A construção de uma expectativa, um desejo. O retrato do
encontro de uma família, por meio de cartas ou viagens internacionais é o tema
principal do documentário Construção dirigido por Carolina Sá.
Às vezes, com imagens em posição fixa, vemos lindas paisagens se encaixando
como um belo plano de fundo, sendo acompanhados por uma trilha que oscila entre
o bom e o mais ou menos durante toda a exibição. Mas a interação é
comprometida. Constrói e se desconstrói muito rapidamente, constantemente. Entramos
em uma espécie de ciclos que é a grande bola fora do longa-metragem. O público
se sente perdido e já não sabe mais sobre o quê o filme se trata. Há uma
inversão ou apenas um sumiço da ideia principal.
Na trama, logo em seu início, somos guiados pelos olhos da
linda jovem Branca e suas descobertas. Depois somos jogados para trocas de
cartas familiares que envolvem os avós de Branca. No táxi, no aeroporto e em
muitos outros lugares vamos sendo transportados para essa história que fala
basicamente sobre encontros e desencontros. Memórias de um passado tentam ser
mostradas em paralelos com o presente. É uma visão de hoje e ontem de uma
família interligada por raízes brasileiras e cubanas.
Imagens do rio antigo, a nascente das águas, o sonho. A narração
que acompanha algumas sequências funciona muito bem quando não somos jogados
para dentro da história de uma família que não é apresentada durante o filme.
Não há como se conectar com a história se você não conhece seus personagens.
Brasil, Cuba, família, encontros e sentimentos. Em uma terra
de revoluções, o amor aconteceu e um fruto nasceu. Partindo dessa ideia fica
muito interessante analisar o filme. Porém, de um certo momento para frente ligam
um liquidificador de histórias e apresentam ao público. Você se sente vendo
aqueles vídeos-homenagem que são vistos em festas de 15 anos ou casamentos.
Resumindo, não sabemos se o filme tem alguma finalidade ou é
apenas uma grande homenagem de uma filha à seu pai e a sua família. Deixemos
para o público decidir.