O estreante cineasta Andre Pellenz tinha uma difícil missão
de transformar uma peça de teatro em um filme que se diferenciasse das entediantes
comédias nacionais dos últimos tempos. Minha
Mãe é uma Peça se distancia de qualquer outra obra desse tipo, apostando no
ótimo roteiro (escrito pela dupla, Paulo Gustavo e Fil Braz) que envolve
situações engraçadas de uma família que mora em Niterói e aproveita as melhores
características da personagem principal, interpretado pelo genial humorista
Paulo Gustavo (De Pernas pro Ar 2).
O filme mostra a história de Dona Hermínia e sua família. Dona
de casa, separada e com dois adolescentes, a jovem senhora se mete nas maiores
confusões sempre pensando em proteger seus filhos. Assim, fazemos uma viagem ao
passado dessa família, focando na relação entre pais e filhos. Por meio de
flashbacks, somos apresentados a esse grupo que se mete em diversas situações
cômicas. Temas como: primeiro namorado, obesidade, sexualidade são abordados de
maneira leve e descontraída. É um grande stand up comedy de Paulo Gustavo, o
ator domina sua criação do começo ao fim.
O roteiro encosta na comédia pastelão mas se recupera, focando
nos dramas cômicos dos personagens, encontrando uma fórmula de sucesso e por
isso se diferenciando das outras comédias nacionais do gênero. Os parênteses
que são abertos, se fecham com certo dinamismo, como todo bom roteiro deve ser.
Alguns vão achar que o longa metragem parece um seriado de
televisão. Há momentos que temos a sensação de que colocaram a primeira
temporada de uma série e apertaram o play mas surpreendentemente isso não é
algo que fica ruim na telona. Dona Hermínia, uma mulher de atitude, dos tempos
de Woodstock, é uma personagem genial. Só por esse fato o filme ganha forças e
segue em frente.
A escandalosa
personagem criada por Paulo Gustavo conta com personagens coadjuvantes que
preenchem muito bem as lacunas deixadas. A grande Suely franco se encaixa muito
bem no da tia da protagonista, aparecendo em um dos arcos do filme. A única que
parece estar perdida é a personagem de Alexandra Richter que não encontra sua
função na trama, fato que é esquecido quando colocamos tudo no liquidificador
das licenças poéticas.
Os risos são garantidos. Com impagáveis créditos finais
(onde conhecemos a verdadeira inspiração para o personagem principal), Paulo
Gustavo e companhia conseguem reproduzir nas telonas o grande sucesso do
teatro, Minha Mãe é uma Peça já
levou mais de um milhão de pessoas aos teatros e com certeza o público vai
voltar para conferir nos cinemas as novas aventuras da Dona Hermínia. Gosta de
rir? Não perca esse bom trabalho made in Brasil!