As músicas mais bonitas são aquelas que chegam ao coração de
alguém que nos entende. Depois de conquistar plateias no mundo todo com o tênue
romance Loucamente Apaixonados, o cineasta californiano Drake Doremus
dirige e assina o roteiro da atraente fita Breathe In. Falando sobre a
redescoberta da arte do viver em meio a um caos familiar derivado das conseqüências
de atos naturais e impensáveis, o drama possui um enredo envolvente que vai
conquistar o público do primeiro ao último minuto de fita.
Na história, passada em uma pequena cidade de Nova Iorque, conhecemos
a família de classe média do professor de música Keith (Guy Pearce).
Aparentemente, são três pessoas que são felizes e conseguiram se acertar na
vida depois de enfrentar certas dificuldades financeiras no passado. Certo dia,
Sophia (Felicity Jones), uma estudante estrangeira chega de Londres para fazer
intercâmbio e se hospeda na casa da família, despertando em Keith uma vida em
que tenha, de fato, vontade de fazer as coisas.
A profundidade em que chegam os personagens quando são
atingidos por novas perspectivas é visto nas telas com uma verdade tocante. A
trama gira toda em cima de Keith que teve uma vida cheia de alegria
interrompida muito cedo por conta da gestação de sua namorada e atual mulher. Um
certo complexo de juventude paira pela cabeça dele com a chegada da linda
Sophia. Qualquer lembrança sobre como era mais divertida sua vida vivendo de
música e na cidade grande, é motivo para um isolamento instantâneo que só
Sophia parece entender.
Uma relação madura e carinhosa de desejo entre homem e
mulher (e também pela arte que conhecem) vai dominando os dois personagens. Um
encontra no outro um porto seguro. O jeito que se olham, aquele brilho no olhar,
a maneira como sentem e se identificam com a música levam essas duas almas a um
relacionamento de respeito, desejo, confiança e carinho, por mais que o
restante dos envolvidos (mais precisamente a filha imatura e a passiva mulher
de Keith) sofram as conseqüências desses atos.
Selecionado no Festival de Sundance em 2013, Breathe
In é um daqueles trabalhos em que a força dos personagens faz a riqueza
da história. As melancolias, os dramas, as situações constrangedoras são
passadas ao público de maneira muito verdadeira. Os últimos 20 minutos de fita
são cheios de momentos intensos, dramáticos, surpreendentes e avassaladores.
Vocês não podem perder esse ótimo filme, afinal, quem nunca buscou novos
sentidos para sua vida?