Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o
homem. Depois de conseguir o milagre de realizar um remake tão bom quanto o original
no filme Millennium: Os Homens que Não
Amavam as Mulheres, um dos melhores diretores em atividade no mundo do
cinema, David Fincher (Clube da Luta,
Seven), volta aos cinemas para mais
uma adaptação de um livro, Garota
Exemplar. Baseado nessa publicação de grande sucesso de Gillian Flynn (que
também assina o roteiro desta produção), esse novo blockbuster de enormes 149
minutos é uma história cheia de
guinadas, explosiva, bem trabalhada, com boas atuações e uma direção lúcida e
detalhista do mestre Fincher. De longe, podemos cravar que esse é um dos
melhores filmes do ano, não tenham dúvidas disso!
Na trama, conhecemos o boa praça Nick Dunne (Ben Affleck),
um homem que possui um casamento de aparências com sua linda mulher Amy (Rosamund
Pike). Certo dia, após acordar cedo e ir visitar a irmã no bar que possuem,
Nick volta pra casa, vê objetos quebrados, sangue e não encontra Amy. Assim,
resolve ligar para polícia. Depois disso, sua vida não vai ser a mesma, pois, conforme
novas pistas e segredos vão aparecendo, muitos indícios vão ligando lentamente
Nick ao sumiço de sua esposa.
Na ótica do protagonista ficam dúvidas a todo instante, o
dinamismo do roteiro adaptado entra de acordo com os intensos momentos de
flashbacks, elucidando a trama para o público. Mas o que surpreende é a ótica
da esposa em relação a tudo que acontece desde seu sumiço. É fascinante,
surpreendente, o que acontece daí em diante. Garota Exemplar é um filme que você não pode ir ao banheiro senão
perde o entendimento e pistas para descobrir o mistério que é imposto de
maneira brilhante.
Ben Affleck encaixou como uma luva no papel de Nick Dunne.
Ingênuo, explosivo e em determinado momento enigmático, brinda os cinéfilos com
uma atuação bem acima da média comparando com outros trabalhos de sua vasta carreira
no cinema. Já Rosamund Pike, pode ter comprado sua passagem para a cerimônia do
Oscar ao ter aceitado esse poderoso papel. Linda, deslumbrante e mostrando uma
baita competência escondendo seu personagem como um jogador de pôquer blefando
em uma mão ruim, deixa o público perplexo em alguns momentos.
Lembram que os sul-coreanos conseguiram criar certo dia um
grande filme chamado Oldboy? Até
hoje, nenhum outro filme tinha conseguido definir tão bem o que é uma vingança
numa telona. Bem, Fincher conseguiu. Se superando mais uma vez, brinda os
cinéfilos com uma aula audiovisual, macabra e aterrorizante que atinge seu clímax
quando percebemos todas as verdades por trás dos fatos. Se surpreenda, não
deixem de conferir essa obra-prima. Bravo!