18/11/2025

,

Crítica do filme: 'Belén: Uma História de Injustiça'


Abrindo espaço para discutir questões importantes, como a criminalização de uma tragédia – reascendida na Argentina por conta de um caso ocorrido anos atrás que marcou as manchetes - o indicado do nosso país vizinho ao próximo Oscar, Belén: Uma História de Injustiça, nos mostra o encontro doloroso entre a injustiça e a falta de compaixão humana.

Dirigido e protagonizado por Dolores Fonzi, baseado no livro Somos Belén, de Ana Correa, esse é um daqueles filmes importantes, com muitas reflexões sociais que alcançam questões sensíveis e vulnerabilidades profundas. Como os assuntos abordados são impactantes, abre-se camadas complementares, como a estigmatização social e o controle jurídico – e também moral – sobre as decisões de pessoas que procuram as unidades de saúde com questões relacionadas à gravidez.

Inspirado em uma história real, conhecemos a história de uma jovem que, após dar entrada na emergência de um hospital na cidade de Tucumán e sofrer um aborto espontâneo, é injustamente acusada e presa. Depois de passar anos na prisão, a advogada Soledad Deza (Dolores Fonzi) resolve ajudá-la, começando uma intensa luta por justiça e mobilizando uma forte rede de apoio.

A trama é bem estruturada dentro da narrativa – bastante direta e sem complexidades -, um fator importante para que as mensagens cheguem com mais força ao público. De um sistema judiciário tendencioso da época de algumas cidades na Argentina – que distorcia qualquer imparcialidade – às questões morais envolvidas na situação, vamos conhecendo uma história repleta de dor e sofrimento que toca profundamente.  

Com essa estrutura simples, que abre espaço para importantes questões circularem com clareza e profundidade, o longa-metragem exibido no Festival do Rio 2025 e que chegou nesta semana no Prime Video, Belén: Uma História de Injustiça, nos mostra os detalhes do preconceito e os absurdos da criminalização de uma tragédia. Uma obra marcante que usa um tema social silenciado para dar voz a muitas mulheres.