Em meio às
dificuldades, o que fazemos com as nossas vidas? O novo trabalho do diretor Vladimir Kott, “Gromozeka”, chama a atenção por conta da marginalidade das emoções
oriundas de três almas tristes que possuem trabalhos totalmente diferentes do
que realmente gostariam. Os coadjuvantes dessa história vão se encontrando,
trazendo surpresas para a trama, méritos para o ótimo roteiro assinado pelo
próprio diretor. É um hino do desabafo da tristeza, um drama classificado como
melancólico, porém, longe de ser chato.
Na trama entendemos
melhor a vida de três pessoas, amigos de longa data, que possuem problemas
complicados de origens diferentes. Cada um tenta a resolução do seu problema de
uma maneira, levando o filme a encontros e desencontros em busca de uma saída,
rumo à tentativa de ser feliz. Às vezes sente-se falta de uma trilha
interagindo com a trama, o único som que fica na cabeça é o da cena de abertura
que tem um bis já no desfecho do filme. As histórias são muito interessantes e
envolvem o público com uma carga elevada de sentimento à flor da pele e são
coroadas por ótimas interpretações dos protagonistas.
O primeiro amigo é um
taxista bigodudo de bom coração que roda pela cidade mas sempre tem o azar de
pegar passageiros longe de serem ‘animadores’, além de entrar em desespero ao
saber a profissão da filha, abandona o trabalho e passa a seguir os passos
dela, chegando à loucura quando negocia uma punição à jovem. O segundo amigo é um
cirurgião prestigiado de olhar distante que tem um dia ruim na mesa de
operação, problemas com a esposa, gosta de fumar e faz flexões. Mantém uma
amante mas não consegue contar a esposa sobre a infidelidade, descobre um
problema de saúde e por conta disso sofre com as conseqüências de seus pecados.
O terceiro amigo é um policial que sempre foi mal aproveitado nesse serviço,
tem sérios problemas com o filho que não quer saber de nada, pratica Tai Chi
Chuan para relaxar e acha que a esposa o está traindo, é surpreendido por fatos
que o levam surpreendentemente a um final interessante.
Amargurados,
machucados pelo mundo, são jogados em situações constrangedoras. Sem encontrar
uma luz no fim do mundo, vão ao limite em todos os sentidos possíveis. O final
do longa é uma junção de possibilidades de tragédias que os levam à uma pequena
redenção, esclarecendo um pouco o que é o sentido da vida para cada um deles.
É um trabalho
reflexivo que deve agradar aos cinéfilos que gostam de discussões profundas
sobre o viver. Vale a pena conferir o desfecho dessa saga deprimente mas nem
por isso desinteressante.