O amor é um conflito entre nossos reflexos e nossas
reflexões. Um carro, diversos diálogos intrigantes, uma estrada que nunca
termina e um homem no volante. Filme chato? Nada disso! O novo trabalho do
cineasta inglês Steven Knight (que dirigiu o interessante filme Redenção) é um suspense com alta carga
dramática, fruto da espetacular atuação de um dos melhores atores em atividade
no mundo do cinema, Tom Hardy. Esse é um daqueles filmes que farão um sucesso
tremendo se tiver a chance de chegar aos nossos cinemas.
No inteligente roteiro, somos o ‘carona’ do engenheiro de
construção Ivan Locke. Após receber um telefonema, entra em seu carro correndo
e dirige até o hospital onde uma mulher está tendo um filho seu. A questão é
que não é a esposa dele! Durante o trajeto até o hospital, Locke precisa contar
a verdade para sua esposa, lutar para não ser demitido e encarar da melhor
maneira possível as consequências de um ato infiel do passado.
Quando lemos a sinopse curta deste filme, pensamos: esse filme
deve ser um porre! Mas inacreditavelmente se torna um dos grandes filmes do ano
até agora. O longa foi filmado em tempo real. Isso realmente é um diferencial.
A adrenalina fica mais nítida na tela. A direção de Knight é competente mas
deixa praticamente o trabalho todo para Tom Hardy. Ainda bem que esse, é um dos
grandes atores do momento, um verdadeiro camaleão cinematográfico e consegue a
todo tempo prender a atenção do público.
Há uma desconstrução profunda do personagem ao longo dos 90
minutos de projeção. Encarando tantos problemas ao mesmo tempo, Locke busca uma
redenção entre suas convicções. As fraquezas do personagem são expostas
naturalmente a cada novo diálogo. Ao longo dessa trajetória eletrizante,
sentimos pena, o culpamos e tentamos descobrir qual será o desfecho dessa
história que beira ao espetacular. Não perca! Bravo!