Quando chega a hora de sair do conflituoso cotidiano. No
novo trabalho do diretor Karim Ainouz (O Céu de Suely) passeamos pelas ruas
de Copacabana acompanhando um desespero de um alguém surpreendentemente
abandonado tentando encontrar respostas, porém, perdida em um mar de solidão
sem fim. A proposta do filme, baseado em uma letra de Chico Buarque, é bem
franca, detalhar o desespero da não aceitação de um término matrimonial.
Na trama, conhecemos a conflituosa Violeta, uma dentista mãe
e mulher moradora de Copacabana. Certo dia, após receber uma mensagem, começa a
sofrer de desespero inconseqüente, sua vida desmorona e seu marido que viajara
para Porto Alegre está envolvido nesse novo destino que lhe é traçado. Correndo
contra suas tristezas, decepções e solidão, Violeta embarca em uma curta jornada
para tentar entender a situação que lhe foi imposta.
Abismo Prateado é praticamente um monólogo de Negrini.
Conhecemos a história pelos olhos e aflições de sua personagem. A bela atriz
consegue levar o filme para um lugar interessante deixando o conflito ser
discutido e opinado pelo espectador. A câmera do diretor tenta captar toda
aquela inconstância muito bem exemplificada na dança frenética e desesperante
estilo Flashdance, na cena da boate, que mostra também um lado cinéfilo do
personagem, da atriz ou do diretor.
O longa tem uma pegada européia. O roteiro, que possuía uma
dificuldade enorme por ser uma adaptação de uma letra de música, não apresenta
graves problemas. Se justifica na construção do personagem. Um fator que causa
impactos negativos na história filmada são os erros de continuidade e alguns
exageros como um nu frontal totalmente desnecessário.
O filme pode ter uma divisão de opiniões. Se o espectador
conseguir se prender às execuções emocionais da personagem muito bem representada
por Alessandra Negrini pode sair feliz da sala de exibição. Caso contrário,
cairá no démodé e constantes interações com o visor do celular serão o seu
destino.