Não existe caminho para a paz. A paz deveria ser o caminho.
Mais uma vez falando sobre a violência no Brasil, chega aos nossos cinemas no
próximo dia 13 de março (agora é quinta-feira que o circuito muda sua grade de
programação), o mais novo blockbuster nacional, Alemão. O filme, alinhado
com os moldes hollywoodianos, possui um roteiro instigante e seus personagens
conseguem a atenção do espectador do começo ao fim. Dirigido pelo bom diretor
José Eduardo Belmonte, o longa-metragem possui apenas um problema, logo com o
vilão da história, interpretado pelo ator Cauã Reymond que nem de longe
convence no papel.
Na trama, somos jogados para anos atrás na época da imensa
invasão da polícia ao morro do Alemão no Rio de Janeiro. Assim, descobrimos que
5 policiais, que estavam infiltrados entre os traficantes estão escondidos em
um esconderijo e sendo perseguidos pelos chefões das máfias locais. Misturando
medo, dúvidas e muita apreensão, em um ambiente de total insegurança, os 5
homens precisar se agarrar em sua fé e se unirem para tentarem sair vivos dessa
situação. O roteiro (assinado por Leonardo Levis e Gabriel Martins), principal
qualidade do filme, possui elementos que deixam a tensão espalhada pela telona
ao longo de todos os minutos de fita.
O equilíbrio nos
contextos dos personagens é a chave para que todos os atores consigam exectar
um ótimo trabalho. Caio Blat e o seu Samuel, um jovem inteligente que acredita
nas virtudes de suas coorporação. Gabriel Braga Nunes interpreta Danilo e
talvez seja o que mais destoa do grupo mas tem papel importante no desfecho. Otávio
Muller é Doca, a patente mais alta do grupo mas o responsável por imperdoáveis
ações que os levaram a essa situação. Marcello Melo Jr. É Carlinhos, o cara que
mais conhece a região mas o que mais todos desconfiam por conta de seu
envolvimento amoroso com uma irmã de um traficante. Mas o termômetro da trama é
Branco (interpretado pelo excelente ator Milhem Cortaz), todo o filme passa
pelos olhos, atitudes e temperamento dele, grande atuação de Cortaz.
Alemão não tem pretensão de ser melhor que Tropa de Elite ou
qualquer outro filme que fala sobre guerra urbana. São histórias completamente
diferentes, principalmente porque esse novo trabalho de Belmonte possui um
vilão explícito. Por mais que a idéia seja interessante, a história quase
desmonta com a atuação muito ruim de Cauã Reymond como Playboy, traficante
chefe da favela. O ator global não convence em nenhum momento no papel.
O filme conta também com a ótima presença, mais que
especial, de Antonio Fagundes. Não é um absurdo dizer que em uma cena chave, já
no final da história, Fagundes lembra muito Tom Hanks em Capitão Phillips,
emocionando a todos a sala de cinema. Alemão é um filme de ação que você
encontra boas subtramas escondidas e que surpreendem o espectador. Mesmo sendo
superficial em sua crítica social, possui outros méritos e por isso merece ser
conferido por todos os cinéfilos.