Triste e profundo quanto algumas músicas do Radiohead
Sem ligações humanas a vida não tem sentido. O longa
canadense “Tudo o que Você Tem” é um
drama nada superficial sobre erros de um passado triste. O filme, que é
dirigido por Bernard Emond, invoca a alma dramática e a questão existencialista.
Durante os poucos mais de 90 minutos de fita vamos passeando pela tristeza do
protagonista e entendendo aos poucos o porquê de tamanha solidão.
Na trama, somos apresentados a Pierre Leduc um professor
universitário que abandonou a arte de lecionar para traduzir a obra de um poeta
polonês chamado Edward Stachura. Sujeito pacato, mal humorado, Pierre parece
que traz alguns traumas do passado para seu presente triste. Sua vida nunca
esteve bem, O pai (que sacaneia todo mundo a mais de 40 anos) está morrendo de
câncer (os médicos não dão mais de 3 meses a ele) e quer lhe deixar uma fortuna
que Pierre insiste em não aceitar. Um dia, uma garota que alega ser sua filha o
procura. Pode ser que a luz no fim do túnel vem em forma de relação paternal.
Mas será?
Encontrando uma razão
de viver que talvez tenha posto em um bolso furado. As citações do autor
polonês vão guiando a trajetória de redescoberta desse solitário ser humano. O
personagem parece sentir necessidade de ficar sozinho, passou metade da vida
dentro de livros, chega a ser tão triste e profundo quanto algumas músicas do
Radiohead. Pequenos raios de felicidade começam a aparecer em sua vida,
principalmente com a chegada de sua filha de 13 anos que ele nunca procurou (o
gosto pela literatura é um elo que aos poucos vai unindo essas duas almas).
Essa nova relação mexe com ele e o leva a forçar uma mudança que novamente o
levará ao passado mas dessa vez para tentar trilhar um novo caminho.
Pequenos flashbacks no passado confuso de Pierre vão
tentando preencher lacunas e direcionando os caminhos do seu destino ao
público. É um típico filme Cult, muita gente vai gostar muito gente vai se entediar.
Tudo que você leitor tem é a chance de conferir esse bom trabalho que está em
cartaz em algumas sessões do Festival do RJ 2012.