Os grandes diretores do cinema mundial sempre geram altas
expectativas em relação aos seus próximos trabalhos. A regra é válida e não foi
diferente com o cineasta francês, muito querido pelos cinéfilos brasileiros,
François Ozon (Dentro da Casa). Seu novo trabalho Jovem e Bela é um diagnóstico
sexual sobre as descobertas da juventude aos olhos tristes, melancólicos e
jeito debochado da sua protagonista Isabelle, interpretada por Marine Vacth.
Na trama, acompanhamos uma jovem discreta que após perder a
virgindade durante suas férias de verão volta para casa, cria uma página em um
website e começa a se prostituir. Assim, levando uma vida dupla e secreta
começa a conhecer todo tipo de homem, até que um dia um de seus clientes sofre
um acidente e sua família descobre parte do seus segredos. A protagonista, então, embarca em uma fase difícil,
de desconfiança de todos ao seu redor.
É um filme denso, às vezes se perde na falta de dinamismo em
suas subtramas. Alguns personagens não conseguem se desenvolver e ajudar a
contar com mais detalhes essa curiosa trama. O irmão da personagem principal,
Victor (Fantin Ravat) é o que mais ajuda o público a tentar entender melhor o
que se passa e quais são os objetivos da protagonista. Sylvie (Géraldine
Pailhas) e Patrick (Frédéric Pierrot), a mãe e o padrasto de Isabelle, pouco
adicionam, deveriam e poderiam ser mais efetivos e preponderantes para a
história.
Jovem e Bela tem várias fases, sendo dividido pelas estações do
ano, e, após um começo morno vai melhorando a cada desfecho de subtrama. Nesse
drama puxado para o sensual, o jeito frio e as expressões impactantes da
protagonista guiam as sequências muito bem captadas pela lente inteligente do
famoso cineasta francês que também assina o roteiro do projeto. A descoberta da
sexualidade é o ponto chave para traçarmos o perfil desta curiosa jovem que nos
é apresentada, uma adolescente que testa seus limites em sua tentativa ansiosa de
transgredir.
Não é o melhor trabalho de Ozon. Dentro da Casa (2012) e Refúgio
(2008) estão acima mas isso não quer dizer que Jovem e Bela deve ser um filme
descartado pelos cinéfilos, poucos diretores no mundo retratam tão bem conflitos
fortes e dramas familiares como François Ozon. Não deixe de conferir mais esse
bom trabalho do cineasta.