Falando sobre violência doméstica e os procedimentos da
polícia em casos específicos, o cineasta francês Jean-Paul Lilienfeld (do interessante
La
journée de la jupe) presenteia os cinéfilos com seu novo filme, Prenda-Me,
baseado em uma obra de Jean Teulé. A grande questão é saber como o público vai
reagir quando receber esse confuso presente.
Na trama, acompanhamos uma mulher, amargurada pelo seu
passado, em conflito que entra em uma delegacia certa hora de uma noite e
resolve assumir um crime que cometera a quase dez anos. Quando relata sua
história para a tenente de plantão, a oficial tenta convencê-la a não se
entregar. Aos poucos vamos conhecendo melhor aquela relação desgastada que a
mulher sofria com sua família guiando o público para um desfecho imprevisível.
A personagem principal passa a impressão de ingenuidade, de
estar sufocada e automaticamente não conseguindo viver. Esse conflito chega a
um caminho sem volta e a ideia de assumir a culpa passa a circular fortemente
em sua cabeça. A partir daí, o roteiro começa a se embolar. O filme entra um
desenvolvimento estranho. Perdido, o público acaba rindo das indignações da
personagem de Miou-Miou (A Datilógrafa), uma delegada no
mínimo incomum.
O filme se encaminha para um vazio existencial mais profundo
que os traumas que vivenciamos nos diálogos. A adoção da câmera personagem é um
artifício interessante mas que não gera maiores surpresas no espectador. O
diretor tenta a toda custo facilitar o processo de interação entre a história e
o público, porém, nem a presença da bela atriz francesa Sophia Marceau (Rindo
à Toa) é capaz desse mérito.