Os reflexos e as entrelinhas políticas da crise que aflora o
mundo econômico há alguns anos é apresentado de maneira dura e em forma de
crítica sobre a responsabilidade moral das instituições bancárias nas vidas do trabalhador
no novo trabalho do cineasta grego - muito querido pelos cinéfilos -
Costa-Gavras (O Corte). Com uma atuação fabulosa do ator marroquino Gad
Elmaleh (A Espuma dos Dias), O Capital faz uma reflexão sobre o
jogo político, injusto, infiel e de escala mundial que assombram algumas instituições
financeiras.
Baseado em um romance chamado Le Capital, do escritor
francês Stéphane Osmont, o filme conta a história de Marc Tourneuil (Elmaleh) um
jovem executivo de carreira promissora que se torna chefe de uma grande
organização financeira francesa. Roubando dos pobres para doar aos ricos, Tourneuil
é um homem mesquinho e sem escrúpulos que pratica jogos de manipulação para a
garantia do seu poder e enriquecimento.
A trama é muito bem desenvolvida e o espectador consegue
absorver elementos para contestar a responsabilidade moral das instituições
bancárias nas vidas dos habitantes de todo o mundo. Costa-Gravas – conhecido pelo
tom de denúncia política em seus trabalhos - sabe como poucos dirigir e contar
esse tipo de história. O filme choca pela verdade, e o pior é sabermos que esse
tipo de situação ocorre no mundo real.
Os atores, sem exceção, estão excelentes nos seus
fortíssimos papéis. O comediante Gad Elmaleh surpreende em um papel dramático,
consegue passar ao público todo o desespero de conseguir os objetivos de seu
personagem. Uma atuação digna de Oscar, desse, até então, ator de segundo
escalão do cinema europeu. O veterano Gabriel Byrne (Eu, Anna) interpreta uma
figura poderosa e com muita malícia, chamado Dittmar Rigule, líder de um fundo
de investimentos nos Estados Unidos. Uma das melhores atuações do artista
irlandês – depois de muito tempo fazendo trabalhos contestados por crítica e
público.
Saber o que melhor se passa nos altos escalões de quem
comanda o dinheiro do mundo é um dos ótimos motivos para assistir esse
longa-metragem, afinal, como pode ser possível em um mundo como o nosso os
bancos se sobreporem à democracia?