O mundo é muito grande para você viver dentro de um aquário.
Dirigido pelo cineasta Francisco Garcia, em seu primeiro longa, Cores
é um filme bastante atípico quando pensamos em cinema nacional. O filme fala
sobre a desilusão da juventude, seus conflitos e irresponsabilidades. Pelos
olhos de três amigos, completamente perdidos em suas vidas, somos arrastados
para o submundo da desilusão. É um retrato nu e cru de uma sociedade sem forças
para superar as adversidades da vida.
O trabalho como desafogo e exploração emocional é um
exercício constante que vemos em cena. Os três trabalhadores utilizam o seu
cotidiano improdutivo para exaltar suas inconseqüências sem responsabilidades.
O grande problema vem com essa viagem nas personalidades dos que aparecem em
cena. Os atores não conseguem desenvolver seus personagens, pecam pela fala de
experiência. Isso acaba atrapalhando a profunda história escrita pelo diretor e
Gabriel Campos.
Ninguém pode falar de ninguém. Entre cigarros, bebidas e
músicas barulhentas, a falta de cores coloca o filme em paralelo com o
sentimento de cada personagem, associada à inconseqüente falta de direção de
cada um dos amigos. O poder de revolução da juventude passa longe do pensamento
e ações dos protagonistas. A história mais bem definida é a de Luara que usa a
Polaroid em vez do Instagram. Sua fidelidade aos seus sonhos, sua inocência
imatura e seus desejos são muito bem retratados pelos lentes de Garcia.
O filme se prolonga em seu vazio existencial, deixando o
público definir o sentido de algumas sequências, consegue ser maduro e confuso
ao mesmo tempo. Se o espectador se agarrar aos conflitos, metaforicamente demonstrados,
de cada personagem, pode ser que goste desse curioso longa metragem.