As páginas em branco de um caderno que não consegue ser mais escrito. Supernova, escrito e dirigido pelo cineasta Harry Macqueen, em seu segundo longa-metragem na carreira, é um filme sensível que busca uma saída na razão para a melancolia de um momento triste na vida de um casal, na quase hora de dizer adeus. O terrível sentimento de estar ou ficar sozinho. Tudo acaba também girando em torno dessa questão, o desespero vira apenas um complemento iminente nesse quase classificado road movie mas que contorna mais as estradas do coração. Destaque para os excelentes Stanley Tucci e Colin Firth, dois grandes atores em cena. Belo filme.
Na trama, conhecemos o casal Sam (Colin Firth) e Tusker (Stanley
Tucci), que estão juntos fazem décadas e talvez agora enfrentam o momento
mais difícil da vida deles, pois o segundo está com uma doença irreversível, perdendo
lentamente sua capacidade de lembrar e fazer as coisas. Buscando resgatar
memórias resolvem partir rumo estrada à dentro, na Inglaterra, terra do
primeiro, à bordo de um trailer equipado, encontrando amigos pelo caminho e
assim construindo um desfecho bonito para tantos anos de amor.
O filme, a partir da premissa básica de fortes diálogos,
consegue entregar com muita emoção os dois lados dessa história de amor. Buscando
alguma resposta nas estrelas, objetos de fascinação que andaram junto com a
história do casal, se nutrem de argumentos para um provável confronto entre os
dois por conta do que pensam sobre o momento e ações que precisam tomar para
segurar os duros obstáculos dos quereres, fruto de reflexões muito maduras
sobre a vida, o próximo. Nos desabafos com os amigos, as cartas vão sendo
mostradas e segredos abertos. Há momentos duros, onde o espectador fica
apreensivo, essa emoção só chega até nós por conta de uma entrega
impressionante dos já citados dois grandes atores em cena, comovem e nos fazem
refletir sobre a vida.
Nessas linhas do coração, quem fala mais alto é a emoção. As
impulsividades de antes parecem encontrar o equilíbrio na constatação da
maturidade, na cumplicidade, no amor, nos valores mais que provados do quão
importante são amigos e família em todos os momentos mas fundamentais nesses
que passam o casal. Percebemos e sentimos o quanto é duro dizer adeus,
impossível não se emocionar. E como é difícil dizer Adeus!