Vindo do mundo dos curtas metragens, o diretor Caetano
Gotardo traz a angústia como principal foco no profundo drama O que
se Move. Após rodar o Brasil em sessões de festivais e apresentações
isoladas para todos os tipos de público, o novo trabalho de Gotardo chega aos
cinemas brasileiros nesta semana mostrando uma ousadia particular fugindo dos
padrões das produções nacionais.
Na trama, conhecemos três famílias, três histórias, três
dramas. Uma notícia inesperada, a angústia de um pai e um constrangimento
imposto pelo destino. Cada parte possui suas particularidades e foram
transformadas para a telona a partir de histórias, no caso três notícias isoladas,
que aconteceram na vida real. O que se Move tem o freio de mão
puxado, se fortalece nos acontecimentos e em um recurso musical no desfecho de
cada história, com certeza, uma jogada arriscada do corajoso diretor.
O trabalho do cineasta capixaba faz reflexões sobre a vida,
o sexo e a sociedade. Mas a narrativa muito lenta, faz a história se mover
lentamente. Umas cenas esquisitas, peculiares, como a de uma família brincando
de estátua em uma pista de corrida. O filme tem um ar inocente, diálogos
adolescentes (na primeira história) que se aproximam da realidade mesmo não tão
bem executados pelos artistas envolvidos na cena.
O longa é ousado, foge dos padrões. É admirável a coragem do
jovem cineasta. As explicações chegam ao público de forma surpreendente. Uma
ousadia raramente vista em nosso cinema. Vale pela experiência.
Uma espécie de
poesia triste, dramas trágicos são interpretados por vozes amarguradas,
sofridas.
Pais e filhos, quem nunca pensou sobre esse relacionamento? Não
é preciso ter uma alma sensível para se emocionar nas belíssimas revelações que
se movem da tela até o nosso coração.