Depois de belíssimos trabalhos comandando filmes europeus de
qualidade, o diretor Bille August volta às telonas, dessa vez, para dirigir um
drama contundente, cheio de reviravoltas e emoção. Coração Mudo é uma espécie de Festa
em Família com uma roupagem diferente mas com as mesmas surpresas e
personagens intrigantemente fascinantes.
Na trama, conhecemos Esther (Ghita Nørby), uma senhora de idade
avançada que em certo momento resolveu dar um fim à sua vida, antes porém,
resolve passar um último final de semana com sua família (que está por completa
ciente do eminente suicídio). Quando chega o fatídico dia, ações e emoções
descontroladas começam a tomar conta da história, com muitos personagens
mudando de opinião a todo instante sobre a situação.
Conflitos, dor e sofrimento estão contidos em cada um dos
numerosos e árduos diálogos que contém a fita. Entendemos a situação inusitada
do suicídio/eutanásia pela ótica de cada um dos personagens. Cada momento
dramático é construído de maneira inteligente e nunca o filme se torna maçante.
É fácil se envolver por essa história, o epicentro da trama é uma atitude
corajosa e bastante polêmica. Coração
Mudo é o clássico filme onde as atuações precisam ser muito convincentes
para a fórmula do roteiro dar certo. Felizmente, isso acontece do primeiro ao
último minuto.
Paprika Steen esbanja competência mais uma vez com sua
recatada, descontrolada e emotiva Heidi.
Os detalhados momentos cômicos ficam à
cargo do ótimo ator Pilou Asbæk que dá vida ao confuso mais carismático Dennis.
Mas quem rouba a cena é a protagonista Esther, interpretada pela maravilhosa Ghita
Nørby (A Diane Keaton da Dinamarca). Em simples diálogos ou em momentos de
total força emotiva em cena, a experiente artista dá um verdadeiro show. Não
seria um absurdo dizer que essa atuação é uma das melhores entre atrizes dos
filmes deste Festival do RJ. Grande filme, grandes atuações! Bravo!