Depois de fazer os cinéfilos sofrerem por mais de uma década
– com personagens horrorosos e atuações pífias – Nicolas Cage volta a uma
grande atuação no intrigante, nu e cru filme de David Gordon Green (Prince
Avalanche), Joe. O roteiro é primoroso, assinado por Gary Hawkins baseado
na obra de Larry Brown, gera reflexões da plateia e não deixa de ser uma
crítica a diversas questões ambientais.
A trama é toda voltada à Joe (Cage), um típico rebelde sem
causa que gota de falar olhando nos olhos e não admite mentiras. Dirigindo sua
velha caminhonete azul, vestindo sua camisa da banda de rock Pantera e sempre
com seu cigarrinho a tira colo, se vê envolvido com a história de um novo
morador da cidade com quem cria uma relação de pai e filho. A partir dessa
amizade, o passado de Joe e o presente do novo amigo misturam-se de maneira
explosiva, levando o protagonista ao limite da dor e raiva. Culminando em uma
vingança para lá de sangrenta.
O diálogo impactante entre pai mal educado e filho bem educado, logo na primeira cena do
filme, já demonstrava que a história – no mínimo – seria interessante. O
longa-metragem de quase duas horas é extremamente violento, quae um soco no
estômago, possui cenas fortes – lembram da sequência do extintor do filme
Irreversível? Ou da cena do cachorro do longa Tiranossauro? Joe
possui sequências tão fortes e parecidas quanto.
Costumes locais como a caça e os trabalhos de meio período
para madeireiras são apresentadas ao público em forma de crítica a certos
costumes locais que não são de aprovação do senso comum. O retrato da típica
cidadezinha do interior dos Estados Unidos é tão fiel que existem ate aqueles policiais que só
dificultam a vida dos moradores com atitudes imorais e constrangedoras.
O personagem principal é um homem bondoso mas que não
consegue abandonar sua raiva com a vida que o cerca. No começo, fica com receio
de se aproximar do novo amigo – mesmo vendo a violência que o mesmo sofria.
Cage vai com seu personagem até o limite, aproxima Joe ao máximo da realidade.
Sem dúvidas, a melhor atuação do sobrinho do cineasta Copolla – pelo menos – dos
últimos 10 anos.
O espectador interage com o filme a cada segundo: fica com
raiva dos vilões, torce para que os mocinhos vençam a batalha contra o mal e
ainda é surpreendido pela volta de um ganhador do Oscar ao seu verdadeiro e
merecedor lugar , os aplausos dos cinéfilos. Não deixe de conferir esse
excelente trabalho!