E se todo dia fosse o mesmo dia? Depois de assinar a direção
do competente filme de ação A Identidade
Bourne e do interessante Jogo de
Poder, o cineasta nova-iorquino Doug Liman volta aos filmes do gênero,
dessa vez para dirigir uma ficção científica protagonizada pelo Top Gun Boy Tom
Cruise. No Limite do Amanhã é mais
daqueles filmes que apresentam efeitos visuais de última geração, cenas de ação
muito bem realizadas mas com um roteiro sonolento/confuso recheado de clichês e
tentativas de sorrisinhos carismáticos de seu protagonista. É o típico pipocão
norte-americano mais uma vez chegando aos cinemas brasileiros.
Na trama, ambientada em um futuro apocalíptico, acompanhamos
um soldado norte-americano da área de publicidade do exército, chamado Cage
(Tom Cruise), que nunca lutou em uma guerra. Depois de uma reunião
surpreendente, é mandado forçadamente para a linha de frente da maior guerra da
história mundial. Só que quando ele falece no campo de batalha, milagrosamente
consegue despertar exatamente na manhã do ocorrido, rotina que se instaura a
cada nova morte, deixando Cage com a obrigação de vencer a guerra contra os
alienígenas contando com a ajuda da soldado modelo Rita (Emily Blunt).
Uma das coisas que quase encaixa no filme são as gracinhas e
piadinhas que ganham destaque a cada novo despertar do personagem principal. Porém,
é muito pouco e por conta das sucessivas repetições de acontecimentos, acaba
cansando os olhos do espectador. Mesmo exibindo e utilizando seu habitual
carisma, Tom Cruise não consegue desenvolver bem seu personagem, parece uma
cópia de outros personagens filmes do ator. A participação da coadjuvante Emily
Blunt é muito mal aproveitada. Sua personagem não ganha contextos, nem passado,
o que dificulta a interação com o público. Doug Liman parece se importar muito
com as máquinas e os efeitos especiais, muitas vezes para se esquecer dos
personagens (um erro muito comum em filmes hollywoodianos de ficção científica).
No Limite do Amanhã
pode até agradar quem curte filmes de ação. A parte técnica é eficaz. Tiros,
explosões e muita guerra não faltam nessa produção multimilionária. Tom Cruise
é uma especialista em pipocões do gênero. Salva o planeta mas deixa a desejar
no quesito cinema. De qualquer maneira, gostando ou não, o público pode notar
uma falta de personalidade, brilho próprio. É uma espécie de Gigantes de Aço
misturado com Transformers. Que o Sr. Cruise seja mais do que mil sorrisos e
seu próximo filme. Não foi dessa vez Tom, não foi dessa vez...