Voltando a assuntos ligados ao período logo pós-pandêmico para trazer um tema associado a animais abandonados, no primeiro set de curtas-metragens que assistimos no Comunicurtas 2025 ficamos de frente com um filme de lindas mensagens, mas de uma ingenuidade gigante ao tratá-los em uma narrativa cinematográfica. Dirigido por Maria Tereza Azevedo, o projeto busca alcançar – sem muitas pretensões - uma mistura de possibilidades da linguagem cinematográfica com prosa poética, mas sem a habilidade de fazer isso acontecer na tela.
Utilizando a técnica de animação para mostrar o drama e as
indignações de uma jovem que ama os animais e se depara com a morte de alguns
deles – envenenados por uma pessoa inicialmente misteriosa - A
Menina que Amava Gatos, filme oriundo de Aparecida – uma das mais jovens
cidades brasileiras (31 anos), localizada no sertão da Paraíba, apresenta uma
estrutura dramática que não chega na tensão desejada, buscando refúgio em um
fluxo sensorial maçante.
Pouco fluido, com transições entre cenas de forma abruptas e
um estilo de montagem que atrapalha qualquer ritmo narrativo, o filme não alcança
qualquer possibilidade eficiente na questão da linguagem – ainda carecendo de precisão
nos infinitos recursos que o cinema pode oferecer. Sei que é meio chato ficar apontando
questões e questões em um filme com mensagens importantes, mas a experiência de
assistir a um filme nos leva a muitos caminhos para interpretá-los. Você pode
assistir e gostar - e essa é justamente a graça do cinema.
A Menina que Amava
Gatos não chega a ser um desperdício de um tema que reforça os números
alarmantes de abandonos de animais no pós-pandemia, mas o resultado é uma
história desequilibrada, sustentada por um esqueleto narrativo insuficiente.
