Após o desastroso 12 horas (2012) – o diretor
pernambucano Heitor Dhalia (À Deriva) volta para casa e
apresenta ao público uma comovente história de amizade e ganância no garimpo do
sul do Pará. Em Serra Pelada, modelado com narrações em Off como se fosse uma
mini-série daquela emissora poderosa – fato que não vai agradar muitos
cinéfilos – vemos boas atuações, um roteiro competente e uma direção muito
correta, colocando o público entretido do início ao fim com a história de cada
personagem.
Estrelado pelo ator gaúcho Juliano Cazarré (360)
e Júlio Andrade (Nove Crônicas para um Coração aos Berros),
Serra
Pelada conta a história de dois amigos que abandonaram sua terra natal
para tentar ganhar a vida como garimpeiros em uma terra de oportunidades. Com
um certo ar de empreendedorismo e muita malandragem conseguem logo virar
referências nessa terra violenta, cheia de perigos e algumas oportunidades.
O ponto chave do filme é o foco na relação de amizade entre
os protagonistas. Cada detalhe é muito bem capturado pelas lentes do diretor. O
desenvolvimento dos personagens é nítido, o que era uma amizade acaba virando
ódio e decepção, muito por conta de interesses megalomaníacos, inveja e ambição
que acabam gerando sequências de violência e reviravoltas emocionantes. Os
personagens coadjuvantes, a grande máfia que é mostrada ajudam a contextualizar
o destino dos protagonistas - destaque para Wagner Moura (Elysium), careca e
caricato, inventando brilhantemente seu Lindo Rico.
A trama é desenvolvida na ótica do personagem de Júlio
Andrade, Joaquim, por onde vemos as realizações e os medos da sofrida situação
que ele se mete. A região de Serra
Pelada é habitada por aventureiros de todos os lugares do Brasil, em busca do
tão sonhado ouro que banha a região. Com a avançada militar – a história é
passada nos anos 80 – na região alguns hábitos e costumes são modificados
desestruturando alguns monopólios que já se instauravam na mão-de-obra.
Serra Pelada é acima da média quando falamos em cinema nacional.
O espectador acaba a sessão com um ar de que viu e aprendeu muito sobre esse
lugar. Tem ação, aventura, suspense e drama na dose certa, tudo que um bom
filme precisa ter para agradar o público, sempre carente por obras nacionais de
qualidade.