Em 2011, o diretor sul-africano Neill Blomkamp (Distrito
9) assistiu ao filme Tropa de Elite e ficou entusiasmado
com o personagem Capitão Nascimento, interpretado pelo ator brasileiro Wagner
Moura (A Busca). Assim, logo após assistir ao trabalho de José Padilha
(Robocop),
pegou o telefone e ligou para os agentes de Moura nos Estados Unidos o
convidando para seu novo projeto – que chega aos nossos cinemas no dia 20 de
setembro – Elysium. Para falar sobre o projeto, a imprensa carioca foi
convocada para conversar com os atores Wagner Moura e Alice Braga em um hotel
na orla carioca. O Núcleo do Cinema teve acesso e bateu um papo descontraído
com os artistas brasileiros.
Elysium, Tropa de Elite e Distrito 9 são filmes populares e
com conteúdo político. Nesse novo trabalho do diretor de Distrito 9, abre-se
argumentações para imigração, segurança pública, saúde e desigualdade social
inserido em um contexto de um filme pipoca. “Cada vez mais eu fico interessado em fazer parte de projetos que gerem
discussões. Ninguém vai sair fazendo tratados sociológicos mas vão gerar discussões
importantes sobre questões importantes. Elysium
é muito mais um filme que reflete o mundo de hoje do que uma previsão
futurística. É mais fácil você fazer um filme cabeçudo para pouca gente e um
filme bobo para muita gente. Neil Blomkamp consegue ter um equilíbrio entre
diversão e conscientização”, diz Moura logo no início da conversa.
O convite para a atriz Alice Braga foi sugerido pelo próprio
Wagner Moura ao diretor do filme. “Eu
estava em Nova Iorque quando vi o Distrito
9. Eu adorei. Quando soube da chance de fazer parte do projeto, batalhei,
fiz o teste, e me reuni com ele. No final, deu tudo certo. Estou super feliz de
fazer parte de um projeto como esse, com um diretor tão talentoso da nossa
geração. Foi uma experiência gratificante”, disse Alice.
Um dos trunfos do diretor sul-africano de 34 anos é optar
por atores de outras partes do mundo, não só utilizar atores que já caíram no
gosto do público, por trazer visões diferentes, sentimentos novos em relação ao
tema que seu filme aborda. Em relação a isso, Alice Braga mostra sua visão
sobre a personagem que interpreta, Frey: “Minha
personagem representa muitas jovens mulheres de comunidades no Brasil e no
mundo que precisam amadurecer mais rápido, por ser uma mãe mais jovem e mesmo
assim não desiste dos seus sonhos não tem auto piedade”, disse Alice.
O filme conta também com a participação do ator sul-africano
Sharlto Copley (Distrito 9) – um dos destaques do longa – que já trabalhou com
o Blomkamp em Distrito 9 e atualmente está rodando a aguardada comédia sci-fi
Chappie
que será lançado em 2015. Sobre o talentoso e desconhecido ator, Wagner Moura
foi só elogios: “Ele é muito talentoso e
excelente com improvisos, faz do seu personagem um homem muito enérgico. Esse é
um cara que eu tenho mantido muito contato”.
Wagner Moura consegue brilhar no filme muito pela liberdade
que lhe foi concedida para criar em cima do roteiro escrito pelo diretor. Assim,
as comparações do personagem Spider (Moura) com o célebre Capitão Nascimento
(Moura) foram levadas com muito bom humor pelo artista baiano que se consolida,
ano após ano, como um dos grandes atores de nosso cinema. “Eu nunca mais vou poder falar no rádio que as pessoas vão associar ao
Nascimento (risos)”, desabafa aos risos o ator brasileiro.
Em uma das curiosidades que aconteceram durante as
filmagens, Wagner Moura contou uma situação cômica com o ator Matt Damon: “Eu sugeri que o meu personagem fosse
brasileiro já que ele não tinha uma nacionalidade definida no roteiro. Assim,
pensei vou colocar uma bandeira do Brasil no braço aí o Matt Damon olhou assim
de longe e me perguntou porque eu tinha um hambúrguer tatuado no braço (risos)”.
A atriz Alice Braga se prepara para rodar o faroeste
argentino The Ardor, do diretor argentino Pablo Fendrik, já Wagner Moura
se prepara para seu primeiro trabalho como cineasta, a cinebiografia de Carlos Marighella,
adaptação do livro Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo.