O caos é uma ordem ainda indecifrável. Depois de se tornar
um dos diretores queridinhos dos cinéfilos (por conta dos filmaços Incêndios e Os Suspeitos (2013)) o cineasta canadense Denis Villeneuve resolve
topar o desafio de levar para o cinema uma das obras do famoso escritor
português José Saramago, publicada no ano de 2002, O Homem Duplicado. Estrelado pelo badalado ator californiano Jake
Gyllenhaal e com presenças das belas Mélanie Laurent e Sarah Gadon, o
longa-metragem é sombrio, enigmático,
instiga o espectador a esperar angustiosamente a cena seguinte. Porém, essas expectativas
acabam deixando o público não satisfeito, já que os desfechos das subtramas não
são satisfatórios. Uma grande viagem rumo ao nada é colocada à disposição.
Na trama, conhecemos um professor de história que vive em,
uma certa, solidão profunda. Sua vida é acordar, tomar café da manhã, ler
alguns livros e dar aulas em uma faculdade. Certo dia, após assistir a um filme
em casa, percebe que um dos coadjuvantes desta trama é fisicamente idêntico a
ele. Assim, cheio de dúvidas e aflições, de maneira transtornada, o professor
resolve ir atrás dessa pessoa, desencadeando uma série de sequências
esquisitas.
O roteiro é curioso e ao mesmo tempo doido de cabo a rabo.
As metáforas inseridas em algumas sequências fogem de qualquer tipo de senso
comum, normalidade. Parece que a adaptação da obra de Saramago para o cinema
(feita pelo roteirista Javier Gullón), resolve brincar com o espectador,
montando um quebra-cabeça dentro de um quebra-cabeça. Nos sentimos jogados
naqueles filmes do mestre Lynch (porém, sem o mesmo brilhantismo).
Os atores até se esforçam para criar um grande clímax em
alguns momentos da trama. Mélanie Laurent e sua beleza impactante sempre
acrescenta alguma coisa nova as suas personagens, impressionante. A bela
canadense Sarah Gadon, participa de momentos chaves sempre com uma postura
firme e misteriosa. O protagonista Jake Gyllenhaal se esforça ao limite para
interpretar dois personagens mas não consegue levar o filme nas costas.
Uma das frases que chamam atenção nesta produção
norte-americana é: “Você nunca sabe o que um dia reserva para você. “Depois de
assistirmos a esse filme, podemos fazer uma modificação nessa tal frase: “Você
nunca sabe o que um filme reserva para você. Às vezes, nada.” Para quem curte
as obras de Saramago, pode ser interessante a experiência mas será difícil sair
satisfeito ao término dos 90 minutos de fita.