Um filme inteligente que não surgiu para ser ‘mainstream’
O nova-iorquino Kenneth
Lonergan (que dirigiu o ótimo “Conte
Comigo”) consegue em um longo filme narrar com muita inteligência as
atitudes de uma adolescente em crise após um determinado acidente. O longa tem cenas dramáticas, fortes e
sensíveis ao mesmo tempo que preza pelo lado humano, em meio ao caos emocional
instaurado. O desfile de rostos famosos
que aparecem ao longo da trama, cada um com seu pequeno papel, ajudam e muito a
construir essa ótima história.
Na trama, conhecemos Lisa Cohen (interpretada muito bem pela
mais jovem ganhadora do Oscar Anna
Paquin) uma jovem com graves problemas de diálogos com sua mãe que acaba em
um certo dia testemunha de um acidente fatal de ônibus. Após esse dia, a troca
pela culpa é a nova caminhada que a jovem percorre, para tal, conhecemos aos
poucos novos rostos que ajudam a adolescente a definir o tamanho da parcela de
sua culpa nesse acidente.
O papel da mãe é muito definido (fabuloso trabalho da atriz
americana J. Smith-Cameron).
Solteira, atriz veterana dos palcos, leva uma vida de artista e quando volta
para casa não consegue se entender com a filha. As duas estão passando por uma
fase complicada, o que de fato atrapalha muito essa relação. A decadência das
escolhas da protagonista começam após um grave acidente onde a mesma tem uma
grande parcela de culpa. Discussões fervorosas com sua mãe e seus amigos na
escola mostram o descontrole que paira nessa adolescente completamente em crise
emocional.
O ponto negativo da fita vai para o sua duração. Muito
longo, por mais que não possamos dizer que conta com demasiadas cenas
desnecessárias. Não existe o famoso ‘encher lingüiça’ mas o tempo poderia ter
menor.
O cinéfilo mais atento e fã de David Lynch ficará surpreso: Laura Palmer aparece de relance um uma
cena, reparem só!
Aulas de história, sociologia e literatura levantam questões
importantes oriundas das dúvidas das jovens mentes. Vale a pena conferir e
indicar se gostar. Um filme inteligente que não surgiu para ser ‘mainstream’ e
agrada muito o público cinéfilo.