Abrindo espaço para discutir questões importantes, como a criminalização de uma tragédia – reascendida na Argentina por conta de um caso ocorrido anos atrás que marcou as manchetes - o indicado do nosso país vizinho ao próximo Oscar, Belén: Uma História de Injustiça, nos mostra o encontro doloroso entre a injustiça e a falta de compaixão humana.
Dirigido e protagonizado por Dolores Fonzi, baseado no livro Somos Belén, de Ana Correa,
esse é um daqueles filmes importantes, com muitas reflexões sociais que alcançam
questões sensíveis e vulnerabilidades profundas. Como os assuntos abordados são
impactantes, abre-se camadas complementares, como a estigmatização social e o
controle jurídico – e também moral – sobre as decisões de pessoas que procuram
as unidades de saúde com questões relacionadas à gravidez.
Inspirado em uma história real, conhecemos a história de uma
jovem que, após dar entrada na emergência de um hospital na cidade de Tucumán e
sofrer um aborto espontâneo, é injustamente acusada e presa. Depois de passar
anos na prisão, a advogada Soledad Deza (Dolores
Fonzi) resolve ajudá-la, começando uma intensa luta por justiça e mobilizando
uma forte rede de apoio.
A trama é bem estruturada dentro da narrativa – bastante direta
e sem complexidades -, um fator importante para que as mensagens cheguem com
mais força ao público. De um sistema judiciário tendencioso da época de algumas
cidades na Argentina – que distorcia qualquer imparcialidade – às questões
morais envolvidas na situação, vamos conhecendo uma história repleta de dor e
sofrimento que toca profundamente.
Com essa estrutura simples, que abre espaço para importantes
questões circularem com clareza e profundidade, o longa-metragem exibido no
Festival do Rio 2025 e que chegou nesta semana no Prime Video, Belén: Uma História de Injustiça, nos
mostra os detalhes do preconceito e os absurdos da criminalização de uma
tragédia. Uma obra marcante que usa um tema social silenciado para dar voz a
muitas mulheres.
