRST International Film Festival, 2021.

 

 O balão (2019) de Pema Tseden (Drama102 minutos) - Por causa de um preservativo, a família de Darje vai enfrentar uma série de decisões difíceis e constrangedoras. Durante os anos 1990, no planalto tibetano, Darje e Drolkar vivem uma vida serena com os três filhos e o avô, mas uma gravidez inesperada acaba com a harmonia e a tranquilidade da família. No ciclo de vida e morte, o que é mais importante: a alma ou a realidade?

Prêmios: Melhor Roteiro no Allywood Film Critics Association Awards, (2021), Melhor Longa-Metragem, Melhor Atriz no Festival Internacional de Cinema de Hainan, Melhor Roteiro, Melhor Longa-Metragem no Festival Internacional de Cinema de Chicago, Melhor Filme no CinemAsia Film Festival, Melhor Diretor de Longa Metragem no Huading Award, entre outros.

 

A arca do Sr. Chow (2015) de XIAO Yang (Drama / Comédia, 106 minutos) - Um grupo de adolescentes promissores é selecionado para um programa especial para jovens gênios. Ali, terão de lidar com sua falta de habilidade social perante os colegas “normais”.

Prêmios: Melhor Ator no International Chinese Film Festival, 2015

Aves suburbanas (2019) de QIU Sheng (Drama, 118 minutos) - Uma equipe de engenheiros é enviada para investigar a subsidência do solo na periferia da cidade. Depois de dias examinando a área já esvaziada, o engenheiro Hao entra em uma escola primária e encontra um diário que narra a história de um garoto e a separação de um grupo de amigos. Enquanto investiga, ele descobre uma estranha conexão com esse diário.

Prêmios: Melhor Longa Narrativo no FIRST International Film Festival, Prêmio NETPAC no International Film Festival & Award Macau, Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Cinema de São Francisco, 2019, Indicado a Melhor Filme de Estreia e Leopardo de Ouro da seção Cineastas do Presente no Festival Internacional de Cinema de Locarno, Indicado a Melhor Filme, Competição Novos Diretores na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, 2018

 

Quatro primaveras (2017) de LU Qingyi (Documentário105 minutos) - Um documentário sobre o cotidiano de uma família na remota Dushan, cidade da província de Guizhou, no sudoeste da China. De forma subjetiva, as imagens registram a labuta diária, cantos, caminhadas na natureza, visitas de amigos e parentes, funerais, reuniões com colegas de escola e despedidas. Assim, o filme revela o estado de espírito dos dois personagens principais, os pais do próprio diretor, e suas atitudes perante uma perda irrecuperável.

Prêmios: Melhor Documentário no FIRST International Film Festival, Prêmio do Júri para Melhor Documentário no Beijing Student Film Festival, Film of Merit no Shanghai Film Critics Awards.

 

O enigma da chegada (2019) de SONG Wen (Drama112 minutos) Nos anos 1990, quatro amigos se apaixonam por uma mesma menina: Dongdong. Depois de roubarem o combustível de um barco, eles sofrem retaliações e, como resultado, Dongdong desaparece misteriosamente. Anos mais tarde, os quatro se reencontram e são forçados a confrontar o passado e a verdade sobre o desaparecimento da garota.

Turbilhão (2019) de GAN Jianyu (Drama , 103 minutos)  - Desesperado por dinheiro depois de perder no jogo mais uma vez, Liu aceita participar de um esquema que revende um carro não registrado. O golpe, aparentemente simples, se complica quando ele encontra uma menina no porta-malas do veículo.

Prêmios: Indicado a Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Xangai,  Indicado ao Melhor Ator Coadjuvante no Festival Internacional de Cinema de Macau,  Indicado ao Prêmio do Júri para Melhor Filme no Beijing Student Film Festival, 2020

 

Quero uma vida com você (2021) de SHA Mo (Romance, 105 minutos) Qinyang é um trabalhador esforçado que está tentando juntar dinheiro para se casar com Yiyao, mas a realidade mantém o casal na pobreza e longe do sonho de um casamento feliz. Esgotado, ele desiste da relação para que ela possa encontrar alguém que lhe dê uma vida melhor. No entanto, depois de um telefonema da amada, ele precisa correr para tê-la de volta antes que seja tarde demais.

 

Um porto seguro (2020) de LI Xiaofeng (Drama / Crime / Romance118 minutos)

Condenado por um homicídio culposo há 15 anos, um fugitivo retorna para casa, onde é assombrado por seu passado. Ele acaba metido em um esquema que envolve a filha de sua vítima e descobre o que aconteceu de fato naquele dia da sua adolescência.

Prêmios: Indicado ao Melhor Filme no International Film Festival & Awards Macau, Indicado ao Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Xangai e Indicado ao Prêmio da Audiência na competição oficial no Glasgow Film Festival.

 

Yuan Longping (2009) de SHI Fenghe (Drama92 minutos)

Yuan Longping é o nome de um dos maiores cientistas agrícolas do nosso tempo, um herói que será para sempre lembrado na China e em todo o mundo. Dedicou toda a vida à pesquisa do arroz híbrido e contribuiu de forma significativa para as ações globais de preservação da segurança alimentar e redução da pobreza. Seu falecimento em 22 de maio de 2021 foi uma grande perda para a ciência agrícola da China. O filme conta a turbulenta jornada do “pai do arroz híbrido” ao persistir nas suas pesquisas desde o final dos anos 1950.

Prêmios: Ator Extraordinário e Filme Extraordinário do Prémio Huabiao para Cinema.

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Crítica do filme: 'Mais que Amigos: Vizinhos'


O mundo e suas incertezas. As reflexões de uma sociedade em eterna crise. Abordando várias óticas e situações que muitos de nós vivemos durante o tempo de lockdown por conta da Pandemia da Covid, Mais que Amigos: Vizinhos, disponível na Netflix, é uma comédia dramática francesa que nos faz refletir sobre as mudanças que passamos por todo esse tempo. Dirigido por Dany Boon, que também roteiriza e atua, o filme promete emocionar bastante pelas lindas mensagens que contém. Sabíamos que muitas produções viriam para retratar o acontecimento histórico e marcante que está sendo nosso combate ao terrível vírus da Covid que infelizmente já tirou a vida de muitos em todo o planeta. O projeto busca retratar situações mas também não deixa de ser crítico (mesmo que de maneira superficial) e de se manter na linha da esperança.


Na trama, conhecemos as rotinas de confinamento de uma grupo de pessoas de um prédio de classe média em Paris, que mal se falavam mas que agora estão resguardados em casa por conta do vírus da Covid. Tem um casal que está em crise, um homem que enlouqueceu com o medo de ter o vírus, uma advogada criminalista que está fazendo as audiências de casa, um humilde zelador que está com a esposa internada com Covid, tem o dono de um laboratório que busca seu prestígio nunca tido na busca para uma solução contra o vírus, tem o personal trainer bem burrinho que deixa de lado a esposa grávida para se dedicar aos seus vídeos de exercícios físicos, tem o empresário belga que não sabe ser amoroso com as pessoas, a dona de um bar fechado por conta do lockdown. Assim, vamos vendo os dramas e situações dessas almas em busca de entendimentos sobre esse momento em que todos no mundo passam.


Navegando nas relações, abrem-se brechas para refletir sobre momentos do início do sinal vermelho ao mundo e a necessidade de lockdowns para um controle mais eficaz do vírus. A falta de adoção da máscara mostra as falhas na comunicação no início da guerra contra o vírus, não sei se veio como crítica mas podemos interpretar assim. As situações tragicômicas ganham contornos profundo, desde a apresentação das autorizações que precisavam ter para saírem de casa em parte da Europa, na França inclusive. As licenças poéticas acabam deixando as subtramas distantes de um sentido mais amplo mas de alguma forma a mensagem chega ao espectador. Esse é um filme que podemos mostrar para as futuras gerações, mesmo não sendo impactante ou mesmo perfeito, retrata de maneira certeira muitas das situações que muitos viveram.

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21/10/2021

19/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #531 - Maiara Dantas


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Santo André (São Paulo). Maiara Dantas tem 36 anos. Formada em Letras - Português e Inglês em 2004. É professora de inglês desde 2007 e fã de cinema desde sempre. Cresceu colecionando recortes de jornal de domingo sobre as estreias do cinema e da TV, e consumia o que estava disponível na época: revista Set, Sci-Fi News e revista Herói. Aficcionada por video-locadoras (seu primeiro emprego foi em uma) assistia os lançamentos quando não havia clientes na loja. Seus atores preferidos são Juliette Binoche e Robert De Niro.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Tenho um carinho gigante pelo Cinemark do Grand Plaza Shopping. Tenho boas recordações e o apelo popular me fascina. Dificilmente há produções ditas menores, com menos apelo ao público, mas o cinema precisa ser democrático. Precisa mover as pessoas a experimentar a sensação da tela grande, e sempre me diverti com as salas cheias e participação do público.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Definitivamente Jurassic Park. Foi o primeiro filme que vi nos cinemas, e mesmo com pouca idade, saí emocionada. "Meus dinossauros existem". Saber quem era o diretor, os atores, se a ilha Nublar existia, e quem havia composto aquela trilha sonora emocionante...foi ali que o amor bateu de vez e nunca mais parei de pesquisar e me alimentar de tudo que estava disponível sobre cinema na época.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Olha, que pergunta difícil de responder...

Mas de primeira Martin Scorsese, Cassino. Scorsese é um diretor que me fascina. Cassino é um filme que não me canso de assistir, ja perdi a conta. A saga do homem que não quer ser comum, quer o extraordinário e é consumido pela própria ambição. Gênio.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Abril Despedaçado. Rodrigo Santoro é incrivelmente subestimado e aqui ele personifica o silêncio, a tristeza de maneira sublime e contida.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Talvez seja uma resposta muito clichê mas eu acredito no poder da educação, acredito que o cinema pode educar, questionar, informar e levantar questões relevantes. Ser cinéfilo é abraçar sensações e pensamentos que não são seus, discuti-los, buscar referencias, se divertir no processo. É se emocionar, sair da zona de conforto de gêneros, abraçar novas culturas e linguagens. É ter paixão pelo Cinema em si.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

De maneira geral, não. Boa parte dos cinemas virou um produto, por vezes elitizado.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito nisso. Acredito que algumas transformações ocorram para aprimorar a experiência de fato. Infelizmente, isso vai afetar o preço do ingresso tornando o acesso ao cinema cada vez menos popular e mais distante do objetivo de unir as pessoas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Simplesmente Feliz, do Mike Leigh.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. É necessário cautela. Ha alternativas interessantes como fizeram meses atrás, do Drive-in, ou disponibilizar alguns catálogos online. Não há necessidade de expor as pessoas a riscos que podem ser evitados.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sempre muito boa e sempre subestimada. O cinema nacional é forte, bonito mas não é amparado pela população e por políticas públicas.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello e as Fernandas, Torres e Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Gosto muito do Roger Ebert, crítico de cinema que já faleceu, e ele tem uma frase poderosa:

"Todo grande filme deve parecer novo cada vez que você o vê.”

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Fui assistir Cidade de Deus no dia do cinema nacional por 3 reais (faz muito tempo isso). Compramos nossas entradas com muita antecedência, chegando no dia haviam filas quilométricas de pessoas para entrar na sala. A rede vendeu mais ingressos do que o permitido e muitas pessoas sentaram nos corredores ou ficavam em pé no fundo do cinema. A sessão foi iniciada mas o barulho era ensurdecedor. O gerente precisou parar a projeção, pedir que as pessoas que não estavam sentadas nas poltronas se retirassem. O dinheiro seria devolvido e elas teriam direito a um ingresso cortesia para assistir o filme na semana seguinte. Todo esse "show" demorou 40 minutos até o filme ser iniciado. E atrasou toda a programação do dia.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca nem vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Um diretor pode se embasar nas visões de seus contemporâneos e se cercar de pessoas mais talentosas do que ele para fazer um filme "funcionar". Fato que nem sempre dá certo, mas é possível.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Olha, poderia citar alguns: Batman e Robin, O Pentelho, Em carne viva...

 

17) Qual seu documentário preferido?

Vou mandar dois: Tiros em Columbine do Michael Moore e Sob a Nevoa da Guerra.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Com certeza. Ao final de Star Wars e quando E.T foi remasterizado e lançado nos cinemas lá em meados dos anos 2000.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Olhos de Serpente, do Brian De Palma.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Estou sempre lendo o IndieWire e a coluna do Roger Ebert que foi mantida com outros jornalistas.

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

No momento HBO Max e Mubi.

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18/10/2021

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Crítica do filme: 'O Segredo dos seus Olhos'


Um olhar vale mais que mil palavras e as facetas do ser humano são indecifráveis. No ano de 2009, chegou as telas de cinema de todo o planeta um filme argentino que fiaria marcado para sempre no coração de todos aqueles que gostam de uma boa história, repleta de suspense e com final surpreendente. O Segredos dos Seus Olhos na verdade é a junção de histórias com o mesmo personagem que são intercessivas, andam juntas, com seus paralelos alinhado as facetas misteriosas da emoção humana. Ganhador do Oscar de Melhor filme Estrangeiro e dirigido pelo genial cineasta Juan José Campanella, esse filme tem como protagonistas os excepcionais Soledad Villamil e Ricardo Darín.


Na trama, acompanhamos o solitário oficial de justiça Benjamin (Ricardo Darín) que acabara de se aposentar e preso a uma história de seu passado, um caso mal solucionado de assassinato, resolve escrever um livro e assim acompanhamos sua vida no tempo do ocorrido, anos atrás, onde inclusive ele conhece o grande amor de sua vida, Irene (Soledad Villamil). Com o passar dos fatos vamos acompanhando as investigações e absurdos dos fatos, que inclusive fere demais o ex-marido da vítima, uma homem que parou no tempo por conta da tragédia e a quem Benjamin promete ajudar.  


Impressionante como o cinema argentino tem sempre uma criatividade envolvente pra contar uma história cheia de atalhos, cheia de obstáculos, paralelos, sem perder um segundo sequer de nossos olhos apontados para a tela. Baseado na obra La Pregunta De Sus Ojos do escritor Eduardo Sacheri, esse projeto preenche com delicadeza as armadilhas do amor, seus atos medrosos, sua paralisia, seus medos, e por outro lado mostra facetas profundas da capacidade do ser humano em lidar com a perda. Esse paralelo é a cereja do bolo que acaba contornando toda a trama culminando em um impactante, surpreendente desfecho que nunca mais sairá das memórias de todos nós amantes da sétima arte. Baita filme! Bravo!



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Pausa para uma série: 'Heels'


As dificuldades no relacionamento entre dois irmãos completamente diferentes. Focando na história de uma família ligada ao universo da Luta Livre de mentirinha (aquelas lutas onde heróis e vilões brigam sem golpes que acertam), Heels chegou de mansinho, sem muito alarde, no ainda pouco conhecido streaming Starzplay. Com oito episódios nessa primeira temporada, o roteiro segue para caminhos bem profundos e outros ainda rasos se tornando interessante para pontos reflexivos quando pensamos em família, negócios no complicado e cheio de atalhos universo do entretenimento. Criada por Michael Waldron (showrunner do aclamado LOKI), Heels tem como protagonistas Stephen Amell e Alexander Ludwig.

Na trama, conhecemos Jack (Stephen Amell), um pai de família que após o suicídio do pai, um famoso ex-lutador de luta livre na cidade onde mora, resolve assumir os negócios dele, um empreendimento, ou Dome, uma arena de lutas onde a cada semanas lutadores performáticos lutam pelo tão sonhado cinturão. Jack também luta, é o grande vilão dessa luta de encenação que atrai bastante público. Seu irresponsável e imaturo irmão Ace (Alexander Ludwig) é o herói das lutas mas isso acaba mudando bastante com o desenrolar dessa primeira temporada. Os conflitos preenchem muitas lacunas ao longo dos oito episódios sempre caminhando na linha complexa dos heróis e violões, uma marca inteligente desse bom seriado.


Os personagens que cercam os protagonistas adicionam muito à trama, seja os lutadores com pouco espaço de cena ou mesmo Staci (Alison Luff), esposa de Jack, que parece ser a única a quem ele escuta. Ela é peça fundamental nas viradas da trama, principalmente quando Jack entra em modo inconsequente praticamente virando o grande complicador de muitas situações que acontecem. Do lado de Ace, parece estar ligado sempre Crystal (Kelli Berglund), disparada a melhor personagem da série, uma jovem que tem o sonho de ser lutadora mesmo ainda sendo alvo do machismo que reina nesse meio.


A troca de papéis entre mocinhos ou vilões acontece a todo instante, ninguém é santo nessa história que fala muito sobre inconsequência e imaturidade, sobre fatos presos em um passado e como isso acaba definindo atitudes em um presente tão cheio de variáveis incontroláveis.

Tomara que renove para a segunda temporada.

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Pausa para uma série - Ted Lasso (2a Temporada)


A mágica da emoção que transborda em uma temporada tão brilhante quanto a primeira. De volta para a segunda temporada, o seriado Ted Lasso consegue adicionar um preenchimento profundo aos carismáticos coadjuvantes ao mesmo tempo que desenvolve de maneira maravilhosa o seu grande protagonista. Com um total de onze episódios nessa segunda jornada, o premiado seriado da Apple Tv abre portas para muita mais histórias ligadas a sarcasmo, cultura, e reflexões sobre a tão complicada vida mostrando paralelos com qualquer um de nós. Jason Sudeikis e o elenco maravilhoso brilham em todos os episódios.

Nessa segunda parte, Ted já conseguiu se estabelecer (mesmo não entendendo ainda muito do Soccer) como um carismático e querido treinador de futebol na disputa e midiática liga inglesa de futebol. Mas seus problemas começam quando é confrontando por escondidas emoções que o prende a seu passado e o desenvolvimento disso vem à partir da chegada de uma psicóloga para o time. A partir disso, vários problemas como a ansiedade e a síndrome do pânico ganham protagonismo como forma de reflexão de nossa sociedade e principalmente sob a maneira com que confrontamos esses problemas não só quando acontecem com a gente mas quando somos a pessoa que identifica o problema. Fora esse lado emocional, o time começa a buscar seu glorioso retorno a liga principal do país.


Fora o arco principal e envolvido diretamente nas dinâmicas nada convencionais do cotidiano do grande protagonista, o agora ex-jogador Roy (Brett Goldstein) passa por uma grande transformação se tornando um dos braços direitos de Ted no comando do time, ao lado do fiel escudeiro Beard (Brendan Hunt) que tem idas e vindas em seu relacionamento que parecia ser mais simples do que as complicações que se desenvolvem. Rebecca (Hannah Waddingham), a dona do time descobre um novo amor ao mesmo tempo que precisa ter punho firme para os obstáculos que seu empreendimento, agora jogando do lado certo da história, passa. Keeley (Juno Temple), agora a gerente de marketing, sofre um grande amadurecimento com o sucesso na função colocando muitas vezes em cheque seu relacionamento, antes de conto de fadas, com o rabugento Roy. Nathan (Nick Mohammed), antes de Ted chegar era um funcionário sem voz no grupo, nessa segunda temporada passa por uma transformação drástica que alinha imaturidade emocional e ambição por posição social se tornando no elo para uma já confirmada terceira temporada.


Não sei se a Apple Tv esperava o enorme sucesso desse seriado que chegou sem muito oba oba e hoje é, sem dúvidas, um dos seriados mais aclamados por crítica e público. 


Já ansioso pela terceira temporada!

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15/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #530 - Rita Vaz


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Curitiba (Paraná). Rita Vaz tem 56 anos. Está na área do jornalismo há 12 anos, anteriormente trabalhou na área onde é graduada, que é Administração de Empresas com Habilitação em Comércio Exterior, tem cursos diversos na área da escrita, com alguns contos publicados e vencedores de prêmios. Tem curso de história do cinema, curso de roteiro, cursos de imersão na obra de determinados diretores, e estuda “cinema e psicanálise”. É idealizadora e administradora do site de cinema Tudo Sobre Filme, há mais de dez anos. Faz crônicas e críticas de filmes que são publicados em alguns veículos de comunicação. A paixão pela leitura, escrita e pelo cinema sempre esteve com ela.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade, meu cinema preferido, é o Cine Passeio. Ele é um cinema de rua, inaugurado há dois anos e tem uma programação especial, e um estilo único. Além de passar os filmes considerados blockbusters, ele passa muitos outros que não tem chances em outros cinemas. São filmes independentes, filmes de festivais dos mais diversos locais, de dentro e de fora do Brasil. E também proporciona master classes com diretores, roteiristas e muitos estudos do cinema. É um lugar ímpar. Recomendo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que me lembro, de ter assistido no cinema e que teve um impacto grande em mim foi “King Kong” a versão de 1976 com Jessica Lange e Jeff Bridges. Nesse dia o cinema se mostrou para mim, como algo realmente diferente e mágico.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Na verdade, tenho vários diretores favoritos, pois, alguns deles sempre nos impactam de algum modo em todos os seus trabalhos. Mas, para responder você, vou selecionar um, que sempre mexeu comigo, é o François Truffaut. Para mim, um diretor que realmente expressou seus desejos e intenções nos trabalhos que produziu, tanto que influenciou e influencia, gerações de cineastas, além de ser fundador do movimento Nouvelle Vague.

O meu filme favorito de Truffaut é “Os Incompreendidos”. Uma história de abandono e pedido de socorro, das mais lindas e bem construídas que já assisti. E ainda por cima, com um final antológico. Recomendo!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho muitos filmes que gosto, mas, para destacar aqui, vou falar do “Bye, Bye Brasil” do Cacá Diegues.

Um filme empolgante, subversivo (ainda mais prá época), uma verdadeira aula de história. Além de abranger a cultura artística, a cultura popular, a arte em geral de uma forma bastante orgânica, em plena ditadura militar. A trilha sonora é um caso a parte, de tão boa. Um filme que fala de uma realidade que muita gente hoje, desconhece, ou faz questão de esquecer.

Inclusive, vou assistir de novo, fiquei empolgada aqui.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfila para mim, é gostar de cinema em todas as suas possibilidades. Encontrar a beleza da arte em produções pequenas, simples, ou grandes e com orçamentos milionários. Ser cinéfila é se deixar levar pela magia que o cinema realmente produz, e fazer de cada filme, um evento cinematográfico.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Infelizmente não. Acredito que as redes de cinemas estão mais interessadas no lucro proporcionado por um determinado filme, do que o que esse filme possa proporcionar para um indivíduo em si. Mas, há exceções.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Apesar do streaming ganhar, cada vez mais espaço, somado à pandemia, e a possibilidade de você assistir filmes no conforto do seu lar, nada se compara à emoção de uma sala de cinema.

Primeiro, o ritual em si, de escolher um filme, de escolher a companhia, de ir até um local específico para assistir uma história que outros desconhecidos também se interessaram, é prazeroso. E a reação, a determinada cena de um filme, de dezenas de pessoas ao mesmo tempo, é alucinante. E isso a gente não consegue em casa.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu indico “A Vida Invisível”, baseado na obra de Martha Batalha intitulada “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, e dirigido por Karim Ainouz. Um filme elegante, que fala de modo sutil sobre o que as mulheres das décadas passadas (só das passadas?) sofriam.

“A Vida Invisível” é um filme imprescindível de se assistir, traz uma das melhores produções nacionais dos últimos tempos e eleva o nosso cinema para uma categoria superior, aquela dos filmes que te faz pensar e se emocionar com a história, mesmo depois de muito tempo de você o ter visto.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não deveriam abrir, apesar dos evidentes prejuízos econômicos. As pessoas precisam ficar em casa para que essa pandemia acabe logo. E quanto antes isso acontecer melhor para todos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acho que o cinema brasileiro está crescendo novamente. Apesar do governo anti cultura, apesar da pandemia, apesar dos baixos recursos, muito está sendo feito, e com muita qualidade. E eu acredito que agora, depois desse evento mundial ter afetado todo mundo, e a arte ter sido fundamental para que pudéssemos passar pela pandemia com menos estragos, as pessoas se voltarão tanto para assistir, quanto para produzir trabalhos que expressem as emoções pelas quais passaram. E o Brasil é enorme, um celeiro de arte, e muita coisa boa ainda está por vir.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Quando eu fico sabendo que uma nova obra do Fernando Meirelles está em produção, eu já fico na expectativa pra assistir. Ele é um diretor que sabe fazer cinema da melhor qualidade. Ele sabe se expressar e se comunicar com o espectador. Sou muito fã.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é Cultura.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu estava em uma cabine de imprensa e o alarme contra incêndio da sala disparou. Eu, imediatamente levantei e me retirei da sala. Acontece, que das vinte e poucas pessoas que estavam lá, somente eu fiz isso. Todas as outras continuaram assistindo ao filme, como se nada estivesse acontecendo. Realmente, nada aconteceu, graças a Deus. Foi um alarme falso, porém longo. Mas, quando eu voltei, comentei com todos que o nível de sobrevivência deles, estava baixíssimo. E se fosse séria a coisa. Fiquei passada.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Vergonha alheia.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

A princípio eu acredito que precisa ser cinéfilo sim. É como um escritor, que (eu acho) precisa ler, para saber se expressar. Assim é o diretor de cinema que precisa de muitas referências para se expressar, mas, novamente, há exceções.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Eu não gosto de falar mal de um filme, porque todo filme envolve muito trabalho e sonhos. Mas, alguns a gente não entende, realmente porque foi feito. É o caso de “Cada um Tem a Gêmea que Merece”. Um roteiro chato, com piadas sem graça e péssimas atuações.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Gosto muito de documentários e acho que as pessoas deveriam aproveitá-los melhor. Um dos que gosto bastante é o “Uma Verdade Inconveniente” do Davis Guggenheim, que tem o ex vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore, como porta-voz. Um filme que tem uma análise real e crível do que estava acontecendo no nosso planeta e que, infelizmente, ainda está. Inclusive o “Uma Verdade Mais Inconveniente”, feito dez anos depois do primeiro, é muito bom também.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, já bati para vários e de variados gêneros. Alguns que eu me lembro: “Questão de Tempo” de Richard Curtis, “Vingadores Ultimato” de Joe Russo e Anthony Russo, “Moonlight: Sob a Luz do Luar” de Barry Jenkins, “Poesia” de Lee Chang-Dong, “O Senhor dos Anéis – Todos” de Peter Jackson e muitos outros.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Nicolas Cage já fez muitos e bons filmes, atualmente ele tem feito alguns filmes estranhos, mas, vamos ao que interessa. Ele fez filmes de todos os gêneros e eu poderia elencar um de cada, mas, vou no primeiro que me veio à lembrança e eu tenho certeza de que todo mundo também gosta.: “A Lenda do Tesouro Perdido”. É divertido, cheio de ação, enigmas, romance, suspense, marcou uma época, enfim, é tudo de bom.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O que eu mais acesso é o Tudo Sobre Filme, idealizado e administrado por mim.

www.tudosobrefilme.com.br

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13/10/2021

Programa #57 Guia do Cinéfilo - Mariá Velasquez


Episódio #57 do meu programa de entrevistas na TV Caeté, Programa Guia do Cinéfilo.

Nesse episódio entrevisto a gerente de aquisição da Paramount Pictures do Brasil, Mariá Velasquez.
O Programa Guia do Cinéfilo acontece toda terça-feira, ao vivo, no canal da TV Caeté no youtube.


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12/10/2021

8 e 1/2 em 20 - Luan Oldenbrock - Episódio #29


Esse é o '8 e 1/2 em 20', programa de entrevistas feitas por lives no Instagram do @guiadocinefilo, toda 4a, às 19:30​ hrs, com cinéfilos e profissionais que de alguma forma contribuem para o audiovisual.

Nesse episódio, recebemos o Gerente de Marketing e novos negócios da Imovision, Luan Oldenbrock.
Não esqueçam de deixar um like nesse vídeo. :)
Não esqueçam de se inscreverem nesse canal. :)
Visitem também:

Instagram: @guiadocinefilo
Viva o cinema!


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11/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #529 - Daniel Araújo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Daniel Araújo, tem 33 anos. É jornalista, realizador audiovisual, pesquisador e crítico de cinema. Especializando em Cinema e Audiovisual pelo Centro Universitário 7 de Setembro. Integrou a terceira turma do Curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes, tendo participado e proposto projetos em diferentes campos desse fazer. Como crítico de cinema afiliado à Associação Cearense de Críticos de Cinema, tem experiência com júri de festivais internacionais, nacionais e regionais de cinema. Atualmente mantém o projeto “Um Filme ou Dois”, que compõe um site e um perfil no Instagram para reflexão sobre crítica cinematográfica em geral. No campo da pesquisa, integra os grupos de pesquisa do Laboratório de Experimentações em Audiovisual (LEEA) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e colabora atualmente com a Animus, publicação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto bastante das duas salas do Cinema do Dragão. Além de ser mantido pelo Governo do Estado do Ceará, o equipamento tem a melhor programação da cidade com lançamentos não comerciais e filmes que dificilmente entrariam em circuito nos demais cinemas aqui de Fortaleza. Há todo um trabalho de curadoria feito especificamente para o cinema e isso aumenta em muito a qualidade da programação ofertada. São as melhores salas em termos de projeção e nível de som, ficando atrás somente das salas Imax e X-Plus dos equipamentos mantidos nos shoppings.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Cidade dos Sonhos (2001, de David Lynch). É meu filme favorito da vida, e de fato foi a obra que me fez entender que o cinema é uma linguagem múltipla e que pode sim unir elementos da sua carga do entretenimento (no campo da discussão dos temas) e da reflexão crítica sobre a subjetividade do ser humano.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é o Andrei Tarkovsky. Meu filme favorito dele é O Espelho (1975).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Arábia (2017) do Affonso Uchoa e do João Dumans. É um filme recente mas desde a primeira vez que vi me tocou profundamente porque me evocou o mesmo sentimento que falei sobre o filme do Lynch. O cinema brasileiro passa por uma das suas melhores fases em termos de propostas de obras que lidam e confrontam diretamente todo um pensamento hegêmonico de fazer e refletir o ato da realização audiovisual. O que Arábia faz é colocar na tela a subjetividade do "bandido" que, para uma parcela da população brasileira reacionária, só encontra lugar na morte. Ou seja, o protagonista desse longa, Cristiano, é a pessoa não grata da nossa sociedade. E que aqui ele é elevado à posição de senhor da sua própria história. Para mim esse é um dos filmes mais importantes feito no Brasil desde os anos 2000.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É mais do que gostar de assistir filmes. É ver, claro. Mas diz muito também de um modo de se colocar no mundo em favor do amor pelo cinema e pelas artes do vídeo de modo geral (cinema não é só filme narrativo europeu e ocidental). O cinéfilo tem de entender isso e estar aberto para a experiência de modo amplo e isso inclui se permitir assistir cinema experimental, por exemplo e ir além do contato estrito À ideia do filme em si. As séries também são um ótimo exemplo disso e nos ensinam muito sobre linguagem e muitos outros pontos de referência quando falamos em audiovisual.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que enquanto proposta de mercado e negócio, "entender" deveria ser um requisito no melhor dos mundos. A questão passa mesmo pelo lance da gestão, entendo eu. Se o gestor "conhece" ou não sobre cinema, talvez não chegue a ser uma questão. Do meu conhecimento, isso só ocorre de fato em Fortaleza no Cinema do Dragão através do trabalho feito pelo programador Pedro Azevedo. Dos cinemas de shoppings, eu desconheço se há alguém que "entende" de cinema. As programações desses espaços são lançadas semanalmente. Se elas ocorrem segundo uma curadoria, por exemplo, não consigo afirmar. Mas quando comparamos a agenda de filmes de um cinema como o do Dragão do Mar e com o de qualquer shopping da cidade, isso se torna latente.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Primeiro, vamos pensar um segundo sobre o que seria a sala?! A sala seria apenas o espaço institucionalizado hoje dos cinemas de rua ou multiplexes? Se formos pensar para além dessa perspectiva, então a sala vai ser um conceito perene, eterno, porque ela extrapola essa concepção, ao meu ver. Ou seja, aquilo o que a gente pdoe chamar de Modelo de Representação Institucional (MRI) se torna uma coisa outra. E a experiência da sala se reconfigura. Ela se transmuta, como hoje já entendemos por meio de outros modos estabelecidos como as sessões nos cineclubes, sessões ao ar livre a partir de projetos sociais em bairros periféricos, como ocorre aqui em Fortaleza, por exemplo. A experiência da sala de cinema, nesse caso, não morre e se democratiza, o que é o mais importante.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (2010) do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Pelo menos aqui em Fortaleza isso não ocorreu. Somente quando as primeiras pessoas começaram a se imunizar foi que os cinemas reabriram com capacidade bem reduzida.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

É o melhor cinema do mundo. Os melhores diretores, os mais criativos e politizados estão no Brasil. E por politização não devemos entender só o realizador que lida com a política de modo mais direto como uma realizadora como a Maria Augusta Ramos, por exemplo. Há uma centena de realizadores de diversos cantos do país pensando nossa cinematografia nas suas mais diversas dimensões, sejam elas afetivas, sociológicas ou políticas mesmo. E tudo isso tem sido feito nos últimos cinco anos e em meio a um cenário bem adverso onde um projeto de destruição da cultura do País segue em curso. Mas nosso cinema é maior que isso e por isso que ele segue tão forte e seguirá apresentando obras tão sólidas nos seus mais distintos formatos e modelos de execução. Precisamos acreditar nisso ou a batalha já está perdida.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Adirley Queirós, realizador do Distrito Federal.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"É preciso confrontar as imagens vagas com ideias claras" (Jean-Luc Godard)

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Certa vez fui a uma sessão assitir Dr. Sono (2019) e havia uma senhorinha na sala. Ela tinha ido assistir ao filme sozinha. Era uma sessão numa segunda-feira, às 13h30 da tarde. Ela era muito engraçada porque parecia ter uns 99 anos, mas a despeito de tudo isso estava indo ao cinema sozinha ver um filme de suspense legendado. Acho que foi uma das coisas mais inusitadas que eu presenciei num cinema.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nuca assisti o "Cinderela", mas está na minha lista de filmes pra se assistir (um dia) hahaha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Fazer cinema vai além da cinefilia. Qualquer pessoa pode contar uma estória por meio de imagens no cinema. O que se é preciso é ter a consciência de como você usa os elementos da linguagem para transpor isso na execução do filme em si.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não consigo lembrar um filme, mas odiei com todas as forças aquele episódio do Black Mirror:Rachel, Jack and Ashley Too (2019). 

 

17) Qual seu documentário preferido?

Cabra Marcado para Morrer (1984) de Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, para A Cidade Perdida de Z, do James Gray.  

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coração Selvagem (1990), também dirigido pelo Lynch.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Na verdade, quero listar três: "Uma Mulher Com Uma Câmera", "Um Filme ou Dois" (onde eu sou autor e escrevo hehe) e o Cinética.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Mubi.

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