O que fazer quando o amor vira vício e vai corroendo até o
limite da alma? O novo longa francês que chegou aos nosso cinemas nessa semana,
estrelado pela musa parisiense Juliette Binoche (O Paciente Inglês), De
Coração Aberto, conta a saga doentia de um relacionamento movido a
genialidade e muito álcool. Ao longo dos pouco mais de 90 minutos de projeção,
muito bem dirigidos pela cineasta Marion Laine, o público é jogado de ponta a
cabeça para dentro do mundo obscuro das emoções extremas fato que é relacionado
à metáforas interessantes principalmente em seu desfecho.
A trama, baseada na obra de Mathias Énard, gira em torno de
um casal de meia idade que são cirurgiões do departamento de transplantes de um
prestigiado hospital público de Paris. Esse homem e essa mulher são casados e
vivem intensamente a relação, dentro e fora do hospital. Certo dia, uma
gravidez inesperada vira um estopim para mudanças drásticas nesse
relacionamento que tende ao doentio por conta da violência e intensidade
provocadas principalmente pelo rapaz, viciado em álcool.
Os diálogos intensos e as interpretações à flor da pele
causam tremendo choque ao espectador. Não é um filme fácil de digerir. Precisa
ter paciência e se conectar com a trama (às vezes um pouco detalhada demais)
aos poucos. A riqueza cênica que vemos é fruto das excelentes interpretações de
Binoche e Édgar Ramirez (Fúria de Titãs 2). O segundo tem um dos seus melhores
papéis da carreira transformando uma doença no grande foco do filme. Já a primeira,
mostra mais uma vez porque é uma das artistas mais queridas pelos cinéfilos
mundo à fora, mais uma atuação corajosa e de gala dessa atriz surpreendente.
A questão da ética e do alcoolismo dominam as sequências. O
roteiro foca nesses relatos deixando (de maneira muito inteligente) o público
tirar suas próprias conclusões sobre as situações que são impostas aos
personagens. Cenas marcantes compõe o longa, levando o público para um desfecho
meio metafórico onde cada qual dá a sua conclusão ao que somos brindados nos
minutos finais.
Final feliz? Historinha para boi dormir? Não! Esse é um
filme nu e cru, contextualizado com muita competência. A verdade torna-se um
prato difícil de engolir. Mas quem nunca teve um relacionamento conturbado?
Saiba mais indo conferir esse ótimo filme da terra do perfume, e do cinema, é
claro!